sábado, 29 de março de 2008

CERTO PACHECO

Eça de Queiroz foi o maior escritor da língua portuguesa. Dele, tenho a obra completa. Embora não a tenha lido toda, concordo com a afirmativa. Um dos livros que li foi A CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE MENDES. Lá se encontra uma das cartas escrita a E.Mollinet.
Dizia ele ao seu correspondente – Mollinet – que a morte do Pacheco - José Joaquim Alves Pacheco está sendo chorada enormemente nos jornais de Portugal, pois queria ele saber quais obras, que fundações, que livros ou que idéias, ou ainda que acréscimo na civilização portuguesa teria deixado o tal Pacheco, para merecer tão reverentes lágrimas.
Contava, que na verdade, o tal Pacheco não tinha dado ao seu País, e de resto à humanidade, qualquer obra, nem fundação, nem livro, nem uma idéia. Teria ficado somente na fama de ter um grande talento. Ora, o tal talento tinha ficado somente para ele, lá em suas profundidades
Todavia o talento de Pacheco tinha se tornado um credo nacional.
No final de seu texto, diz Eça que depois da morte de Pacheco, encontrou sua viúva, na cidade de Sintra, tendo ele lamentado a morte do distinto. Declarou à senhora que estava comovido pelo passamento do imenso talento que seria Pacheco. A viúva se restringiu a “num brusco ato de espanto, levantar os olhos e num fugidio, triste, quase apiedado sorriso arregaçando os cantos da boca.. Eterno de acordo dos destinos humanos! Aquela mediana senhora nunca compreendera aquele imenso talento!” Encerrou E. de Queiroz.
A descoberta deste texto escondido na vasta obra de Eça de Queiroz, não é minha é de meu saudoso amigo José Sérgio Ferreira, de quem tenho saudade dos longos papos sobre literatura nos cafés do nosso centro.
Por que trouxe este texto à baila? Ora, ele nunca esteve tão atual.
As pessoas dizem que fulano é muito inteligente. Esta fama se espalha, faltando alguém que pergunte? Mas afinal de contas, que obras fez este homem, que idéias apresentou, o que de bom foi aproveitado desta sua dita inteligência?
São inúmeros os casos, principalmente no meio político e intelectual. Trago à baila o nome do baixinho sinistro Delfim Neto, que é tido como um ser muito inteligente, e até pode ser, mas que contribuição teria ele dado ao país? O que teria restado de sua passagem pela política nacional. Inúmeros outros casos de entronização intelectual podem ser levantados, mas num exame profundo, vamos ver que nada fizeram a justificar a fama. Na verdade, não passam de uns pachecos. Até na crônica esportiva, temos os intelectuais – ditos professores - que se esmeram em falar pomposamente a justificar sua fama de inteligentes, mas que se olharmos a fundo não encontraremos nada para amparar seus sublinhados.
Temos que ser mais rigorosos com a adjetivação das pessoas públicas. Conferir se a fama fecha com as obras realizadas pelos famosos. Na ausência ou insuficiência delas, deixamo-los em seu devido lugar, ou seja, nas prateleiras dos descartáveis, de preferência com um epitáfio: AQUI JAZ MAIS UM PACHECO!

quinta-feira, 27 de março de 2008

DA TRISTEZA, NEM SEMPRE SE SABE AS CAUSAS

O poeta JG DE ARAUJO JORGE nasceu com o nome de JOSÉ GUILHERME DE ARAUJO JORGE, em 20.05.1944, no pequeno lugar chamado Tarauacá, no interior do Estado do Acre, e morreu em 27.01.1987, deixando uma obra poética maravilhosa.
Entre vários livros publicou OS MAIS BELOS SONETOS QUE O AMOR INSPIROU. Nesta obra encontramos:

Triste

Eu hoje acordei triste, - há certos dias
em que sinto esta mesma sensação...
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias ...

E pergunto a mim mesmo: - tu não rias
ainda ontem tão feliz ... diz-me então
por que sentes pulsar teu coração
destoando das humanas alegrias ? ...

E, nem eu sei dizer por que estou triste ...
Quem me olha não calcula com certeza,
o imenso caos que no meu peito existe ...

