segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DIÁRIO DE UM CASAMENTO

A maioria dos dias a gente não lembra. Alguns, no entanto, a gente consegue recordar desde a hora em que levantou até a hora em que foi dormir. O último sábado fui um destes dias. Minha filha Gabriela casou em Pelotas com Bruno. Lembro exatamente de tudo o que fiz naquele dia. Em comparação com o dia de hoje, quando não lembro nem o que almocei, sábado é um dia que estará sempre aberto na minha lembrança. Um dia de alegria, quando qualquer contrariedade não teve o poder de me aborrecer tal foi a minha alegria.
Na hora marcada, me dirigi até o hotel onde Gabriela estava se arrumando, e lá chegando vi que ainda restavam alguns minutos para os preparativos. Foi aí que recebemos um telefonema avisando que a Catedral onde seria o casamento estava às escuras, pois tinha faltado luz na região, e não havia previsão.
Como eu poderia dar a notícia para a Gabriela? Não gosto de mentir, mas omitir não é mentir. Pelo que ficamos por ali embromando o assunto, até que desci ao térreo para verificar se o motorista já estava com o carro que nos conduziria até a igreja. Estava lá. Era o Zeca com uma Mercedes 68 - bem novinha. Subi e logo em seguida, descemos todos rumo à Igreja. Lá chegando, desci para saber se o noivo já chegara, mas que na verdade eu queria ver como estava o assunto do apagão.
A notícia é que a previsão era de 15 a 30 minutos para a religação da energia, e que os funcionários da empresa já estavam trabalhando. Não podia mais tardar a informação para a Gabriela. Disse a verdade, e que nossa melhor opção era esperar.
Como imensa alegria, via que - tranquila - ela concordava.
Por que estou contando este episódio? Exatamente para dizer que neste momento eu conferi o que sempre havia imaginado, que a minha filha tinha se tornado uma pessoa adulta e sensata, além das outras qualidades que eu não preciso ficar aqui enumerando, sob pena de ser considerado tão somente um pais coruja, o que é a pura verdade.
A eletricidade voltou, e podemos presenciar o casamento.
Dentro da Igreja, além da profunda emoção que eu, Lourdes e demais parentes e convidados fomos tomados pela beleza da cerimônia, tive uma grande satisfação especial numa parte da fala do celebrante, onde ele, falando dos problemas que qualquer casal enfrenta que qualquer briga não pode ultrapassar o seu próprio dia.
Neste momento, entrei no túnel do tempo, lembrando ainda um velho apartamento (novo na época) onde morávamos já aqui pela zona sul de Porto Alegre, onde Gabriela pequena brigou comigo e com a mãe - Lúcia - e no outro dia pela manhã a chamei, e lhe disse Gabriela por que estás emburrada? Ela resmungou alguma coisa que não lembro, e eu lhe disse: - aqui em casa não tem isto não; qualquer ronha não passa do dia em que aconteceu; pessoas em casa que não se falam não são amigas, são inimigas. Imediatamente, ela entendeu a minha fala, e o assunto morreu ali. Nunca mais se repetiu.
Depois na festa comentei com Gabriela e disse que também no momento em que o sacerdote falou, ela teria se lembrado da história.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog

QUEM É ESTE ESCORPIÃO?

Minha foto
PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, Brazil
EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS