sábado, 28 de junho de 2008

FALSO BRILHANTE

Gosto muito dos brocardos latinos, mas, a verdade é que nunca estudei latim. O pouco que sei aprendi sozinho, em algumas gramáticas ginasiais antigas. Como gosto de descobrir coisas antigas, volta e meia desenterro algum brocardo direto dos romanos. Foi assim que descobri o SIMIA SIMIA EST, ETIAM SI AUREA GESTAT ORNAMENTA. Numa tradução livre de autodidata seria O macaco sempre é macaco, mesmo se vestido de ouro.
René Izoldi Ávila (advogado tributarista falecido há pouco tempo) costumava dizer que não adianta chamar cachorro de leão, e ele sair rugindo que não vai virar leão.
Também existe a fabula do leão em pele de cordeiro, onde debaixo do pelego está um enorme animal a querer nos devorar.
Costumo contar a historia de um sujeito que ganhou na loteria esportiva, e depois de dois anos foi procurado por uma repórter, a qual queria saber como está indo a vida do novel milionário.
Vou inventar os nomes, pois faz muito tempo, e não lembro, e nem quero lembrar os nomes envolvidos.
- Senhor Mestrôncio, o que senhor tem feito da vida depois que ganhou na Loteria Esportiva sozinho?
- Ué, tenho trabalhado na obra.
- Haham, o senhor agora é empresário da construção civil?
- Não senhora, eu continuo trabalhando de pedreiro, sim sinhora...
- Sim, mas qual a vantagem de ter ganho na loteria, se o senhor continua trabalhando de empregado na construção civil?
- Claro que tem vantage(sic), ao meio dia eu sento no refeitório, pego minha marmita de prata, antes disto abro a minha garrafinha de Drurys (Uísque nacional comum), depois tomo café na minha garrafa térmica de aço inoxidáver (sic).
- Mas, e para a sua mulher o senhor não comprou nada para melhorar a vida dela?
- A Paminonda? Claro que sim: comprei um grande tanque de mármore para ela lavar a roupa. Tem de que vê a alegria dela...
- E, o seu filho José?
-Haham..., o Zezinho, pergunta de quem é a Carrocinha de Cachorro quente mais bonita da cidade?
É isso, mesmo não adianta dinheiro, se a cabeça continua de pobre.
Não raro, me surpreendo com exatamente o contrário, vou à casa de gente humilde, mas com boa cabeça, e noto que as coisas estão todas ajeitadas como se os proprietários tivessem grandes recursos. Tudo limpo, organizado, peças improvisadas de muito bom gosto e harmonia. Ou seja, dentro daquela cabeça, não existe o espírito do sou pobre, logo tenho que ser relaxado.
Assim, para encerrar este papo de hoje, junto outro brocardo latino, também pertinente ao mesmo assunto: NON TAM REFERT UNDE NATUS SIS, SE QUI SIS. Este é fácil: Não interessa onde nasceste, mas sim quem és.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O VALMOR DA MISCELÂNEA


Há muitos anos existia na Praça da Alfândega uma livraria chamada Miscelânea de propriedade de dois irmãos Ferro. Fui aluno de um terceiro irmão chamado Miguel Sirângelo Ferro que lecionava Geografia no Ginásio Inácio Montanha, ali na Azenha.
A livraria posteriormente se mudou para o edifício Manhattan, na esquina das Ruas Andrade Neves e Gen.Câmara - a conhecida Ladeira - , sendo conduzida, inicialmente, ainda pelos Ferro, e depois por um empregado que assumiu a empresa chamado Valmor Dalcin.
A Miscelânea, o nome já dizia, vendia, além de livros, miudezas diversas, mas tinha em sua direção o dito Valmor que era muito conhecedor da arte do livro.
Era um livreiro à moda antiga, pois lia, conhecia, recomendava e criticava os livros e autores. Tinha uma memória prodigiosa, pois era capaz de lembrar os nomes dos livros e dos autores e ainda sua editora. Sabia se estavam fora do catálogo; se a edição já tinha se esgotado; e, algumas vezes até quem ainda poderia ter em estoque o livro que você procurava. Em suma, um profissional competente.
É evidente que este tipo de profissional de livraria não existe mais, exceto em alguns poucos sebos, que ainda conservam a arte de conhecer os livros, seus autores e edições. Ter conhecimento da importância de uma edição especial, reconhecer um livro raro é coisa que não se encontram mais nos profissionais da área.
O meu querido amigo Valmor tinha ainda outra virtude que julgo maravilhosa num bom livreiro: conhecia o gosto do seu cliente.
Diálogo de 1980:
- Osnir, chegou um livro para ti.
- Que livro, Valmor?
- Alvim Toffler, o autor de O choque do Futuro lançou um novo Livro chamado a Terceira Onda, é da Record.
- Vou aí pegar.
Neste curto diálogo ele demonstrava, em primeiro lugar, que conhecida o Autor, pois citava um livro anterior, de grande sucesso; e segundo, conhecia o conteúdo do novo livro, e, finalmente,l e principalmente, que sabia o assunto interessar ao seu cliente, no caso a minha pessoa.
Durante muito tempo almocei com o Valmor todos os dias no Restaurante do Clube do Comércio, onde conversávamos sobre o cotidiano, sobre livros e sobre as coisas pessoais. As dele, pois eu sempre fui muito fechado, como são os escorpianos. Acho que o Valmor era de Libra.
Ele se queixava muito do negócio dos livros que não lhe trazia muito retorno, sobrevivia com a venda de jornais principalmente fornecimento de periódicos de fora do Estado, que distribuía até entre os órgãos governamentais, que eram seus clientes de caderneta.
Ele costumava vender fiado os livros e revistas aos seus clientes, sendo que a grande maioria honrava seus compromissos, mas, não raro, ele levava um calote, às vezes grande. Ele tinha um grande coração, nunca cobrou ninguém judicialmente. Alguns até que mereciam.
Ele somente ganhava dinheiro com livros na Feira do Livro. A sua banca era a segunda a esquerda de que entrava vindo da Ladeira para a 7 de Setembro. Ali sempre em companhia de um auxiliar, que durante muito tempo, foi o Paulinho, hoje proprietário de uma banca de jornais e revistas na esquina da Rua Jerônimo Coelho com a Avenida Borges de Medeiros, vendia muitos livros, o suficiente para melhorar o seu faturamento anual.
Valmor formou suas duas filhas, Larissa e Juliana, respectivamente, em Psicologia e Medicina, com muito sacrifício, mas com grande entusiasmo.
Vítima destes mistérios que a natureza não nos explica, Valmor foi vítima de um galopante câncer no pâncreas, que o matou em poucos meses. Coisas ruins que acontecem às pessoas boas. Nunca vi um cretino morrer de câncer. Por certo este tipo de doença tem uma carga muito grande psicossomática. O indivíduo bom se preocupa muito, e vai enfraquecendo o sistema imunológico, enquanto o sujeito mau não se preocupa com nada: crava a faca nas costas do adversário e vai ao cinema. Você já viu algum destes políticos ladrões que andam por aí morrer de câncer?
Após a morte de Valmor, a Miscelânea encerrou suas atividades definidamente, ficando somente na memória de seus clientes, entre eles muitas personalidades de nossa cidade.
Valmor Dalcin: uma grande lembrança de bom profissional, de pessoa honestas e sobretudo um grande amigo.