A tristeza que eu sinto ninguém vê...
- E a maior das tristezas é a tristeza
que a gente sente sem saber por quê !...

Tem razão o poeta: nem sempre a gente sabe das causas e da extensão da nossa tristeza.
As vezes tem um quê de saudade; as vezes uma ponta de solidão; não raro, uma inconformidade; e, vez-em-quando, uma premonição, ou seja uma sensação de que algo acontecerá.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O PAJADOR

Hoje pela manhã, recebi de meu irmão Alfredo – o Dinho – uma poesia do poeta Jayme Caetano Braun.
Ela trata da sesta, tentando explicar qual o motivo que os guris, a criançada em geral, não sesteia.
Vejam lá:

Hora da Sesta

O sol parece uma brasa/na cinza do firmamento./Sobre o campo sonolento/ninguém está de vigília,/na lagoa - uma novilha,/bebe - de ventas franzidas/e duas graças perdidas/sentam na grama tordilha.

No galpão - tudo é silêncio,/e a cachorrada cochila/e a peonada se perfila,/estirada nos arreios,/só se escutam os floreios/da mamangava lubana/fazendo zoada, importuna,/nos buracos dos esteios.

Rompe o silêncio da seta/na guajuvira da frente/o tá-tá-tá impertinente/do bico dum pica-pau.
No galpão - um índio mau/quase enleia na açoiteira/a naniquinha poedeira/que vem botar no jirau.

Mas a soneira é mais forte/do que os gritos da galinha/e até as chinas da cozinha/cochicham meio em segredo,/Não há rumor no arvoredo,/nos bretes e nas mangueiras,/dormem as velhas figueiras/só quem não dorme é o piazedo.

É hora de caçar lagartos/e peleguear camoatim,/hora das artes sim fim/que o grande faz que ignora
e quanto guri de fora/criado no desamor,/numa infância de rigor/só foi guri nessa hora.

Hora de sesta - Saudades,/de juventude e de infância,/Hoje - ao te ver à distância,/quando a vida já raleia,qual um sol bruxoleia/num canhadão se perdendo,/hoje - afinal - eu compreendo/por que guri não sesteia!

Maravilhoso, não?
Pois o velho pajador nasceu em 1924 e morreu, para a tristeza nossa, em 1999. Tinha nascido na pequena Timbaúva, interior de São Luiz Gonzaga, Missões, Rio Grande do Sul.
Pajador é o que recita “payada” . Trata-se de verso oral, composto de sete sílabas métricas, geralmente acompanhadas ao violão, não raro de improviso.
Ele foi o maior que existiu por estas bandas.

Dizia ele sobre a morte:
“ E um dia, quando souberes /Que este gaúcho morreu,/Nalgum livro serás eu
E nesse novo viver/Eu somente quero ser/A mais apagada imagem/Deste Rio Grande selvagem
Que até morto hei de querer!”

Volto eu: você se enganou, velho poeta, não serás jamais um apagada imagem, pelo contrário estarás vivo em cada verso recitado pelo gaúcho.

Para ter uma idéia de quem se trata, leiam o que disse Paulo Santana no jornal Zero Hora quando do seu passamento:

...“Oseu cântico tinha o cheiro da tapera, do rancho de pau-a-pique, do zaino, do guamirim, do quero-quero, do camoatim.
Mas principalmente seus versos canoro endeusavam o xiru, o índio, o negro, personagens pampianas que se misturavam aos apetrechos que impunha a solidão, aporreada somente pelas pausas semanais da cana, do fandango, da rinha, das carreiras, do namoro com a china, do esparramo das rixas de facão e revólveres, tão bem narrados nos versos encantados deste gigante da poesia xucra que sepultamos ontem."

Jayme Caetano Braum não morrerá jamais, pois estará presente na voz de todos os poetas e cantadores deste chão gaúcho.

terça-feira, 25 de março de 2008

LUZ DA MINHA VIDA

NASCE UMA LUZ

Nasce uma luz
Ainda meio adormecida
Luz bela e encadeante
Fonte de toda a vida
Como é bela esta luz
À qual alguém chamou Sol
Luz quente e acolhedora
Fonte da vida e da morte
Triste e doloroso
É acordar sem ti
Sem teus raios na minha alma
Sem teu brilho na minha vida.

