terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

UMA HOMENAGEM A LEVACOV E GARCIA LORCA

Recebi a visita de um velho amigo Dr.Paulo Ricardo Levacov, e
lhe disse que estava lendo FEDERICO GARCIA LORCA. Ele me
disse que era apaixonado por GARCIA LORCA, inclusive fundado
em sua ascendência espanhola, tinha escrito um poema em
homenagem ao poeta e teatrólogo.
Ele me enviou o poema por e-mail, o qual dividirei - ad
referendum do meu amigo- haja vista que não sou
egoísta.
Acho que vocês não terão dificuldades na tradução.
Lá vai:

A las 5 de la tarde

Me morí a las 5 de la tarde,
a la puesta del sol de mi Granada.
Los soldados con fusiles embalados,
me llevaron esa tarde, los soldados.

Esa bala de fusil, sin gran alarde,
me arrancó de mi España muy amada.
Los soldados, con fusiles embalados,
me llevaron esa tarde, los soldados.

El cura que me dió la bendición,
dijo a mi oído, entristecido, en un rincón:
"aún que a todos, ellos ya nos maten,
algun dia nuestra España, amigo Lorca,
será libre de Canárias a Mayorca."

Los soldados con fusiles embalados,
me mataron a las 5, los soldados.

( glosário: cura é padre e rincón que normalmente seria canto aqui é segredo)

Ele me contou uma boa.
Estava em Espanha, quando falou com o seu espanhol que
julgava maravilhoso.
Lá pelas tantas ele disse a uma senhora que tinha
ascendência espanhola, aí ela replicou´: - Há tá
é por isto que estou entendendo um pouco do seu
português!

É ler espanhol é fácil, desde que acompanhado é
claro por um bom dicionário, como eu faço. O problema
é falar.

O BOLHA

Hoje falaremos do bolha.
Fazendo breve consulta ao dicionário Aurélio, Houaiss
e outros, encontraremos que bolha significa uma formação
arrendondada criada geralmente pela formação de ar
dentro de um líquido.
Inobstante este intróito inútil, podemos dizer, no
entanto, que uma pessoa bolha é de difícil
definição.
Se fôssemos usar a figura, diríamos que bolha seria uma
pessoa gorda, face a forma, mas não é.
No linguajar popular, o sujeito bolha é aquele que se
veste bem formal, do tipo tradicional, sempre bem passado e,
não raro engomado.
Seus sapatos são tradicionais de bico fino, as vezes
bicolores, se fosse possível usaria polainas.
Suas calças são frisadas. Jeans, nem pensar.
As camisas quase sempre são de manga longa. Nas poucas
vezes, que se permite manga curta, o faz através de camisa
branca de linho. Camisa pólo somente para a prática de
esportes, golfe ou pólo.
O cinto é de couro, combinando com o sapato, sempre
marrom. Só pobre usa sapato preto.
Bolha nunca usa barba, muito menos bigode.
De tanto esfregar as orelhas, de medo de contaminação,
elas estão em geral vermelhas, e são grandes de tanto
exercício a quem ficam submetidas.
Não tente saber a opinião do bolha, ele não tem.
Normalmente, a opinião do bolha é a sua, ou seja ele
assume a sua opinião como se a dele fosse.
O bolha é muito inseguro, daí eles casam sempre tarde.
Quando tem filhos já passam dos 30 ou 40 anos.
Dificilmente o bolha é profissional liberal, pois ele
não suporta tomar decisões. A maioria dos bolhas são
funcionários públicos, grande parte com funções
gratificadas, ou seja sem concurso público.
Não existe bolha nas forças armadas. Bolha nunca usa
arma, mas não é por pacifismo. Bolha tem é medo.
Bolha nunca pertence a partido político, pois o partido
adversário pode ir para o governo, e a situação dele
periclitar.
Bolha não vai a supermercado, pois diante de tantas
ofertas ele fica atrapalhado, e acaba comprando nada. Quem
vai ao mercado é a mulher do bolha.
O bolha não torce para time de futebol. Não gosta de
futebol, e muito menos de quem gosta do esporte.
Quem é bolha?
Bom, você pode fazer um exame das pessoas de suas
relações para descobrir os bolhas.
São bolhas, somente para exemplificar: Príncipe Charles
( o rei dos bolhas); Príncipe Orleans de Bragança (
herdeiro do trono brasileiro); David Lotermann e Collor de
Mello.
Espero sugestões de bolhas.
Aguardo suas idéias.
José Osnir

O POPULAR CHINELÃO

Fazendo uma busca no dicionário Aurélio, Houaiss e
outros vamos encontrar o vocábulo chinelo, como um tipo de
calçado, sem fechamento de calcanhar, próprio para se
utilizar em casa, ou alguma coisa parecida. Na verdade,
não me dei ao trabalho de fazer a pesquisa, mas a
definição não será longe desta. A forma antiga mais
usual é a chinela. Daí o famoso não ir além das
chinelas.
A sabedoria popular adotou a forma aumentativa ou seja
chinelão para designar a pessoa não recatada que tem
atitudes desleixadas, é chegado num vexame, típica
figura ridícula, ou má figura.
O nosso popular chinelão geralmente é descuidado no
vestir, fala alto, põe a bandeira de seu clube preferido
na frente de sua residência. Quando seu time faz um gol
ele corre para a janela para desaforar o vizinho torcedor do
time oposto.
Ele, onde está, dá vexame. No cinema, deixa o celular
ligado, e quando toca atende. No teatro... Bem, esta
hipótese não existe: chinelão não freqüenta
teatro. Restaurante só churrascaria rodízio, onde ele
está no seu elemento, é íntimo do garçom, come até
quase desmaiar, enche a mesa de garrafas de cerveja, a qual
exige "estupidamente" gelada, mesmo sabendo que a bebida
com temperatura muito baixa perde seu paladar.
Chinelão só bebe vinho no inverno, de preferência de
garrafão que um fornecedor seu amigo consegue. Trata-se de
um verdadeiro "Niágara" maravilhoso, que inclusive
retém no fundo do copo restos da uva (sic).
Churrasco para o Chinelão tem que ser de costela minga, a
carne mais maravilhosa que existe, claro que acompanhada de
um salsichão que ele compra no açougue do seu Manuel.
Os hábitos do Chinelão ele passa para o filho, o qual
lhe acompanha desde pequeno dando bicadas no seu copo de
cerveja, pois é coisa de homem.
Mesmo que o filho do Chinelão vá até a faculdade, ele
continua com os hábitos do pai, que é o seu ídolo.
Assim, ele mesmo junto com os seus amigos, toma cerveja
grande no bico da garrafa, no meio da rua. Fala alto, escuta
som em alto volume. Quando em seu automóvel, liga o som
em altíssimos decibéis.
O chinelão e seus filhos gostam de dizer palavrões em
público, pois afinal de contas vivemos numa país livre.
Não se constrangem em dizer piadinhas para as jovens e
senhoras, pois são pessoas sem qualquer cerimônia, o que
entendem ser maravilhoso.
Ele gosta de comentar sua vida íntima em público, mesmo
que a sua esposa não goste ou reclame sempre, pois ele
gosta de ser assim "descontraído", não tendo
segredos para o mundo.
Na figura do Chinelão, encontramos sempre um piadista. Ele
faz gracinhas com tudo, até em velório. Nos enterros,
é o centro das atenções, falando alto, de tudo menos
da figura do defunto. Chega diante do morto, faz o sinal da
cruz, iniciando o Espírito Santo pelo lado errado, finge
que está rezando, e se retira à francesa, indo para a
rua contar suas piadas.
Não há família que não tenha o seu Chinelão ou
chinelões. Todo mundo acha que ele é inofensivo, pois
é só um popular.