terça-feira, 24 de junho de 2008

FUTURO, UM HORIZONTE ABERTO

Não tenho a memória prodigiosa de meu irmão Alfredo. Ele é capaz de lembrar pequenos detalhes de acontecimentos de anos ou de décadas anteriores, conseguindo ressuscitar assuntos que nos causam surpresas. Daí, eu não me lembro o ano, mas eu estava dando aulas na Faculdade de Direito da Universidade Luterana, falando sobre Direito Comparado, e recomendando a leitura de um livro de René David, chamado Os Grandes Sistemas Jurídicos Contemporâneos. No meio da aula, um senhor trajando um terno azul-marinho e gravata combinando, fez algumas observações pertinentes sobre literatura.
No final da aula, aquele distinto senhor veio ao meu encontro junto à mesa de professor, o que é bem comum em faculdade, onde os alunos vêm conversar, sendo alguns para tirar dúvidas, outros para saber de algum detalhe que lhes escapou, outros para ver se o mestre tem alguma solução para algum problema profissional que já está enfrentando em estágios, e outros por mero puxa-saquismo. É claro que não era o caso dele. Veio estender o seu papo sobre literatura. Daí trocamos algumas idéias, tendo ele entendido que eu sabia alguma coisa do assunto, e eu que ele sabia muito mais ainda.
Neste belo bate-papo, ele revelou quem era, e para minha grande satisfação: estava ali no alto dos seus 70 e alguns anos Mário Lima, o dono da famosa Livraria Lima, localizada na Avenida Borges de Medeiros, onde muitas vezes fui comprar livros.
Ele fazia a faculdade de Direito da ULBRA. Não sei se chegou a se formar, espero que sim, pois já é falecido, mas deixou para mim e para os seus colegas uma grande lição de vida.
Por certo ele não buscava uma nova profissão para alcançar alguns tostões, mas buscava adquirir novos conhecimento. E, entendia ele que para este mister não há idade. O futuro é um horizonte aberto, e para o seu Lima, ele não tinha fim.
Mário Lima, uma grande lembrança.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