Nuno Serrano

Tomei os versos emprestados de um certo Nuno Serrano de Lisboa, Portugal.
A luz é muito importante para nós.
Vivemos por conta dela.
Se ela se for, vamos também.
Como diz o poeta nos seus versos bem postos: Fonte da vida e da morte.
Também diz que é fonte de toda a vida.
Zora Yonara falando da morte disse sabiamente: quando morrem nossos afetos, morremos um pouco, de tal sorte que quando chega a nossa vez, vai apenas o que restou...
Pablo Picasso disse certa vez que muita gente faz o Sol ser somente uma mancha amarela, e que outros fazem de uma simples mancha amarela um grandioso Sol.
Só sabemos a importância da luz quando não a temos mais.
Vamos prestigiar a luz. A nossa luz...

domingo, 23 de março de 2008

OS CHATOS

Embarcamos no Jumbo da Bristish Airways com destino à Londres, em vôo noturno. A aeromoça conferia a inclinação das poltronas, pois, em breve, a aeronave iniciaria a corrida para alçar vôo. Uma brasileira, à nossa frente, dois bancos à direita, estava com a poltrona reclinada, posição flagrantemente inadequada para a decolagem. Advertida pela funcionária da companhia, colocou seu banco na posição correta. Mal se afastou a comissária, a jovem tornou sua poltrona à perigosa posição inclinada, numa flagrante indisciplina. Pensei: que guria chata!
Pois eles - os chatos - estão em toda a parte. No banco, brigam com o guarda, pois teimam em passar pela porta giratória carregando celulares, chaveiros e outras bugigangas de metal, mesmo sabendo que se trata de uma porta que detecta este tipo de objeto impedindo a passagem dos portadores. Ficam na fila do banco mais de meia hora, e, quando finalmente se vêem na frente do caixa, só aí, então, vão procurar na pasta o título para pagamento ou o recibo para depósito ou retirada. Quando o caixa, finalmente, termina o atendimento, permanecem ainda algum tempo na frente do funcionário arrumando os documentos na pasta, ou guardando o dinheiro na carteira. O nervosismo do restante da fila não o abala.
O chato entra no ônibus, caminha até a roleta, e, somente neste momento, resolve procurar o dinheiro que estava no bolso da calça. Mas não está ali, procura então no bolso do casaco, depois na camisa, até achar a quantia para o pagamento da passagem. Só no último momento, dá o sinal que vai descer do coletivo, quando este pára é que resolve tirar o traseiro do banco. A esta altura o restante do ônibus quer matá-lo, mas ele não liga.
No mercado, na banca de frutas resolve apertar todas para saber se estão em boas condições. Não leva as que apertou, afinal de contas elas estão amassadas.
No cinema, chega quando o filme já começou, atrapalhando os que chegaram no horário, não obedece ao aviso de desligar o celular, e atende no meio do filme. Conta o filme para o vizinho de poltrona. Adianta as cenas em voz alta.
Não existe pessoa mais chata do que brasileiro em grupo no exterior. Se você estiver lá fora, e vir um grupo de brasileiros bata imediatamente em retirada, salvo se você é chegado num vexame.