UM ENSAIO SOBRE O INCENTIVO REMUNERADO NO TRABALHO

Sem preocupação com definições de dicionários, podemos dizer que incentivo significa uma forma de remuneração extra que busca à superação de limites. O trabalho no limite é pago pela remuneração normal, ordinária ou contratual.
No ordinário, o empregado deve envidar todos os seus esforços para a realização de suas tarefas, utilizando todo o período do expediente, e atentando para os períodos normais de descanso e recuperação do esforço empreendido.
Já no trabalho extra – além dos limites – para o qual se prega o uso do incentivo, se espera um trabalho além, que pode alcançar períodos normalmente ociosos. Neste tipo de trabalho, o empregado vai além da hora, pula períodos de descanso, e, não raro, leva até tarefas para casa. Por que o faz? Por causa do incentivo que lhe dá amparo a superar os limites.
Nessa linha, o incentivo deve ter uma importância além da remuneração normal, não se trata de pagamento de hora extra, onde a pagamento normal é base de cálculo, superada em percentuais determinados pela legislação trabalhista. O incentivo deve ser diferenciado, para gerar expectativa de ganhos que venham a criar dentro do orçamento do empregado uma folga a lhe permitir ou a recuperação de dívidas, a manutenção de sua vida com mais conforto, ou ainda a aquisição de alguns dos seus sonhos de consumo.
O incentivo é pagamento feito para contemplação de superação de limites assim é estabelecida uma meta, a qual - se alcançada – determina de imediato o pagamento da remuneração extra.
A meta objetivo não pode ser impossível, a gerar de imediato no empregado a certeza de que não a atingirá, implicando grande frustração, e a falência do plano de incentivo.
É comum que a meta seja aumentada aos poucos, para gerar um crescimento no faturamento da empresa, ou seja o progresso do negócio. Mas, também é verdadeiro que o incentivo nesta busca de um novo patamar da meta também acompanhe a elevação. E, principalmente que o incentivo ao atendimento da meta anterior se mantenha nos exatos termos propostos para o objetivo pretérito. Explicando: se a meta inicial era atingir 100.000 de faturamento para um incentivo de 100; e a meta futura é atingir 120.000 para incentivo de 120, os 100.000 passe a ser o piso do pagamento da meta, mantido o incentivo primeiro.
Contrário senso, se não houver o alcance da nova meta, e mesmo voltando atingir a meta anterior, deixando de chegar no novel patamar por pouco, nada será pago. Zerado o mês, a expectativa para o mês seguinte é vazia, haja vista que estaríamos voltando ao início do procedimento, ou seja a ausência de incentivo.
O incentivo sempre é uma fórmula transitória, não constituindo política permanente, haja vista que sua característica é típica de campanha. Trata-se de verdadeiro mutirão, cujo tempo de permanência é incerto. Esta verdadeira promoção tende a esvaziar aos poucos, principalmente se o valor do incentivo não for de vulto.
O melhor tipo de incentivo é o progressivo. Chamo de progressivo aquele em que a remuneração aumenta na medida exata em que é superada a meta, ou seja quando maior for o valor além da meta, maior será o percentual de participação do empregado. Este tipo de incentivo gera um verdadeiro espiral ascendente, e sem fim, pois sabe adrede o empregado que qualquer esforço seu será motivo para aumento de sua remuneração. Não haverá períodos de marasmo, ou de falta de expectativa.

Outro aspecto a ser considerado, é o que faz lembrar a frase de Rui, que diz mais ou menos assim: igualdade consiste em tratar com desigualdade, aos desiguais, na exata medida em que eles se desigualam. O incentivo deverá guardar proporcionalidade com o salário normal do empregado. Se o empregado ganhar um salário mínimo e a ele for paga uma bonificação de cem reais, esta terá uma enorme importância pois representará quase vinte e cinco por cento de sua remuneração total. De outra banda, se o empregado ganhar vinte salários mínimos, e receber os mesmos cem reais, o incentivo será quase de tão-somente um por cento de sua remuneração, ou seja quase nada de motivação extra.

Outra forma de resolver este problema, se não há condições de pagamento diferenciado, é incentivar os de salário maior com outras formas tais como folgas extras. Por exemplo: atingida a meta o de salário maior, além da remuneração igualitária receber mais um dia de folga a ser utilizada durante o mês seguinte à obtenção do benefício.

Em suma, o incentivo é uma forma de remuneração plenamente válida, que pode tranqüilamente cumprir sua missão de criadora de trabalho extra, com repartição dos lucros a serem obtidos pelo empregador, sem que tenha de diminuir seus ganhos, ou reduzir suas margens, haja vista que fundada em aumento do faturamento. Deve, no entanto, partir de bases sólidas e viáveis, e , finalmente ser proporcional aos ganhos normais dos funcionários.




José Osnir

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

OBRIGADO RUY!