UM POUCO DE ECONOMIA POLÍTICA

Faz tempo que não me visita o meu velho professor de economia política, grande figura o Professor Giovanni Biasotti, com quem tenho grandes papos sobre econômica, obviamente, mas principalmente sobre política atual.
Lembrando as lições do mestre, o estudo da economia como ciência começa, sem dúvida, com o livro de Adam Smith (o pai da economia) a RIQUEZA DAS NAÇÕES, e ombreando com ele, como principais representantes da escola clássica de Economia, além do super conhecidos Malthus, está David Ricardo. Nascido em 1772, falecido em 1823, dizia que a ciência econômica determinada quais as leis naturais orientavam a distribuição das riquezas, numa análise das perspectivas de seu tempo, e sempre com preocupação na necessidade de um crescimento a longo prazo.
Para Adam Smith e Ricardo o trabalho na indústria, além do agrícola, era fonte de riqueza, num trabalho livre, sem intervenção, guiado pela própria natureza. È claro, sem os exageros do pessoal do “Laissez faire, laissez passez” ( algo como Deixa fazer, deixa passar) de Gournay e Quesnay, os quais defendiam a liberdade total, inclusive com a abolição das aduanas, dos regulamentos e das associações.
Pensando nisso tudo, imaginei escrever um livro sobre a inédita e economia brasileira. Ela não tem parâmetro no mundo. Por aqui tudo funciona ao contrário, é claro sempre no sentido de prejudicar o povo em geral, e facilitar a vida dos agentes econômicos.
Inicio falando de um dos mais antigos princípios do capitalismo, ou seja, a lei da oferta e da procura. Como ela funciona? Vou explicar em linguagem leiga: se eu tenho pouca oferta do produto, e muita demanda, ele aumenta; se, contrário senso, eu tenho muita oferta do produto, e pouca demanda, ele tende a baixar de preço. Assim o é, em todo o mundo capitalista, menos do Brasil.
A lei da oferta e da procura, por aqui, funciona assim: se o comerciante está vendendo muito, ele aumenta o produto para se aproveitar da grande procura, numa aplicação exata da lei da oferta e da procura. Entretanto, quando o contrário acontece, ou seja, não há procura, e a demanda é pouca, ou invés de baixar o preço, o nosso comerciante aumenta para compensar junto aos poucos consumidores desavisados os compradores que deixam de adquirir os produtos.
Em qualquer lugar do planeta, o país que está em crise vê sua moeda baixar de cotação no mercado mundial. No Brasil, deu a notícia que o EUA estava em dificuldades, imediatamente o dólar subiu. Ora, a moeda do país que se apresentou em crise subiu, e no nosso país que não tinha nada com isso teve a moeda desvalorizada. O absurdo é total. No Japão, a notícia da crise americana resultou no aumento da cotação da moeda local – o iene – e a baixa imediata do dólar.
No mercado mundial, a baixa procura de dinheiro emprestado faz com que a taxa de juros baixe, aqui acontece o contrário, baixando o número de pessoas tomando emprestados, os agentes econômicos para compensar esfolam os remanescentes tomadores de mútuos (empréstimo de dinheiro). Por aqui, o governo aumenta a correção de seus títulos públicos – de 11% para 12% ao ano. Isto em qualquer lugar do mundo resultaria no aumento da taxa bancária de juros por volta de 0,5% a no máximo 1% de juros ao ano.
Por aqui, o aumento de 1% na taxa anual da SELIC provoca aumento de 2%na taxa mensal de juros.
Nos países sérios, quando um insumo de uma mercadoria aumenta de preço, o comerciante verifica que participação tem aquele insumo na sua produção, e calcula quanto ele repercutirá no produto. Assim, por exemplo: eu fabrico aviões. Aumento o preço da hélice. Vou verificar de quanto é a participação da hélice no preço final do produto, descubro que é cerca de10%. Se o insumo aumentou 10%, devo aumentar minha mercadoria em 1% para compensar. Sabe o que acontece por aqui? Os nossos agentes econômicos aumentam diretamente a mercadoria em 10%, como se todos os insumos tivessem tido o mesmo aumento, e principalmente o aumento do lucro em dez por cento.
Como existe um déficit crônico na Previdência, o governo arrochou os benefícios dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo. Em compensação, aumentou a distribuição de benefícios aos não contribuintes da previdência social.
As empresas participam das concorrências públicas, ganhando a de menor preço. No meio do contrato a firma que apresentou preço menor, alega que teve aumento de custo, e necessita de complemento, e é logo atendida.
Nos países adiantados, quando mais experiente o empregado, mais prestígio ele tem, por aqui o que interessa é quanto ele passa na coluna da folha de pagamento. Se ele começa a ficar muito saliente na coluna da direita, logo é convidado a sair.
Na Europa e nos EUA o banco toma dinheiro junto aos particulares, e empresta com um valor pouco maior ao tomador final, cliente do banco, cobrando uma taxa de juros um pouco maior que aquele de quem lhe alcançou em confiança o dinheiro. Esta diferença entre o valor tomado pelo banco, e o que emprestou ao seu cliente é chamado de SPREAD.
Nestas plagas temos os maiores SPREADS do mundo. Ou seja, a diferença entre a taxa de captação e a de aplicação é elevadíssima.
Os bancos captam a 19% ao ano, e emprestam a 60% ao ano aos seus melhores clientes. No cheque especial, captam nos mesmos 19% ao ano, e emprestam entre 150% a 200% ao ano.
Por que isso acontece? Ora é mais confortável ao aplicador emprestar dinheiro a 19% ao ano do que jogar na atividade econômica, onde dificilmente terá um rendimento sequer próximo aos 19%. Como a procura de empréstimo é grande, os bancos deitam e rolam, cobrando a taxa que bem entendem. Como constituem um grande bloco cobram as taxas que bem entendem. Mantém um acordo não escrito de manter as taxas elevadas, driblando assim a livre concorrência que poderia baixar as taxas.
Quer outro exemplo de distorção econômica brasileira? O petróleo aumenta no mercado mundial, a gasolina não aumenta. O álcool, inteiramente brasileiro assim que a gasolina ameaça aumentar de preço já salta na frente.
O Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores do Brasil em alimentos, por que a cesta básica daqui é a mais cara do Brasil?
Realmente a nossa econômica é totalmente “sui geniris” carecendo de um manual de econômica a explicá-la.
Se bem que, costumo dizer (para indignação dos meus amigos) economistas, que no meu entender eles são ótimos historiadores e péssimos profetas. Eles sabem dar explicações sobre tudo o que aconteceu na economia, mas não sabem opinar, nem montar uma estrutura eficiente a ponto de formar um bom futuro na economia do país.
Mas o nosso país é muito forte e rico, pois ao que parece vai sobreviver a dois mandatos do Lulla Lá. Genuflexamos todos que a atual conjunta internacional favorável – a qual já começa a apresentar sinais de cansaço – dure até o final do mandato do atual presidente, e dure também no próximo, pois senão a economia vai ficar muito complicada.

(o Prof. Giovanni Biasotti foi professor de Economia Política na FAC. DIR/UFRGS. O retrato que ilustra é de DAVID RICARDO)

UM FIM DE SEMANA EM PELOTAS

Neste fim de semana, eu e Lourdes fomos até Pelotas, onde encontramos a minha filha Gabriela e meu genro Bruno. Tivemos momentos muito agradáveis. Visitamos a cidade praticamente toda, a qual muito nos surpreendeu positivamente. Também visitamos a casa dos pais de Bruno, onde fomos muito bem recebidos pelo casal, e onde saboriamos um maravilhoso churrasco, além, é claro da boa companhia e excelente papo. Voltamos no final do domingo com um gosto de queremos mais.