Em Paris, estávamos subindo a Torre Eiffel, esperando para pegar o elevador do primeiro estágio para o segundo, junto com uma silenciosa multidão, que conversava aos sussuros, de tal sorte que não escutávamos a conversa da pessoa ao nosso lado. Foi neste momento, que vimos uma turma de uma meia dúzia de jovens, os quais adentraram ao recinto aos gritos, berros e batidas. Um deles simulava que se atirava da torre, enquanto outro fingia que o impedia. Meu mau presságio se confirmou: brasileiros. Ficamos num constrangimento, somente interno, pois não abrimos a boca para não sermos flagrados como patrícios da turba. Abriu a porta do elevador e nos jogamos para dentro, neste momento uma das meninas também entrou, veio um dos guris e como a querer tirá-la do elevador. Ela, aos gritos, dizia que não queria sair, o restante da turma aplaudia o fiasco. Os franceses olhavam com jeito de desdém, os demais, perplexos, tinham a expressão que simulava um grande ponto de interrogação.
Outro tipo, mais sofisticado é dos entendidos em vinhos. Não falo dos enólogos e Sommelieres haja vista que se trata da profissão deles, sendo obrigação a apresentação de pareceres técnicos sobre os vinhos. Falo sim dos consumidores metidos a entendidos. Pegam o copo, elevam contra a luz e encontram não uma cor vermelha e sim “rubi”, no gosto não acham bom, gostoso, ótimo ou maravilhoso, e sim gosto de amoras silvestres ou canela. Os vinhos nacionais são no máximo bonzinhos, e os estrangeiros são sempre muito bons, mesmo quando detonados pela longa viagem ou grandes períodos nas quentes prateleiras dos supermercados. O seu gosto não interessa, o deles basta. Você tem a obrigação de adaptar o seu paladar ao deles, pois somente eles entendem o que é bom e o que é ruim. Se você gosta de tomar um bom vinho tinto com um pedaço de peixe, meus pêsames, você não está com nada. Não interessa se você gosta, se o seu paladar acha maravilhoso, ele está enganado, segundo os chatos do vinho.
A classe dos chatos mais em moda é a dos ECOCHATOS. Arautos do fim do mundo, vêem Armagedom à cada esquina. Tudo é motivo para pessimismo exagerado. Se faz calor, é por que está havendo aquecimento global. Se o frio está presente, é causado pelo esfriamento da terra. Ciclos naturais da terra de esfriamento e aquecimento não são levados em conta. Embora as estatísticas confiáveis não passem de um século, e o mundo tenham bilhões de anos, eles acham que estamos na hora de mudanças importantes, e que a sua ação pixotesca resolverá o problema. Para tanto não hesitam em perturbar a vida de todo o mundo.
As vezes você encontra um conhecido, e por questão de educação ao encerrar o papo, diz: aparece lá em casa. Não é que o sujeito aparece. Aí você tenta encurtar a visita mais não adianta, ele não se dá conta. O velho truque da vassoura atrás da porta não funciona. Não adianta dar corda no relógio dizendo, como meu falecido sogro : é foi-se o domingo. Ele não vai embora.
Finalmente, o tipo mais chato dos chatos, o sujeito que senta ao seu lado para uma longa viagem, e resolve contar a sua vida. Só existe uma saída: você leva uma bíblia e coloca no colo. O sujeito ao seu lado vai fingir que dorme a viagem inteira. Você somente corre um risco: o seu companheiro de viagem também leva uma bíblia...