Ruy Castro escreveu ótimas biografias, entre elas Estrela Solitária, contando a história de Garrincha, a qual ao lado de Chato o Rei do Brasil de Fernando de Moraes é a melhor que conheço.
Pois, ele também é chegado no humor, e, nesta linha, escreveu o ótimo livro O MELHOR DO MAU HUMOR, que denominou de “Uma antologia de citações venenosas.”
Tive o trabalho de selecionar as melhores para vocês:
De Groucho Marx: Atrás de todo o homem bem sucedido, existe uma mulher. E, atrás desta, existe a mulher dele.
De Fred Allen: Fiz tão bem o meu curso de Direito que, no dia em que me formei, processei a Faculdade, ganhei a causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago.
De Robert Frost: Um júri é um grupo de doze pessoas escolhidas para decidir quem tem o melhor advogado.
Esta de Bárbara Gancia é terrível: A AIDS é um vírus. Vírus são organismos vivos. Como, para a Igreja Católica, todos os vírus são criaturinha de Deus, isto coloca os da AIDS na mesma categoria dos esquilos, rouxinóis e ursinhos panda.
De Alfred De Musset: As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente não se comparam com as que nossos amigos dizem de nós pelas costas.
Não poderia faltar o Mestre Nelson Rodrigues: O amigo nunca é fiel. Só o inimigo não trai nunca. O inimigo vai cuspir na cova da gente.
De Peter De Vries: Os quadros que eles penduram nos restaurantes não são muito melhores do que a comida servida nos museus.
De Quentin Crisp: Uma autobiografia é um obituário em forma de seriado, ao qual falta o último capítulo.
Esta é muito atual, de Robert Frost: Um banco é um estabelecimento que nos empresta um guarda-chuva num dia de sol e nos pede de volta quando começa a chover.
Que maldade de Helen Rowland: O homem rouba o primeiro beijo; implora o segundo; exige o terceiro; recebe o quarto; aceita o quinto, e suporta os restantes.
Não podia faltar, ele: WOODY ALLEN: Minha primeira mulher era muito infantil, quando nos casamos. Um dia, eu estava tomando banho na banheira e ela afundou todos os meus barquinhos, sem o menor motivo.
De H.L.Mencken: As mulheres casadas vivem mais do que os homens – ou, pelo menos, as viúvas.
De Voltaire: O Santo Império Romano não era santo, nem um império e nem mesmo romano.
Louis Lumière (O inventor) falando de sua obra: Esta invenção(cinematógrafo) não tem o menor futuro.
Otto Preminger, falando de Marilyn Monroe: Um vácuo com tetas.
O Sérgio Porto ( não o professor) mas Stanislaw Ponte Preta: Uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão.
Maravilhosa e verdadeira de Fred Allen: Uma comissão consiste de uma reunião de pessoas importantes que, sozinhas, não podem fazer nada, mas que, juntas, decidem que nada pode ser feito.
Ziraldo em dia de gala: No Brasil, homem público é o masculino de mulher pública.
O malvado e debochado Friedrich Nietzche: O último cristão morreu na cruz.
De Sérgio Augusto,f alando o óbvio: Cuba- a Disney Word das esquerdas.
Mais uma do Grouxo Marx: Não entro para clubes que me aceitam como sócio.
De Raymundo Chandler, que me fez lembrar várias pessoas: Algumas pessoas são tão discretas quanto uma tarântula numa fatia de pudim.
O maravilhoso Millor Fernandes – parafraseando Lula: É bom não esquecer que o inventor do alfabeto foi um analfabeto.
De Jules Petit-Senn: É fácil parecer educado com uma anfitriã, basta atribuir ao seu vinho os anos que ela subtrai de sua idade.
Outra paulada de W.C. Fields: Meu peixe favorito? Uma piranha na banheira de minha ex-mulher.
Bob Hope: Você sabe que está ficando velho quando as velas começam a custar mais caro do que o bolo.
P.G. Wodehouse: Só há uma cura para os cabelos grisalhos e foi inventada pelos franceses. Chama-se guilhotina.
Maravilhosa definição de céu por H.L. Mencken: Uma igreja é um lugar onde senhores que nunca lá estiveram dizem maravilhas a respeito dele para pessoas que nunca para lá irão.
Sarrafo nos gênios jornalistas: Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo – e imprime sempre só o joio.
Millor falando de medicina: A medicina pode ser melhorada com medidas simples, como por exemplo, o nome do médico deve ser sempre publicado junto aos anúncios fúnebres do paciente falecido;o cliente só pagar depois de curado; e a morte do paciente obrigar o médico, lodo depois, à devolução de tudo que cobrou.
( Como seria a versão do advogado?)
Voltaire: A arte da medicina consiste em distrair o paciente enquanto a Natureza cuida da doença.
O louco ( e tarado) Woody Allen: Não é que eu tenha medo de morrer. Apenas não quero estar vivo quando acontecer.
Olha só maldade da Gloria Steinem: Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta.
W. Allen “traveiz”: Certo dia, atrasei-me ao voltar da escola e meus pais pensaram que eu havia sido seqüestrado. E, aí entram imediatamente em ação: alugaram meu quarto.
A melhor definição de político: Não conte a mamãe que entrei para a política. Ela ainda pensa que eu toco piano naquele puteiro ( Anônimo)
De Oscar Levant: Hipocondria é a única doença que eu não tenho.
Epitáfio de um hipocondríaco: não disse que estava doente...(Anônimo)
Bárbara Gancia tritura os patricinhos: Surfistas acham que comida natural é um sanduíche feito de maionese Hellman´s , pão de forma Seven Boys e sardinhas Coqueiro.
Um executivo de gravadora em 1962 ao recusar uma fita “demo” de um desconhecido grupo chamado THE BEATLES: Quartetos com guitarras estão fora de moda.
E, finalmente para encerrar com chave de ouro: LUIS INÁCIO LULLA DA SILVA: Hei de fazer o Brasil líder dos países pobres. Ele é imbatível.


José Osnir

À MESTRA COM ETERNO CARINHO

"O homem cresce e atinge a meta superior a que se destina, pelo trabalho consciente, honesto, permanente e autêntico.
Longa é a trajetória, e nós vamos crescendo à medida que vamos integrando em nosso ser, a essência dos exemplos e das lições que colhemos.
Aos milhares, como se fossem grãos de areia impelidos pelo vento, nossos irmãos vão passando por nós. Somem no tempo e no espaço, mas deixam marcas em nossas
existências."
Professora Geraldina da Silva in O Primeiro Passo.