TEXTO NUMA PAREDE DE UM PENSIONATO DE PELOTAS -RS

Vi na parede de um pensionato em Pelotas-RS, um gravura na parede, onde um rapaz carregava na garupa um menino. A legenda dizia : - Ele não pesa nada é meu irmão!
Acho que preciso pensar muito sobre a frase antes de escrever qualquer coisa sobre ela.

O BRUTUS DE YEDA

Julio César foi historiador, grande orador, legislador e , principalmente, o maior de todos os generais, tendo transferido aos seus sucessores o sobrenome, independentemente de seu grau de parentesco, inaugurando a dinastia que se denominou os Doze Césares. (Já falei em crônica anterior sobre eles.)
César era um guerreiro, compartilhando "pari passu" as dificuldades e privações pelas quais sofriam seus soldados nas inúmeras campanhas que empreendeu. No alto do seu cavalo, era um ponto de referência às legiões romanas, onde quer que estivessem.
A sua conhecida clemência com os adversários despertou enorme simpatia popular, e, por via de conseqüência o ódio e inveja dos ricos.
O patriciado, assentado no Senado, foi o centro de uma revolta que culminou, em 15.03.44 ªC, com o seu assassinado, provocado por inúmeras punhaladas.
Entre os algozes estava Brutus, cuja ingratidão provocou a célebre frase:
TU QUOQUE, BRUTUS, FILI MI!.
Em tradução livre, poder-se-ia dizer Até tu, Brutus filho meu.
Suetônio, o maior historiador romano, não refere a tal frase, mas ela é tida como verdadeira
O legado de Júlio César se estendeu durante todo o império e chegou até nós, como base duradoura de nossa civilização.
Vejam bem: o grande Júlio César ao morrer não se preocupou com o homicídio em si, pois sabia correr este risco o tempo todo, episódio comum naqueles tempos, não lhe causou espanto, no entanto, a participação de Brutus é que o teria indignado.
O problema não é a traição e sim de onde ela vem.
Se parte de nossa grei a dor é muito pior.
A governadora Yeda está sentindo na carne o problema. Ele deriva da promiscuidade dos partidos, em coligações sem qualquer controle ideológico, fundada tão-somente nas necessidades pontuais das siglas, e, principalmente na acomodação dos apadrinhados.

domingo, 15 de junho de 2008

LEGENDA

Se o escritor tem que explicar seus escritos é porque fracassou.
Acho que aconteceu isto comigo em minha última crônica, onde faço uma ode em louvor de minha irmã Ivone, que completava o seu meio centenário.
A frase a explicar é :
“A nova chegada teve problemas sérios de saúde, daí ter atraído toda a atenção dos pais,e, por via de conseqüência toda a ira dos irmãos mais velhos”.
Em primeiro “a nova chegada” obviamente era a minha irmã mais nova que tinha nascido. Ele realmente teve problema sérios de saúde ligados ao epitélio capilar, provavelmente de origem alérgica. Meus pais a levaram a tudo que foi médico, os quais nada descobriam sobre a verdadeira identidade do mal, nem sua origem, nem os remédios a sanar ou extinguir as afecções. Aparentemente, o Permanganato de Potássio, aplicado topicamente, resolveu o problema. Penso, entretanto, que não foi só ele, mas o tempo também.
Este envolvimento com a doença de Ivone, mais o fato de ser a caçula, por si só, atraiu a atenção dos pais, o que no caso, por razões óbvias se multiplicou.
Com isso - e somente na maturidade me dei conta disso – despertou em mim e na minha irmã mais velha normais ciúmes, pois entendíamos, em nosso subconsciente, que ela estava tendo um privilégio em sua relação de filha, em detrimento nosso que ficávamos relegados a um segundo plano. A causa poderia ser justa, mas em nossa cabeça de criança não conseguíamos entender a discriminação.
A palavra ira tem três sentidos mais usuais que são a cólera, a raiva e a indignação. A cólera é um impulso violento, a raiva esta ligada ao ódio - que é um sentimento mais permanente, e a indignação está mais ligada à indisposição ou à revolta. Foi exatamente nesta última acepção que usei o vocábulo. Um sentido menos nobre que tem a ira é o do desejo de vingança. Ora, neste sentido não pode, e não é, utilizado para aferir um sentimento de criança.
Assim, serve o escrito de hoje para traduzir aquilo que este pretenso escrevinhador tentou dizer nas linhas supra mencionadas.
Diante disso, poder-se-ia substituir a expressão:
“ A nova chegada teve problemas sérios de saúde, daí ter atraído toda a atenção dos pais,e, por via de conseqüência toda a ira dos irmãos mais velhos”.
Por: “A Ivone teve alguns problemas no couro cabeludo, daí teve que contar com a atenção redobrada dos pais, o que despertou indignação de seus irmãos mais velhos, os quais entendiam, em seus subconscientes, que estavam sendo discriminados.”
A língua portuguesa é muito difícil. Eu costumo caprichar os meus escritos, e os estou sempre revisando, mais, às vezes, alguma coisa passa, em matéria de concordância, pontuação e até lógica, mas dificilmente eu emprego uma palavra em sentido errado. Também não costumo colocar palavras inúteis nas frases. Todas elas tem um objetivo dentro da oração. Não coloco qualquer vocábulo que não tenha o seu significado, e seja estritamente necessário.
É claro que não estou isento de críticas – nem quero – mas também me reservo o direito de discuti-las e às vezes contestá-las.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

QUATRO ROMANOS E UM INGLÊS, UMA FÓRMULA QUE DEU CERTO!*


Estou comemorando aqui no blog a minha crônica de numero 100. Agradecendo a todas aquelas pessoas que têm me prestigiado.
Fico feliz também em saber que nesta data de comemoração da centésima crônica farei uma homenagem à minha querida irmã Ivone, a qual amanhã festeja os seus cinqüenta anos de idade.