A BICHA

A forma mais tradicional de estabelecer prioridades, antes das malditas senhas eletrônicas, foi a fila. Tecnicamente dita fila indiana, nada mais é do que uma pessoa atrás da outra, de tal sorte que o primeiro seja atendido, seguindo-se o segundo e por aí em diante.
Os portugueses chamam a nossa fila de bicha. Aqui no estado, onde a maioria da população é descendente da luza terra, até há pouco tempo ainda usávamos esta expressão bicha para designar a fila.
Antes da utilização de “gay” para designar os efeminados, pederastas, viados (sic- assim mesmo - veado seria o bicho), a expressão bicha também servia para designar as pessoas desta tendência sexual. Daí, gerava alguma confusão, tal como a que assisti no cartório da ladeira. Uma longa fila aguardava atendimento no balcão de reconhecimento de firma. Chegou um cliente que não conhecia o ofício e perguntou ao atendente: - Aonde eu vou para reconhecer a firma neste documento ? Respondeu o funcionário: - Ali atrás da bicha. Putz, tinha um “gay” na fila, todo produzido, começou a xingar o pobre do funcionário em altos brados. Não adiantaram as explicações do empregado do cartório, dos seus colegas e nem do chefe do setor.
Na verdade, a população brasileira vive reclamando das filas, mas gosta delas, pois é o lugar onde troca informações, conta sua vida a qualquer um que esteja na sua frente ou atrás. Um exemplo típico é a fila dos aposentados nos bancos. O Banco do Brasil em Viamão descobriu há algum tempo que aposentados formavam fila desde as oito horas da manhã para entrarem no estabelecimento às dez horas quando ele abria. Inteligentemente, o gerente passou a disponibilizar um caixa a partir das oito horas para atendimento exclusivo aos aposentados. Quando chegasse às dez horas, todos já teriam sido atendidos, e, portanto, não haveria colisão com os demais clientes. O que aconteceu? Eles começaram a chegar às seis horas da manhã e formar fila. Quando o banco abria o caixa exclusivo, eram imediatamente atendidos, e quando banco iniciava o expediente já não tinha mais ninguém para atender dos jubilados, e assim permanecia o dia inteiro. Em suma, eles gostavam era da fila mesmo.
Num destes últimos verões, eu fui até a padaria Cestari, em Capão Novo para comprar pão. Lá chegando verifiquei que havia uma fila que chegava até a calçada. Fiquei ali pacientemente esperando. A bicha andava devagar, pois somente dois atendentes se revezavam embalando, pão, frios e outras mercadorias. Na minha frente, duas senhoras conversavam animadamente. Até que chegou o momento do atendimento delas. Disse a atendente: - pois não, o que a senhora vai querer. – Eu, nada ela é que quer... – Ué eu também não quero nada estava te acompanhando... - Mas, eu pensei que tu estavas na fila e fiquei contigo... Disse o cidadão que estava atrás de mim: - Não é possível, não acredito... Disse eu: - acredite sim, é a verdade. As duas entraram na fila, imaginando que a outra estava na fila. Esta história se espalhou pela praia, e até hoje é lembrada.
A penúltima moda é a da fila sentado. O cidadão chega e retira uma senha numerada, a qual lhe dá direito a aguardar a sua chamada, que as vezes leva duas horas como na Caixa Econômica Federal. Mas, ele tem uma vantagem pode assistir uma linda televisão colorida, sem som.
A última moda é entrar na fila pelo telefone. Você liga para a repartição e se acomoda na fila virtual. O problema é que você não consegue a ligação. Bom, mas é o problema é a sua incompetência na ligação certamente...
Realmente a bicha é um patrimônio nacional a ser preservado.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O TEMPO PASSA, NO ENTANTO, ELE NUNCA ENVELHECE

O tempo não existe.
Se você formos aos dicionários como o famoso Aurelião, Houaiss e outros menos votados, vamos ser enrolados pois não vamos ganhar uma definição de tempo.
Se formos para a física, podemos comparar a idéia de tempo com a idéia de distância percorrida, ou seja a medida entre dois pontos.
Assim o tempo seria uma medida entre dois momentos; entre dois instantes. O antes comparado com o agora; o agora comparado com o depois; ou ainda o antes com o depois.
Podemos dividir então o tempo em passado, presente e futuro. Passado é o que foi, presente o que é, e futuro o que será.
Primeiro, examinamos o presente o que é? Bom, presente é o momento de agora, ou seja o que não foi e o que ainda não é.
Quando enxergo o que é, ele já não é, logo já é passado. Se me adianto, tenho só futuro que ainda não é. Logo, o presente é mero cálculo matemático o resultado da subtração do futuro pelo passado.
O futuro, tal como é definido, ou seja aquilo que não é, mas poderá ser, não existe por definição, ou seja, ainda não existe, e talvez, nem venha a existir.
Resta o passado, o qual já foi, logo, não existe mais.
Quando olhamos para as estrelas, em verdade, o que vemos é o passado, elas podem até não estar mais lá. Assim, ao reduzirmos as distância para o alcance da mão, estes mesmos princípios podem ser aplicados em menor escala, quando eu olho os meus dedos, eu vejo é o passado deles, e não o presente.
Diante desta inexistência do tempo, posso declarar de viva voz que não posso ser considerado velho, pois inexistindo o tempo esta referência é completamente desprovida de qualquer sentido.
É verdade que o meu velho e bondoso pai – no alto de seus 76 anos bem vividos – já decretou que velho é todo aquele que tem mais idade do que a gente. Assim, nunca seremos velhos.

ESTE GURI TEM BICHO CARPINTEIRO...