É dela a dedicatória:
"José Osnir
Obrigada pelo carinho dispensado à velha mestra.
Deus abençoe tua família
Natal de 1989."
O ano era 1964. O local interior do município de Viamão, num grupo escolar estadual com somente cinco salas de aula.
Alunos do quinto ano primário, dividiam velhas classes de madeira.
A diretora adentra à classe e diz aos alunos que a professora estava doente, ali estando para apresentar a nova mestra.
No seu lado, perfilada, uma negra alta para os padrões da época, e gorda, o que era muito raro naqueles tempos.
A surpresa para nós os alunos, não acostumados com negros, haja vista que a única colega preta era a Nelci, que na verdade era somente mulata - por sinal muito
bonita, - e que alguns anos depois casou com um empresário amigo meu chamado Cláudio.
Aquela turma de neo-rascista ficou perplexa, e apreensiva, pois a novel professora tinha cara amarrada, ou seja tinha todo o jeito de ser uma malvada.
Grande engano: foi a melhor professora que conheci na minha vida!
Geraldina, ou Geralda, como as colegas a tratavam, estava adiantada pelo menos 30 anos no seu tempo.
Dava uma aula moderna, dinâmica, avançada. Trazia textos atuais, discutia, fazia trabalhos em grupo. Organizava seminários e feiras de ciência. Fazia teatros e outras apresentações públicas. Montava laboratórios.
Costuma ir até a empresa de ônibus, onde convencia o empresário a emprestar de graça ônibus para que aqueles alunos pobres - que não tinham as mínimas condições de pagar uma excursão- fossem à Petrobrás ( Refinaria Alberto Pasqualini recentemente inaugurada), à Escola Técnica de Agronomia e outros
destinos.
Foi com muito pesar que ao final do ano eu e meus colegas nos despedimos daquela nossa amiga, a nossa professora Geraldina. Ela tinha mudado a nossa cabeça, deixando longe das mentes daqueles pequenos alunos qualquer tipo de preconceito. Estavam ali pouco mais de vinte soldados da igualdade racial, que como eu até hoje, neste já tão longo andar, como diria Quintana lutam contra os preconceitos. Nasceram ali todas as minhas convicções neste campo das liberdades públicas.
Naquele tempo nós chamávamos a professora de professora, nada de "tia" ouu "trabalhadora em educação". Elas tinha orgulho da sua profissão.
No ano seguinte, eu consegui um lugar num Ginásio Estadual em Porto Alegre, após ter passado pelo temido exame de admissão, o qual barrava mais de 90% dos alunos,
principalmente os provindos dos colégios da periferia ou municípios vizinhos. Não sei como consegui me classificar.
O problema é que tinha de pagar o ônibus, o meus pais seguraram a barra, mas não conseguia dinheiro para comprar os livros.
Um dia minha mãe encontrou com a Professora Geraldina, e comentou sem qualquer pretensão, que não tinha conseguido ainda comprar o meu livro de ciências.
No dia seguinte, ela bateu lá em casa e me entregou o livro novinho em folha para que eu usasse.
Se eu fiquei agradecido na época, hoje me emociono somente de escrever sobre o assunto.
Falei algumas vezes com a professora Geraldina, a qual se formou em Direito na faculdade Ritter dos Reis, profissão que utilizou - segundo soube - somente para ajudar os pobres. Foi uma precursora da Defensoria - só que privada.
Um dia ela foi até o cartório e me levou o livro de sua autoria que guardo com carinho em minha biblioteca. Releio algumas passagens, como a que transcrevi acima.
Faz alguns anos que faleceu.
Certamente teve e tem um lugar ao céu, mas garanto que além do lugar celeste tem um cativo no meu
coração...

José Osnir

É FIÓDOR M.DOSTOIÉVSKI NUMA LIÇÃO DE VIDA

"Havia muito tempo que estava doente; mas nem os horrores da vida do presídio nem os trabalhos, nem o rancho, nem a cabeça rapada, nem as roupas miseráveis conseguiram abatê-lo. Oh, que lhe importavam a ele todos esses tormentos e mortificações! Pelo contrário, o trabalho proporcionava-lhe até uma alegria. Esgotado pelo trabalho
físico, conseguia, pelo menos, algumas horas de sono tranqüilo. E que significava para ele a comida... aquelas simples sopas de couves com batatas: Sucedera-lhe muitas
vezes nem isso ter, na sua vida anterior, quando era estudante. Os seus agasalhos eram adequados ao seu gênero de vida. Mal sentia as cadeias. Teria de envergonhar-se por ter a cabeça rapara e usar casaco de duas cores? Perante quem? Perante Sônia? Sônia temia, e, diante dela, não tinha por que envergonhar-se."
Texto de Crime e Castigo de Fiódor M. Dostoiévski.

Entro eu:
Não é de graça que Dostoiévski é considerado o maior escritor de todos os tempos.
É dele o texto que fala da comparação entre uma vida reclusa, mas onde tem comida para saciar a fome e agasalho para o frio, e a vida anterior quando passou muita
dificuldade, inobstante a liberdade que gozava.
Uma lição de vida: é Dostoiévski.

José Osnir

DE DANTE A LUPICÍNIO À PROCURA DE LUZ

"Há um lugar subterrâneo longe de Belzebu e tão extenso
Quanto é longa a cavidade do Inferno, lugar que, pela
Escuridade , é conhecido não pela vista, mas pelo rumor

De um regato, que desce ao centro da terra
Pela abertura de uma rocha, que a água corroeu
No seu curso tortuoso e de ligeira inclinação

Virgílio e eu entramos por aquele caminho
Caliginoso para voltar à luminosa superfície da terra;
Sem pensarmos em repousar

Subimos, ele em primeiro lugar, eu em segundo,
Até que eu vi, através de uma abertura redonda,
Coisas belas, que nos mostra o Céu;

E daqui saímos para tornar a ver as estrelas."

Trata-se de um fragmento do Canto trigésimo quarto da
Divina Comédia de Dante Alighieri.
Lembre do que escrevi outro dia, quando lembrei a música
maravilhosa de Lupicínio Rodrigues:

"...Se eles julgam
Que a um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno
A procura de luz
Eu também tive nos meus belos dias
Essa mania que muito me custou
E só as mágoas eu trago hoje em dia
E essas rugas o amor me deixou! "

Ora, vamos nós sair deste inferno e buscar as estrelas como diz
Dante, e não como os moços do Lupi que, segundo ele,
iriam ao inferno à procura de luz.
José Osnir

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

LEMBRANDO UM AUTO DE NATAL

Nestes tempos de Natal as reminiscências são obrigatórias. E, com elas vêm um pouco de tristeza, um pouco de alegria; um pouco de saudade; um pouco de esquecimento. Elas passam em nossos pensamentos como um filme, ora colorido; ora preto e branco. Nestas películas, são protagonistas, coadjuvantes e figurantes muitas pessoas. Muitos amigos, muitos de nossos afetos. Muitos saíram antecipadamente, para nossa surpresa e choque, outros já lhes era hora, se resumindo à tristeza da perda deste nosso velho e querido afeto. Na verdade, jamais se foram estão ali, naquele cantinho do nosso coração, onde fizeram casinha. Vez-em-quando, vamos lá visitá-los. Não nos atendem na sala, sempre passamos para a cozinha, tal a intimidade. Falamos dos nossos problemas, das nossas angústias. Contamos nossas alegrias e nossos encantos. Relatamos nossos planos, e contamos nossos feitos e não feitos.
É Natal, tempo do nascer. Nascem nossos sonhos, que são eternos. Aquilo que embala e ampara nossa razão de viver. Sonhos alcançados constituem inspiração a novos sonhos. Sempre lembrando que se deve sonhar com aquilo que depende de nosso trabalho de nosso esforço e dedicação. Estes estarão sempre ao nosso alcance. Jamais nos frustrarão.
Por último quero lembrar que todo o Evangelho pode ser resumido a uma sentença: AME AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Amando-se ao próximo, não há crime, não há injustiça. Temos o império do direito, e a consagração da justiça, que nada mais é do que a aplicação do bom e do justo.
Que este Natal, além de lembrarmos os ensinamentos do Homem de Nazaré, razão primeira do “festerê”, possamos brincar, brindar e nos divertir, dividindo então com nossos pais, nossos filhos, irmão, parentes e demais afetos todo um carinho que armazenamos durante toda a vida.
Finalmente, que ao findar de mais um ano do Calendário Gregoriano, este marco possa significar a renovação de forças para enfrentar novos desafios. Feliz Natal! Feliz Ano Novo!