QUADRO ROMANOS E UM INGLÊS

Eu tinha apenas seis anos de idade. Morávamos no Bairro da Azenha, numa travessa paralela à própria Rua da Azenha. Perto o suficiente para ouvir o barulhos dos bondes, que se dirigiam aos bairros Teresópolis, Medianeira e Glória.
O ano era de 1958, o mesmo ano em que a Seleção Brasileira de Futebol, formada pela antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos), ganhou a primeira copa do mundo.
As coisas estavam agitadas aquele dia pela casa, minha mãe estava grávida esperando mais um filho. Naquele tempo, a gente não sabia se era homem ou mulher, pois não existiam os ultra-sons, então o que sai da barriga das mulheres era tão surpresa quanto o que saia da cabeça de juízes ou das urnas como se dizia.
O fato é que chegou um determinado momento em que eu fui expulso da casa, e me refugiei na casa da frente, esperando os acontecimentos.
Não demorou muito para saber: tinha nascido minha segunda irmã, a Ivone. Ao contrário, dos dois irmãos mais velhos eu – Osnir – e Maria Ivanir – a Polaca – que éramos loiros a Ivone nasceu bem morena, a ponto de tentarem o apelido de “Negrinha” que não pegou, face ao esforço de minha mãe, que aquela altura já estava cheia de apelidos. O primeiro filho de José virou Zé e em alguns lugares o horrível Zezinho. A segunda filha de Maria Ivanir tinha virado Polaca, face aos seus cabelos da cor do trigo. Os cabelos de Ivanir e Osnir com o passar dos anos perderam a cor amarela e ficaram castanhos claros tão-somente. Eu consegui me livrar do tal Zé, salvo para os de casa, pois sou Osnir para os demais. O meu irmão, que veio mais tarde, não se salvou de Alfredo virou Alfredinho, daí para o Dinho foi um tapa.
A nova chegada teve problemas sérios de saúde, daí ter atraído toda a atenção dos pais, e, por via de conseqüência toda a ira dos irmãos mais velhos.
Ivone hoje é uma pessoa muito interessante, muito decidida, de personalidade forte, segura e sobretudo muito sincera, o que tem lhe valido alguns problemas de incompreensão. Estes desentendidos têm lhe causado muitos dissabores. Costumo dizer que prefiro os amigos que chegam para apartar minhas brigas dando voadora dos que chegam para conciliar, pois com aqueles eu sei que posso contar sempre. A Ivone é assim. Jamais chega colocando panos quentes, quer a solução dos problemas.
Nesta parte difere de mim, que sou um conciliador, às vezes até demais, não raro exagero na tentativa de remediar acontecimentos e atitudes, e acabo deixando escapar alguns desaforos. Com a Ivone jamais acontece isto, o agressor é rechaçado na hora.
Ivone constituiu uma linda família, toda formada de pessoas honestas, amigas, carinhosas, trabalhadoras que me causam um grande orgulho de serem meus afetos.
Neste dia 14 de junho de 2008, quando a Ivone comemora os seus cinqüenta anos, quero desejar a ela, juntamente com a sua família muitas felicidades, que convivamos muitos anos ainda, ao lado de nossos pais e de nossos irmãos, com a Graça de Deus. Um grande beijo para a Ivone.

PS: Numa homenagem ao esforço da Ivone estou publicando uma foto antes da cirurgia de estômago a que foi submetida com êxito.
* Quatro Romanos = IV
Um Inglês = ONE
QUATRO ROMANOS E UM INGLÊS RESULTADO= IV ONE
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quinta-feira, 12 de junho de 2008

DOUS OLLOS A MIRAR

"Os meus besouros espiões são uns amores. Tudo o que se passa no mato eles correm a me contar. Inda há pouco vieram, muito assustados, dizer do aparecimento dum animalão enorme, assim de chifre único na testa - e percebi que se tratava do rinoceronte fugido." Trata-se de um trecho de Caçadas de Pedrinho do escritor Monteiro Lobato. Ele reportava a existência de um fortíssimo sistema de espionagem na floresta que dava conta de tudo de novo que acontecia naquele ambiente.
Não raro, me surpreendo também com pessoas comentado da minha vida, como se dela participassem ativamente. Certamente, tal qual na floresta deve existir uma rede de espionagem a auscultar não só a minha, pois não sou tão importante assim, mas certamente a de todos.
As vezes é interessante escutar as versões de nossa vida que andam por aí. Nós os participantes de nossas próprias vidas, as vezes, não nos demos contas de algumas coisas que fazemos e outras que deixamos de fazer. Como estamos dentro do palco, não temos consciência da totalidade das ações destes atores que participam deste verdadeiro teatro - que é a nossa vida.
Não que vá aparecer algum animal unicórnio, ou quem sabe bi-chifre a nos assustar e nos por em fuga, mas algum fato ou acontecimento que tenha passado ao largo, sem ter chamado a nossa atenção.
Já dizia um velho professor que somente fixamos em nossa memória os fatos que nos causam estranheza, espanto ou depertam curiosidade, os demais a tendência e não dar a mínima bola, e jogá-los no baú do esquecimento.
Conclui-se os espiões são necessários. Penso cultivá-los. Quem sabe, um pouco de adubo?
Utilizando um lugar comum: minha vida é um livro aberto. E, isto é verdade. Tanto o é que tem me causado alguns aborrecimentos. As minhas gavetas não tem chaves, nem em casa, nem no trabalho. Não costumo esconder papéis e documentos. Eles estão sempre à disposição de quem quer que se proponha a examiná-los. Tem gente que olha mesmo. As vezes some algum objeto, mas isto são acidentes de percurso que costuma assimilar e não esquentar a cabeça, pois objeto perdido geralmente vem em dobro.
A verdade é que sempre sou alvo de grandes e redondos olhos a me mirar. Eles têm me dado sorte, até aqui. Espero que continue assim.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