Estes dias lembrei-me desta expressão que minha avó usava -este guri tem bicho carpinteiro. Lá nos altos de sua sabedoria, ela queria dizer que eu não parava quieto.
Na verdade, todo garoto é inquieto por definição. Não pode ficar parado, tem que no mínimo estar mexendo em alguma coisa.
No restante da vida, também sou assim. Gosto de saber dos porquês, de conhecer as origens, entender a causa dos acontecimentos, e as demais possibilidades.
Também tenho muito prazer em contestar, pois gosto de testar a força das teses dos demais. Sou acusado – não raro e injustamente (será?) – de defender teses que não minhas para somente ter uma bela discussão. Extraindo prazer do simples amor ao debate.
José Hernandez em sua genial obra MARTIN FIERRO recita no Canto XXVIII número 998:

Yo sé que el único modo
A fin de pasarlo bien,
Es decir a todos amén
Y jugarle risa a todos.

É a atitude política dizer amém a todo mundo, independentemente de correntes que comunguem. Quem assim procede sempre está em paz. É claro que só não estará em paz com sua consciência, mas político sabe lá o que é isto?
Segue Hernandez :

El que no tiene colchón
Em cualquier parte se tiende;
El gato busca el jogón
Y ése es mozo que lo entiende.

A maioria vive como o gato que em qualquer parte se estende, desde que seja perto do fogão, é claro.
Ora, o mundo evolui pelo inconformismo dos inquietos.
Se fosse pela vontade dos acomodados, o mundo estaria parado.
Por isso, glória à inquietude. Glória aos que tem bicho carpinteiro...

segunda-feira, 17 de março de 2008

ANTENA 03

- IVONE,comentando NUNCA ANTES NESTE PAÍS, trouxe à lume um comentário de Rita Lee, na qual a roqueira jurássica (mas simpática) sugere que se coloque todos os políticos candidatos numa casa tipo Bib Brother, e com o passar do tempo o povo vai votando um a um, de tal sorte que ao final resulte o candidado eleito. Eu já preferia um final mais feliz - para o povo é claro: fecha todos eles lá dentro, veda todas a aberturas e coloca gás mostarda. O que sobreviver é eleito. (Que maldade!)

NUNCA ANTES NESTE PAÍS

O nosso Presidente, eleito pela maioria do povo brasileiro, em eleições diretas livres, nos exatos termos pregados pela Democracia plena e representativa, afirma todos os dias que vivemos tempos maravilhosos em nosso país. Para tanto criou uma expressão peculiar : “nunca antes neste país...”
Pois bem, vamos comparar o Brasil atual com o Brasil antigo, os de meus tempos de menino. Os tempos que falo são exatamente o referente ao período da ditadura militar. Não quero a covardia de comparar com os tempos de Juscelino, nem a maldade de comparar com a República Velha.
Iniciamos o exame pela Segurança Pública. Naqueles tempos, eu andava na rua a hora que bem entendia, em qualquer lugar da cidade. Tal como fazem tranqüilamente ainda hoje os parisienses e londrinos. Ia para a escola a noite, e minha mãe deixava a porta meramente encostada. Não tínhamos em nossa velha casa de madeira, qualquer tranca, grade ou alarme. Nosso cão de guarda era um cachorro vira-lata de nome Totó, com menos de um palmo de altura. Nunca vi um assalto a ônibus. Aliás a gente nem sabia que era possível. Os poucos armazéns que existiam nas redondezas trabalhavam sem grades diretamente com os clientes até as 9horas da noite, sem qualquer problema. Os bancos não tinham porta giratórias, nem guardas, os caixas não tinham nem vidro. Assalto a banco só em filme de Bang Bang. A comparação fica por conta do leitor.