José Osnir

AS BARATAS

Há muito tempo eu tinha uma informação completamente inútil, e não tinha como utilizá-la, até que hoje recebi outra notícia que reunida à primeira forma um todo bastante interessante.
A primeira, é que as baratas são os únicos animais que sobreviveriam a uma catástrofe nuclear.
Bem, vamos examinar esta primeira parte: baratas são aqueles bichinhos que já vêm envernizados de fábrica, e que todo mundo tem nojo, os homens adoram amassá-las com o sapato, e as mulheres saem gritando porta- a- fora quando enxergam um exemplar. Catástrofe nuclear? Catástrofe é um acontecimento composto por uma tragédia de grandes proporções, e nuclear compreende utilização da descomunal força atômica, ou seja reação em cadeia motivada por enriquecimento de elementos químicos, especialmente urânio. Por catástrofe nuclear poder-se-ia entender a que aniquilasse toda a humanidade. Por uma motivo que eu não sei explicar (nem quero saber), as cucarachas seriam as únicas a serem poupadas. Os “ortóperos onívoros” poderiam assim iniciar uma nova linhagem da vida na terra, pois ficaram “solitos” como Adão no Gênesis, antes da chega da tentação (Eva).
A segunda informação, partiu de um vidente de Brasília que jurou que haverá uma catástrofe mundial, onde perecerá toda a humanidade, exceto os habitantes de Brasília. Embora, a fonte - que assisti na net – não revele se toda a população da Capital Federal vai sobreviver, juntei as duas informações, deduzindo que os sobreviventes pertencerão exclusivamente a classe dos políticos.
Eureka! *
(exclamação atribuída a Arquimedes, significando "encontrei")
José Osnir

DEO JUVANTE *

A fé consiste em acreditar em determinada situação, sem que haja necessidade de prová-la. Está normalmente ligada à idéia de religião. Esta, por sua vez, seria a idéia de que tudo provém de uma fonte única, um ser superior, infinito, que não tem início, nem fim. Um ente “a priori” criador de tudo que existe. As religiões não variam sobre esta temática, e sim apenas quanto aos seus dogmas, ou seja, seus princípios norteadores. Algo como: todos com a mesma lei, mas com regulamentos diferentes.
Todas as religiões têm um Deus único, ou diversos, aos quais julgam que devem obediência cega. Servilidade e reverências ilimitadas.
Não foram poucos que se insurgiram quanto a isto, especialmente no que têm elas de mais frágil, incluindo as divergências internas, como foram as reformas de Lutero, Calvino e Zwiglio; e os detratores mais ferozes como Friedrich Wilhelm Nietzsche (Assim falou Zaratrusta) e Giovanno Boccaccio ( Decamerão).
Em oposição, estão os ateus, os agnósticos e os indiferentes. Os ateus simplesmente não acreditam na existência de Deus; os agnósticos exigem provas racionais da existência dele; e os indiferentes simplesmente não se interessam pelo assunto.
Dizem eles que não existe até hoje qualquer prova concreta, paupável, racional ou lógica sobre a existência deste ser superior.
Charles Robert Darwin (1809-1882) trouxe um grande amparo a estas teorias, especialmente a sua teoria da Origem das Espécies ou Teoria da Evolução.
Nelas, o homem seria o resultado da evolução de outras espécies inferiores em sua cadeia de vida, destruíndo a teoria das religiões que dizem ter sido o homem obra direta de Deus, com fundamento especial nos textos bíblicos, incluindo a história de ADÃO e EVA.
Fazendo um contraponto, posso dizer, no entanto, com todo o respeito científico as idéias de Darwin, a teoria científica da evolução é de muito mais difícil explicação e/ou defesa do que a teoria religiosa.
As religiões dizem simplesmente: Deus tudo criou, incluindo o próprio homem à sua imagem e semelhança. Provar que é verdade realmente é difícil.
Por outro lado, imaginar que um ser unicelular, num determinado momento a quartilhões de anos resolveu se transfomar em bicelular, depois multicelular, depois inventou de começar a formar tecidos mais complexos, decidiu fazer órgão e tecidos, resolveu, por acaso, e, por mera coincidência, dar a cada um deles uma função diferente. Resolveu criar regras de funcionamento, onde a saída de um destes órgãos o corpo fosse imediatamente atribuíndo a outros órgãos estas mesmas funções, num enredo sem fim de distribuição equilibrada de destinos, de tal sorte a formar um ente altamente complexo. O corpo humano é construído de forma tão genial que constitui na verdade um maravilhoso engenho, sendo que esta máquina escancara não existir qualquer pessoa ou entidade que tenha condições de arquitetar tal quebra-cabeças, assim imaginar que tudo é acaso da natureza, sem qualquer interferência também é muito difícil de engolir.
Assim, devemos respeitar ambas as partes em suas convicções. E, fazendo uma profunda reflexão imaginar que um dia possamos provar que, em verdade, as duas partes têm razão, mas estão em dimensões diferentes. Afastados por causas que não deixam unir o que vem do coração com o que vem da razão.

* Deo juvante = Com ajuda de Deus.