PAULO FRANCIS DIRETO DE NEW YORK CITY

Muita gente não gostava de Paulo Francis. Embora ele tenha participado do famoso e inesquecível grupo de o PASQUIM, o lendário tablóide que combateu os governos militares, e que só agora com a indenização recebida por Ziraldo descobrimos que se tratava somente de um investimento, era tachado pela esquerdalha como de direita.
Ele escreveu livros muito interessantes, os quais tenho alguns em minha biblioteca, entre eles Waaal - O Dicionário da Corte, editado pela Companhia das Letras.
Por seu estilo sarcástico, era odiado por muita gente. Intelectual de grande conhecimento das letras e artes em geral, residia em New York, onde morreu.
Estava sendo processado pelo presidente da Petrobrás, o que lhe causou grandes aborrecimentos, e depressão que pode ter lhe levado a morte.
No Waaal ele vem com verbetes onde dá a sua opinião sobre tudo, e principalmente sobre todos.
Sobre chuva, diz ele que Toró depois de muitos dias de seca. Chato. Chuva é bom para as colheitas, mas eu não sou colheita.
Comunismo, a melhor propaganda anticomunista é deixar os comunistas falarem.
Sobre Cuba: é a própria desconstrução. Importa açúcar, de que é grande produtora, e exporta óleo, que não tem.
O meu verbete favorito é o “ escrever “ , segundo ele escrever é a maior satisfação que um autor pode ter, um diálogo íntimo com um leitor desconhecido. É o que sinto e passagens de Joyce (James), Dostoievski e outros favoritos, a impressão de que eles escreveram aquilo exclusivamente para mim.
Sobre esportes, arrasou: tolerância de tênis: dez minutos; basquete: cinco minutos; futebol americano: cinco minutos; beisebol; zero minuto.
Não percam este sobre Vera Fischer: Vera me bloqueia qualquer pensamento que não seja sexual. Ela tem o ar de madre superiora sendo tomada à força.
Autobiográfico: Francis, Paulo – Eu sou o que se chama um “radical órfão”. Não acredito em nada, nem em socialismo, nem em capitalismo. Procuro ser um bom jornalista, cumprir meu dever, ganhar a vida.
Neste aqui parece que combinamos: Ideologia, durante alguns anos fez vista grossa às implausibilidade e desconversa das esquerdas. Até que achei que não era compatível com quem toma banho todo o dia. Nunca apoiei governo algum. Acho que é um dever do jornalista adotar o moto dos anarquistas. Hay gobierno, sou contra. Adios.
Em “ler” – leio mais de cem livros ao ano. Não digo que termine todos. Ao contrário, termino raros e pulo passagens que não me interessam em quase todos.
Sobre o próprio Pasquim fulminou: Não acho que tenha sido o humor, por si, que tenha vendido tanto O Pasquim. Foi a censura que vendeu o jornal. Censurados, não podíamos espinafrar o regime, logo tivemos de dar asas à nossa imaginação, como dizem, e não cair nas reclamações monocórdias típicas da esquerda.
Aqui abro um parêntese, para dizer que fui um leitor de O Pasquim, esperando sempre por sua nova edição. Tudo em função da censura. Anos passados, eles resolvem lançar ma antologia de O Pasquim, iniciando é claro pelos primeiros números, fui correndo comprar e, ao ler, que decepção. Na verdade não foi O Pasquim que mudou ele estava ali do mesmo jeitão, eu é que não sou mais ou mesmo, nem os tempos...
Finalizo com uma autocrítica de Paulo Francis: “Dizem que ofendo as pessoas.É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão comum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue.”
Este era Paulo Francis, um irreverente. Não um grosso. As pessoas fazem confusão entre irreverência e grossura. O irreverente é um sincero, com um pouco de ironia, enquanto o grosso é um falso, com um pouco de falta de educação.
É claro que o saudoso Paulo Francis fazia parte do primeiro time. Faz muita falta.