José Osnir

UM ENSAIO SOBRE A IGNORÂNCIA

No final dos anos cinqüenta, eu ia e voltava de São Gabriel, minha terra natal, pela Maria Fumaça. Nada mais; nada menos do que um trem puxado por uma locomotiva a vapor.
Ia serpenteando a pampa, em milhares de curvas até chegar à Terra dos Marechais. ( Diziam as más línguas que as ferrovias foram construída por metragem, daí as curvas desnecessárias)
Tomava-se um trem em Porto Alegre até Santa Maria – o centro ferroviário do Estado- daí toma-se outro comboio para Cacequi, onde,finalmente, fazíamos a última baldeação para a composição que ia para Bagé, e nos largava em São Gabriel.
Praticamente, vinte e quatro horas de viagem.
- Guri não bota a cabeça prá (sic) fora que a ponte vai de arrancar a tua cabeça.
Eu achava aquilo tudo ótimo, afinal de contas saía da minha vida caseira para percorrer o mundo.
Eu não tirava os olhos da janela do trem, onde evidentemente a paisagem menos distante passava correndo, mas a mais distante demorava um pouco mais ( relatividade)
Já, minha mente de menino sentia um pouco de pena daqueles moradores dos ranchinhos de torrão cobertos por capim Santa Fé, ou simplesmente sapé, como diz a canção sertaneja. Distantes de tudo e de todos. A casa mais próxima ficava, não raro, quilômetros de distância.
Estavam ali parados no tempo, sem qualquer assistência social de governo, somente contando com a providência divina para protegê-los.
Hoje sei que a ignorância os protege.
Vejam bem, ignorância não é sinônimo de burrice, pois é simplesmente um desconhecimento de outras situações da vida.
Em não vendo as lanternas da cidade, não se iludem. Em não assistindo toda a sorte de tentações que entram pela televisão, não se sentem infelizes.
Por outro lado, ignorância é falta de conhecimento, que é um passo à incapacidade, e que pode ter como conseqüência a recusa em adquirir conhecimentos, mesmo quando disso depender sua própria sobrevivência.
Em suma, corre o risco de se transformar em requintada forma de perversidade, como diz GUSTAVO DE CARVALHO.
Este verdadeiro culto à ignorância tem se espraiado pelo pindorama desde que aos homens da lusa terra deixaram a Península Ibéria e cá se instalaram.
Eu, para entrar na moda, já estou ensaiando um ar de ignorante – se é que preciso de esforço –.Quem sabe não arrumo uma boquinha no planalto?


José Osnir

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

BOM ESCRITOR DA TERRA MÃE.

“De memória de guarda da fronteira, nunca, tal se viu. Este é o primeiro viajante que no meio do caminho pára o automóvel, tem o motor já em Portugal, mas não o depósito da gasolina, que ainda está em Espanha, e ele próprio assoma ao parapeito naquele exacto centímetro por onde passa a invisível linha da fronteira. Então, sobre as águas escuras e profundas, entre as altas escarpas que vão dobrando os ecos, ouve-se a voz, entre as altas escarpas que vão dobrando os ecos, ouve-se a voz do viajante, pregando aos peixes do rio:
-Vinde cá, peixes, vós da margem direita que estais no rio Douro, e vós da margem esquerda que estais no rio Duero, vinde cá todos e dizei-me que língua é a que falais quando aí em baixo cruzais as aquáticas alfândegas, e se também lá tendes passaporte e carimbos para entrar e sair.”
Se você é chegado na literatura lusa, já descobriu: trata-se de José Saramago, in SARAMAGO, José. Viagem a Portugal. São Paulo, Cia das Letras, 1997.
Saramago apresenta um formato de escrita de tal sorte interessante, que a gente, de tão admirado pela escrita, não raro, nem liga para o conteúdo, o qual também é admirável.
Quase sempre irônico como no texto acima, onde desdenha a fronteira Portugal-Espanha, trazendo os peixes ao diálogo, como uma forma de dizer que tudo, como a língua, não faz qualquer diferença entre os povos, ele é verdadeiramente um mestre da literatura, e mereceu o Nobel que recebeu.
Corra à feira e compre qualquer coisa, se possível Saramago.
Busque EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO, JANGADA DE PEDRA, ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA, entre outros.
Não faça ilações: não recebo comissão do patrício.
José Osnir

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

DEUS OU NÃO

Quanto à existência ou não de Deus, podemos dividir as pessoas em crentes, agnósticos e ateus.
Nas primeiras, estão todos aqueles que acreditam na existência de alguém “a priori” que existiu antes de todas as outras coisas ou entes.
Uma leitura ou releitura de Agostinho ilustra bem a matéria, dizendo o filósofo e teólogo católico que todas as coisas tem algum ente que as precederam, e assim por diante até chegar a uma inicial que não foi precedida por ninguém. A este ente inicial chama de Deus.
O que deslustra um pouco a teoria religiosa é a tentativa de usar os símbolos e parábolas bíblicas como verdades históricas, quando na verdade constituem alegorias com ensinamentos de natureza permanente e atemporais.
Nas segundas, estão aquelas que não reconhecem a existência de Deus por falta de provas, assim como também não declaram a sua inexistência pelo mesmo motivo. O tipo poderia ser definido como o “mineirinho”, ou seja em cima do muro, com o perdão da linguagem bem popular.
Nos terceiros, temos os que declaram a inexistência de um ser supremo, ou seja, Deus. Tendem a ridicularizar as teorias religiosas, com isto perdendo um pouco de sua credibilidade.
Está em moda cotejar a teoria da evolução de Charles Darwin contra a teoria criativista.
No primeiro caso, tudo é obra do acaso, os seres se sucedem em constante evolução. O grande problema é que todos os achados de fósseis apresentam seres definidos, nunca aparecendo seres intermediários entre uma espécie ou outra, o que se costuma chamar de falta do elo perdido.
No segundo caso, temos a teoria hoje conhecida como a do design inteligente, onde um grande arquiteto – Deus – teria elaborado uma plano e criado todas as criaturas partir de um projeto por si elaborado, onde todo os mecanismos dos seres vivos já seriam adrede criados. O problema principal da teoria do design são os erros de projeto, as mudanças de funções nos diversos órgãos ao longo do tempo, o que seria evitável num projeto inicial feito por criatura perfeita.
Existe muita literatura a respeito do tema.
Em outra oportunidade apresentarei minha opinião sobre tudo isto.

José Osnir

sábado, 16 de fevereiro de 2008

NAVEGAR É PRECISO, PLAGIAR TAMBÉM

Assim inicia uma poesia de FERNANDO PESSOA : Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casa como eu sou: ...
Ora, a frase na verdade é atribuída a Pompeu, que respondendo aos marinheiros que tentavam dissuadi-lo de singrar para Roma durante uma tempestade, quando devia conduzir para ali o trigo colhido na Sicília, na Sardenha e na África. Mais remotamente tal frase era uma sentença grega, que as cidades hanseáticas adotaram como divisa.
Pelo menos é o que diz Plutarco, in Vida de Pompeu, parágrafo 50.
Em latim ficaria assim: NAVIGARE NECESSE, VIVERE NON NECESSE.
Veja que “necesse” significa necessário. O que traduzido ficaria navegar é necessário, viver não é necessário.
Outro dia ouvi alguém dizer que a palavra “preciso” em português não significava “necessário” e sim “certo”, “categórico” ou “lacônico”. Assim, navegar é preciso significaria que navegar é uma coisa certa, determinada, ou sejam com precisão, e que tal fato não acontecia com a vida. A palavra vem do latim e tem outros significados de cortado, truncado, abrupto, escarpado, e num sentido retórico preciso ou conciso.
Os dicionários, no entanto, também trazem a palavra preciso como sinônimo de necessário e indispensável.
O interessante é que também na literatura e na poesia em geral é muito difícil alguém criar alguma coisa do nada.
Assim como este meu texto, que vem com alguma pesquisa e estudo, os mais famosos (sem qualquer tipo de comparação que minha falsa modéstia não deixa), os grandes escritores, não raro, também buscam alguma inspiração e algumas vezes um plágio, por aqui e por ali.
Notaram que acima falei em Petrarca vejam os seus versos:

“Questa anima gentil che si diparte
Anzi tempo chimata a l´altra vita,
Se lassuso è quanto esser de´gradita
Terra del ciel la più beata parte”
(Petrarca nasceu em 1304 e morreu em 1374)

Agora, comparem com os versos de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

O genial flagra não é meu é de Lauro Pinto publicado na Internet.