domingo, 8 de junho de 2008

O ENGRAÇADINHO

Hoje acrescentarei mais um estereótipo à minha coleção que começou com o CHINELÃO, passou pelo BOLHA e agora completo com o ESGRAÇADINHO.
Não se trata do "Hyphessobrycon Flammeus", que é um peixinho carioca de pouco mais de quatro centímetros, mas sim de um tipo de "Homo sapiens".
O engraçadinho nada tem de bolha, pois o bolha é gente fina, é só um exagerado, o engraçadinho está mais para chinelão.
Todo mundo conhece um engraçadinho. Ele faz piada com tudo, debocha de todos, principalmente de seus desafetos. Geralmente, como não tem argumentos para derrubar as teses de seus inimigos, faz pilhérias com o seu “ex-adversus”, numa tentativa vã de desmoralizar a grei contrária. Busca sempre tirar do foco os seus pontos fracos, assim giza as posições e fatos que julga hilário em seu alvo preferido.
O engraçadinho adora onomatopéias, assim escreve utilizando sons para reproduzir idéias, pois se diverte muito com estas besteiras.
Nolmalmente é psicastênico, visto que dotado de fraqueza intelectual, a par de sua (até boa) formação, é inseguro quanto à ela, e busca desmoralizar as pessoas que lidam bem com a cultura.
É enfadonho e repetitivo, um verdadeiro ramerrão, repetindo as mesmas histórias e as mesmas piadas.
Uma característica do engraçadinho é usar palavras alienígenas. Como é curto de conhecimento, geralmente usa o inglês, principalmente aquelas palavras que todo mundo conhece. Uma vez fui a um casamento religioso, onde o noivo ao ser indagado se aceitava a noiva largou um sonoro: “YES”. É claro que o casamento não durou muito. Não dá para aturar o engraçadinho por muito tempo.
O engraçadinho ao cumprimentar as pessoas, dá longos abraços, principalmente nas senhoras, pois sempre se julga íntimo delas. Mesmo que os maridos das cumprimentadas fiquem com um pé atrás, o engraçadinho não se abala. Prefere perder o amigo a perder a oportunidade de afofar a mulher alheia.
O engraçadinho arrasta a asa para qualquer coisa que use saia. A mulher dele não liga, pois afinal de contas ele é somente uma pessoa feliz, que gosta de extravasar sua felicidade com todos os seus interlocutores. As vezes ele se dá mal, mas disfarça e sai à francesa, pois se de cinco botes tirar um já é lucro.
O engraçadinho gosta de festa, pois é a ocasião própria para exibições de hilaridade, e onde, geralmente, as pessoas estão descontadas em seu sentido de crítica, sob o efeito do álcool. Neste seu ambiente conta piada, canta e declama. É sim: engraçadinho que não conta piada, não canta e não declama não tem qualquer chance de vencer. Vai ver que é por isso que eu tenho a mínima graça.
Isso tudo não é culpa do engraçadinho, ele não se dá conta, acha que é normal. Não age com maldade, e sim com espontaneidade. Ele não tem culpa se já nasceu assim engraçadinho...
(Qualquer semelhança com pessoas ou coisas reais é mera coincidência, pois aqui somente se lida com pessoas de ficção)

sábado, 7 de junho de 2008

LEALDADE

Discordo de Paulo Santana em muitas coisas, principalmente quanto aos problemas de relacionamentos pessoais, morais e amorosos, mas quanto ao problema que ele levantou nos dois últimos dias sobre as gravações sem autorização ele está com a razão.
Quando você está sozinho com uma pessoa, está desarmado, confiante nos limites da discrição do seu interlocutor. Jamais você espera que o diálogo vá parar inteiro na mídia. E, principalmente, que possa virar prova contra você, tanto faz que cível ou criminal.
O caso se agrava quando a pessoa com quem você está conversando é que está gravando, ou seja, ele sabe adrede que a gravação será divulgada, então, ele não se expõe, daí o desequilibro das posições é flagrante; é óbvio. Uma pessoa, que é você, abre o coração releva suas fragilidades, enquanto a outra esconde as suas próprias mazelas, escancarando as da vítima.
Não se trata aqui de obtenção de prova ilegal, pois o instituto tem suas próprias regras ditadas pelo direito penal e processual penal, mas sim normas de conduta, de ética, de princípios gerais de lealdade, com os quais se nasce ou não se nasce com eles.
O homem desleal não tem coração. Já dizia Sêneca que a lealdade é o bem mais sagrado do coração humano. O homem que não é leal não se importa com as conseqüências de sua deslealdade, mesmo que ela vá além da pessoa a quem pretende atingir.
O homem que se julga inteligente, mas não é leal, não passa de um tolo, assim já dizia Elbert Hubbar para quem um grama de lealdade vale um quilo de inteligência.
O homem que é leal tem a sua cabeça aberta, livre e leve, contrário senso, o que trai tem o coração atormentado. São do Marquês de Maricá (Mariano da Fonseca) as palavras que a lealdade refresca a consciência, a traição atormenta o coração. No mesmo sentido, William Scheakespeare para quem a lealdade dá tranqüilidade ao coração.
Finalmente, ainda o Marquês de Maricá fulmina dizendo que a genuína lealdade é caluniada e proscrita quando os traidores alcançam o poder e autoridade. Acrescento eu: quando o homem busca a deslealdade para alcançar seus objetivos atingiu o fundo do poço.

ANTENA DEZ

Traição virou coragem.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

DE COMO FAZER DA DOR UMA DOCE LEMBRANÇA

Toda a dor tem limites. É necessário que em situações de dor intensa saibamos o ponto em que não devemos ultrapassar as fronteiras do razoável, embora nestas ocasiões entendemos que ela (a dor ) já rompeu todas as cancelas.
Temos responsabilidade com o nosso próprio eu, pois devemos zelar pela nossa sanidade mental, haja vista que não estamos sós. Existem nossos cônjuges, nossos filhos, nossos familiares, demais afetos e amigos que se preocupam conosco.
Além disso, há a responsabilidade espiritual, pois uma vida, que é um dom divino a proteger. Este princípio é presente em qualquer religião. O sofrimento tem um limite, além do qual sofrem corpo e alma.
Alguém que perde um ente querido muito próximo (o que já ocorreu comigo), tem responsabilidade, como já disse, consigo e com os demais que o cercam, este é um grande desafio. E, é de desafios e de sonhos que se vive.
Transformar a dor em aprendizado é o nosso grande achado, num misto deste aprendizado com crescimento e, por que não dizer de purificação.
Enfrentar com altivez a nossa dor é uma forma de homenagear a pessoa de nosso ente que partiu. Sei que constitui uma prova a cada dia, mas ela é necessária. Devo parar para pensar: será que o meu afeto que se afastou queria o meu sofrimento? É evidente que não.
Transformar a dor em saudade; e esta como numa doce lembrança a embalar nossos sonhos. E, principalmente pensar na pessoa querida sorrindo para nós, a nos dizer: estou aqui a zelar por ti...

SAVE OUR SOUL(S.O.S) DIZ A FLORESTA

A colossal floresta amazônica abrange oito países, no que se costuma chamar de Grande Amazônia Continental, esta formada pelo Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana e Suriname, num total de 7,8 milhões de quilômetros quadrados.
No Brasil, a Amazônia Legal abrange uma gigantesta área que engloba sete estados pertencentes à Bacia Amazônica, constitui um conceito jurídico e legal, com o intuito de planejar o desenvolvimento social e econômico daquela região. Os estados federados brasileiros que forma a Amazônia legal são ACRE, AMAPA, AMAZONAS, MATO GROSSO, PARÁ, RORAIMA, RONDONIA e TOCANTÍNS.
O problema principal da Amazônia é o desmatamento indiscriminado a que está sendo submetida, onde, os mais inteligentes já se deram conta que está caminhando direto para a extinção.
Não sou daqueles que acham que a Amazônia é o pulmão do mundo, pois aprendi, ainda no Ginásio Inácio Montanha, que a floresta de dia larga oxigênio e solta gás carbônico, e a noite faz exatamente o inverso, ou seja absorve oxigênio e larga gás carbônico. Na verdade, o pulmão do mundo são os “quactilhões”* de ficto-plâncton que vivem o mar, e são responsáveis pelo sua cor verde e do abastecimento de oxigênio da atmosfera. Isto eu aprendi com o prof. Ludwig Buckup em 1975, quando ainda meia dúzia de malucos – que depois se mostraram geniais – falavam de ecologia, entre eles o falecido e saudoso José Lutzemberger.
A extinção da floresta Amazônica fará surgir no seu lugar um imenso areal, ou seja um deserto. O desastre seria evidente.
A hipocrisia dos países desenvolvidos é evidente, pois têm agora grande preocupação na preservação de nossa grande floresta, mas nos seus devidos tempos deram um fim nas suas.
Nos últimos dias, a imprensa tem alardiado ameaças à soberania nacional por força de países estrangeiros que teriam interesse em internacionalizar a Amazônia.
O governo faz um barulho danado em torno do tema, do tipo a Amazônia é nossa e ninguém tasca...
Eu, pensando no assunto, lembrei uma lição que aprendi há alguns anos: quando um governo incompetente ou uma ditadura está com problemas internos para resolver arruma um inimigo externo, daí a nação se une em torno do ditador e esquece os problemas do diário.
Lembrem-se do episódio MALVINAS – FALKLANDS?
A ditadura argentina inventou uma guerra com a inglaterra para aparar alguns desafinos na administração interna. Os argentinos se uniram em volta dos seus generais contra o pirata inglês, e esqueceram por algum tempo suas questiúnculas internas.
O governo Lula Lá está se demonstrando completamente incompentente, e sem falta de vontade política, o que já foi denunciado pela Ministra demissionária Maria Silva, e cria então um inimigo externo os quais pretendem invadir, tomar ou internacionalizar a amazônia. Ai Lulla Lá sai nos braços do povo que o elegeu, como um guardião do nosso patrimônio.
Grande farça, ele na verdade não faz nada para proteger a Amazônia dos homens das serras elétrica.
A imprensa, além dos abnegados ecologistas, são as únicas vozes a defender instransigentemente a floresta.
Como se faz a defesa da Amazonia? Com gente e recursos, os quais não faltam, neste país continente. Basta atentar para as prioridades.
Só faltam dois anos de LLL, pelo que as chances da floresta ainda são razoáveis.
Glosário: "quactilhões" é uma expressão inventada pelo pessoa da Walt Disney para expressar o tamanho da fortuna do Tio Patinhas. "Quac" é o barulho que faria um pato assustado diante de tanta grana.

domingo, 1 de junho de 2008

UMA FUGA À REALIDADE

Um fenômeno social de alta gravidade é o uso indiscriminado, e sem controle de medicamentos antidepressivos, e outras drogas empregadas como alívios a males que poderiam ser combatidos de outras formas além do uso deste tipo de expediente químico.
Alguns tipos de droga, tais como escitalopram, indicadas ordinariamente para a depressão e para transtornos como pânico, podem levar a pessoa a um estado de passividade diante de fatores adversos. A pessoa fica como anestesiada, num mundo de mentirinha.
Conta o anestesiologista Ronald Dworkin em seu livro a FELICIDADE ARTIFICIAL que as drogas psicotrópicas criam uma falsa sensação de felicidade. Ensina ele que as pessoas não conseguem se sentir miseráveis, mesmo quando a sua vida é miserável. Segue dizendo que as pessoas não conseguem suprimir a tristeza do seu cotidiano. Fala que a dor é uma necessidade ao individuo, o qual não toca numa chapa quente, por exemplo, pois se o fizer sentirá dor, evitando assim ser queimado. Ou seja, a dor sinaliza que existe alguma coisa errada. A felicidade artificial criaria uma eliminação da possibilidade de mudança.
Ora, sabemos que a felicidade não é um estado geral de espírito. A nossa vida é composta de momentos de felicidade, passagens de alegria, circunstâncias de tristeza e algumas vezes até de pânico. A alternância destes momentos é que valoriza os momentos de felicidade.
A construção destes períodos de intensa felicidade, dentro de passagens as quais chamo de neutras, também causam enorme satisfação. Nesta linha, por exemplo, estão as viagens, onde a preparação também constitui momento de enorme prazer. Se a viagem vai durar 10 dias, e neste período de passeio, fora de seu cotidiano, você viverá momentos alegres, até inesquecíveis, quando mais tempo você levar preparando esta viagem maior será o tempo de curtição.
Assim, não espante os momentos de tristeza de sua vida, pois eles também lhe fazem crescer. Escondê-los com a utilização de medicamentos só fazem empurrar com a barriga o problema. Saibam tirar lições destes momentos de adversidade. Você pode.

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