Em suma: plagiar é preciso! (Desde que o trabalho seja bom – é claro)


José Osnir

UM CERTO GIBRAN E AS CRÍTICAS

ANOS 70 – UM CERTO GIBRAN E AS CRÍTICAS
Por certo as leituras de Hermann Hesse e Gibran Khalil Gibran fizeram parte de suas leituras na juventude. Falo dos anos 70.
Estava há poucos minutos relendo algumas folhas de um livro de Gibran chamado o PRECURSOR que recebi de presente em 1975.
Uma das histórias ali contadas tem o título de “Críticos”.
Uma vez, ao cair da noite, um homem viajando a cavalo em direção ao mar, chegou a uma estalagem à beira da estrada. Desmontou e, confiante nos homens e na noite, como todos os cavaleiros que vão para o mar, amarrou seu animal numa árvore ao lado da porta, e entrou na estalagem.
A meia-noite, quando todos dormiam, veio um ladrão e roubou o cavalo do viajante.
Pela manhã, o homem acordou, e descobriu que seu cavalo fora roubado. E, lamentou-se pelo seu cavalo, e pelo homem que havia escolhido de ser um ladrão.
Então, seus companheiros de hospedagem vieram e puseram-se à sua volta, e começaram a conversar.
E, o primeiro homem disse:”Que tolice a tua, de amarrar teu cavalo fora do estábulo!”
E, o segundo disse: “E pior ainda, nem mesmo peou o cavalo!”
E, o terceiro homem disse: “É o máximo de estupidez, viajar para o mar a cavalo.”
E, o quarto disse: “Só os indolentes e os de pés vagarosos possuem cavalos.”
Então, o viajante ficou admirado. Finalmente, gritou: “Meus amigos, porque meu cavalo foi roubado, apressai-vos todos a enumerar meus defeitos e minhas limitações. Mas, coisa estranha, não pronunciastes uma única palavra de reprovação contra o homem que roubou meu cavalo.”
A nossa vida está cheia de críticos. Eles se importam tão-somente em gizar nossos defeitos, esquecendo de verificar nossas razões; nossas causas; nossas motivações; e, principalmente: nossas circunstâncias.
Calma lá: eu sei. Nada mais chato que o crítico da crítica. Mas, aqui estou com Gibran o defeito maior está no desvio de conduta do ladrão, e não em minha eventual negligência.
O mesmo se aplica no nosso dia-a-dia é muito mais fácil culpar a vítima.
Quantas vezes você viu uma pequena criança ser xingada pela mãe por ter tropeçado e caído? A pobre criança é castigada duas vezes: uma por ter tropeçado, e , eventualmente até ter se machucado; a duas pela própria mãe que lhe castiga verbal ou até mesmo fisicamente.
Não raro, em casos de estupro, a vítima é acusada de ter provocado o criminoso.
Ora, você deu sopa, senão o ladrão não tinha levado o cavalo!
Nada mudou neste mundo nas últimas centenas de anos...


Um abraço

José Osnir

BAIXA A CORTINA.

Sempre ouvi falar em Paulo Autran, mas nunca o tinha visto no teatro (que era o seu chão), mas sim na televisão. Sabemos que a telinha camufla muitos falsos bons atores, que na verdade não passam de canastrões incorrigíveis.
A telenovela também apresenta um defeito muito sério que é a repetição de personagens pelos atores. Um determinado ator sempre faz o papel de caipira, outro faz o papel de vilão, uma faz sempre o papel de bêbada, outra faz o papel de galinha etc...
Um dia descobri que estava passando uma peça tendo como ator principal o Paulo Autran, e ainda melhor: no meu teatro favorito que é o São Pedro. Não poderia deixar de aproveitar a oportunidade. Pensei comigo: - vou ver Paulo Autran, antes que ele resolva ir embora.
A peça chamava-se (ou chama-se) VISITANDO MR GREEN.
Era para ser uma comédia. É verdade que nos fez rir, mas no fundo contava a história da solidão de velho judeu, Mr. Green, interpretado pelo Paulo Autran.
O nome do coadjuvante foi encoberto evidentemente pelo de Autran, daí não me lembrar do nome, mas o "secundus" também era muito bom, e ouso dizer que roubou a cena.
Não se aprece! A interpretação de Paulo Autran foi genial, fez jus a toda sua fama de excelente ator.
O personagem secundário foi condenado pela Justiça a prestar serviços comunitários, exatamente designado para cuidar de um velho judeu. Acontece que Paulo Autran- Mr. Green – não queria ser ajudado.
A peça marcou tanto que não consigo imaginar outro ator para interpretar Mr. Green, assim como não adianta trocar de 007 que para mim ele continua sendo eternamente: Sean Connery.
O teatro brasileiro – já tão pobre – enfraqueceu com a saída de cena de Paulo Autran. Azar nosso.

José Osnir

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A INTELIGÊNCIA

“Não sou inteligente, mas vivo observando os inteligentes. Olho tudo o que os inteligentes fazem, e ouço tudo que os inteligentes dizem. Depois saio por aí, e faço; e digo; e olho tudo os que os inteligentes fazem e dizem.Aí, bem, todos pensam que sou inteligente. E, então eu descubro que é ótimo ser tido como inteligente, mas que é terrível saber que não se é inteligente.Afinal, penso, o que será de mim se os que pensam que sou inteligente descobrirem que não sou o que eles pensam que eu sou?Eu não sei, mas acho que se soubesse faria tudo para que ninguém viesse a saber que não sei o que todos pensam que sei. Assim, eu pareceria inteligente. Afinal, tão inteligente quanto ser inteligente é não ser inteligente e convencer a todos de que se é inteligente.”
O texto acima encontrei no livroSILVESTRI, Antoino. A Inteligência da Ignorância. A.G.E. , Porto Alegre, 2007.
Nos meus tempos de menino, todo mundo achava e dizia que eu era inteligente, e eu estava convencido que era verdade. Achava uma coisa natural, afinal, eu era inteligente, pensava: se todos dizem é porque é, principalmente o meu pai e minha mãe, as únicas referências que eu tinha, então era verdade.
Dizem os italianos “si non é vero é bene trovato” ( se não é verdade pelo menos é bem dito).
O adolescente se acha o rei do mundo, somente ele está certo e todo mundo errado, logo ele é a pessoa mais inteligente do globo. Eu não fui um adolescente diferente, fui igual a todos os outros.
Nos exames de Q.I. no ginásio ( Segunda fase do primeiro grau antigo), revelaram que eu tinha inteligência acima da média, ou seja o grau denominado SUPERIOR, mas que está abaixo evidentemente dos chamados BEM DOTADOS e os últimos na linha ascendente que são os GÊNIOS. Em suma, nada de excepcional.
Já na fase adulta, diante da realidade da vida, minhas leituras, meus demais conhecimentos havidos empírica e por tradição revelaram a realidade: eu era uma pessoa . nada mais nada menos do que COMUM.
Não demorei para me deliciar com esta verdade, pois ela me tirava todos os encargos, principalmente o de provar a cada instante que era inteligente. Se não era, não precisava provar nada. Não criava expectativas que jamais se criariam.
Alguém já disse – acho até que fui eu – todo ignorante é feliz. As vezes, ignorar algumas coisas é muito bom. Não raro, as pessoas muito inteligente são chatas. O seu alto grau de sabedoria e conhecimento as colocam numa verdadeira redoma, onde a gente fica somente batendo o bico, sem conseguir penetrar no seu mundinho, os que as fazem infelizes. Às inteligentes prefiro as sensatas, as de pés no chão, com elas sempre aprendo alguma coisa.
Gosto de conversar principalmente com as que de mim discordam, com elas colhe subsídios muito importantes. As pessoas que concordam comigo, quase sempre nada me acrescentam.
Adoro uma polêmica. Sou acusado (injustamente) de as vezes defender posições que não são as minhas só para enfrentar um bom debate, mas são meras especulações maldosas (será?).
Existe uma tese já de algum tempo que fala da INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ( tenho um livro sobre o tema). Nele se defende a idéia, correta sob o meu ponto de vista, que a pessoa não é inteligente para todos os assuntos. Ela pode ser inteligente para uma coisa e ser um tolo para outros. Einsten rodou no exame de admissão na faculdade, sabe em quê? Matemática!
Reunindo o assunto inicial com final, acho que no âmbito da inteligência emocional, sou inteligente no sentido de parecer inteligente quando não sou. Não deixa de ser inteligente, não acha?

José Osnir

LONDON - UM LUGAR CHAMADO CAMDEM TOWN

LONDON - UM LUGAR CHAMADO CAMDEM TOWN
Eu tinha um sonho de criança, adubado pelas aulas deFrancês, ainda no velho Ginásio Estadual Inácio Montanha, ali na João Pessoa, que era conhecer Paris (A cidade Luz). Costumava dizer que se não tivesse meios de fazê-lo ia contrair um financiamento para pagar as passagens, e deixaria para resolver na volta como solver a dívida.Consegui realizar este sonho, e não precisei dar o calote em ninguém, sendo que realmente a cidade me encantou,justificando muito mais do que os meus sonhos de menino me atiçaram durante tantos anos. Quero ainda voltar lá quantas vezes a vida me permitir.Londres nunca fez parte destes meus sonhos. Via a cidade como sisuda, escura, sem encantos, somente a fleuma britânica, o orgulho e alguma indiferença com os estrangeiros ilustravam os meu quase nenhum conhecimento da capital britânica.No ano passado, porém, tive a oportunidade de conhecer Londres, e realmente me encantei, Trata-se de uma cidade fantástica, cheia de encantos, acolhedora, gostosa de caminhar de andar de carro, trem ou mesmo os velhos ou novo sônibus vermelhos de dois andares, que sempre despertar a minha curiosidade.Nas minhas andanças, conheci, dentre outros tantos lugares fantásticos como Notting Hill, um lugar chamado Camden Town. Trata-se de um grande centro de compras, ao estilo DC Navegantes, com o aproveitamento de antigos prédios.Pois houve ali pelo dia 10 do corrente um grande incêndio, o que me deixou muito triste, pois adorei o lugar, e sonho um dia voltar lá, e comprar todas as coisas que deixei de adquirir por ali. O foco do incêndio foi o bar denominado Hawley Arms, que é freqüentado por muitos artistas britânicos.Numa das lojas, comprei uma túnica militar do exército alemão preta muito bonita, que estou esperando um friozinho para - orgulhoso - usá-la.Camden Town é encantadora, principalmente por você se achar no centro do mundo. Ali estão todas as tribos. Gente de todos os tipos: hippies, darks, árabes, índios americanos, indianos e africanos, com suas vestes típicas,o que empresta um grande colorida a toda a área. Um centro gastronômico com comida de tudo quanto é lugar, de todos os preços que você pode imaginar. Camdem Town é um lugar que não se pode deixar de ir.Outro dia falarei de Notting Hill Um lugar para voltar... e de Richmond um lugar para viver.José Osnir

OS DOZE CÉSARES

O meu cunhado Luciano é um verdadeiro historiador autodidata. Conhecedor de história, lê muito sobre os povos antigos, entre eles os romanos. Assim é que, outro dia, me trouxe um livro sobre os doze Césares, leitura sobre a qual tenho me dedicado na última semana.
É uma obra simples escrita por um historiador da época de nome Suetônio, o qual teria vivido entre 69 e 141 DC.
Ainda não terminei, mas passei por Júlio Cesar, Otávio Augusto, Tibério, Calígula e Cláudio. Agora, estou lendo Nero, ficam faltando ainda Galba, Oton, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano.
Na verdade, encerrando Nero, terei visto os principais.
Nos meus tempos de colégio, a gente decorava os nomes dos Césares fazendo uma escalação de time de futebol, no velho e saudoso quatro, dois, quatro.
Assim, tínhamos JULIO CESAR; OTAVIO, TIBERIO, CALÍGULA e CLÁUDIO; NERO e GALBA; OTON, VITÉLIO, VESPASIANO e TITO, com DOMICIANO na reserva. Sobrava o pobre Domiciano pois, mesmo sendo dos poderosos Césares, o time não podia jogar com 12.
Trata-se de uma obra fantástica para quem, como eu, gosta de estudar a embriagues provocada pelo poder, e principalmente os seus limites – ou a falta deles.
Mesmo que tenhamos de levar em consideração todo o meio cultural próprio e especial da civilização romana, não deixa de nos causar profunda indignação as inomináveis atrocidades cometidas pelos seus governantes.
A falta de senso de limites existente em todos eles, em menor grau como em Cláudio até os limites da profundeza do inferno de Tibério, inimaginado (perdão o neologismo) por Dante.
Uma grande leitura os espera.
José Osnir

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