Passamos à Educação. Eu estudava em escola pública. As 12h30min tocava a sirene para a entrada. Nós, os alunos, fazíamos uma formação por turma de aula, dois a dois, as meninas na frente e os meninos atrás. No segundo sinal, fazia-se silêncio. Na seqüência, o professor diretor ou a professora vice-diretora fazia breve pronunciamento com os avisos do dia. Finalmente, o terceiro sinal determinava que as filas se encaminhassem em ordem em direção às salas de aula. As filas serpenteavam em direção às salas de aula em pleno silêncio. Lá já nos aguardava não a tia e sim a professora. A professora ou professor tinham sólida formação, profundos conhecimentos e uma didática invejável. Jamais alguma professora reclamou de seus salários. Aliás nós nem sabíamos que ele existia, pois nunca se referiam ao mesmo. Nunca entravam em greve, na verdade nem faltavam. Não existia esta de período vago por falta de professor. As aulas começam no primeiro dia de março e terminavam ao final de dezembro, com pequeno período no meio do ano. Aluno que não vencia uma matéria rodava de ano, e repetia tudo de novo. Nunca vi um aluno xingar o professor, pois se o fizesse seria expulso sumariamente da escola. A biblioteca do saudoso Colégio Inácio Montanha, era um brinco. Assoalho encerado, cadeiras de boa qualidade, mesas idem, livros arranjados em prateleiras enfileiradas, seguindo as normas de biblioteconomia. Livros sem qualquer mancha, rasgo ou risco. Educação física com professores competentes, amparados por material de ginástica olímpica, incluindo barras, cavalo, bolas, medicine ball etc... Só para lembrar: não estou falando do Colégio Anchieta . A comparação fica por conta do leitor.

Vamos ao último item a saúde. Não havia a universalização da saúde através da previdência oficial como existe hoje. As categorias eram assistidas por seus institutos. Desta forma, as categorias de maior poder aquisitivo como a dos bancários tinham uma boa assistência, e as numerosas, tais como a dos industriários também. As de pouco poder aquisitivo ou numero reduzido tinham problemas. A assistência dos que não tinham ligação aos sindicatos das categorias era feita através dos postos de saúde ou pelas Santas Casas. Já existiam também os serviços sociais da industria e do comércio, os quais já apresentam um boa assistência social, incluindo assistência dentária. É claro que estamos falando de um tempo, onde a medicina não contava com toda a maquinaria que conta hoje. Na verdade, a assistência hoje é mais completa. Qual o problema então? O problema é o acesso. As longas filas que demonstram uma assistência inferior as necessidades da população. Exemplificativamente: como justificar que uma pessoa com câncer no seio tenha que esperar mais de um ano para fazer uma mamografia. Ora, quando ela conseguir fazer o exame e sair o diagnóstico positivo para o CA, ela já estará com metáteses por todo o corpo. Quando a pessoa consegue ser atendida, o serviço é bem prestado, o problema é chegar até ele.
De qualquer sorte, em nada justifica o otimismo de Lula, o qual num rasgo de mistura de arrogância, maldade ou ignorância, disse em voz alta que o Brasil, em matéria de saúde, estava se aproximando da perfeição. Certamente estava se referindo a saúde no Palácio do Planalto. A verdade é que “nunca antes neste país vimos tanta gente em fila buscando assistência médica ou hospitalar.

domingo, 16 de março de 2008

A FORÇA DAS PALAVRAS

Plutarco foi um filósofo e prosador grego, o qual teria vivido entre 45 e 125 d.C.
Conta-se que teria escrito mais de 200 livros.
É dele a frase: “Para saber falar é preciso saber escutar.”
Jesus na Parábola do Semeador acrescentava que é necessário não somente ouvir, mas entender o que foi dito.
A natureza é sábia deu a homem dois ouvidos e somente uma boca.
Se Deus quisesse que mais falássemos do que ouvíssemos teria, ao contrário, nos dado duas bocas e somente um ouvido.
Costumo fazer uma brincadeira com isso, dizendo que falamos em MONO, pois, o som sai de uma única fonte, e escutamos em ESTÉREO, pois são dois os ouvidos a captar os sons.
“In principio erat verbum et verbum erat apud Deum et verbum erat Deus.”
Tudo começa com a palavra.
Dizia Miguel de Cervantes (1547-1616), in Dom Quijote de La Mancha, que “ Ao bom entendedor meia palavra basta.” Ou seja não são necessárias longas explanações e sim palavras de qualidade dentro das frases.
Também nesta linha encontramos Paul Valéry, ensaísta e poeta francês, para quem “ entre duas palavras escolha sempre a mais simples. Entre duas palavras simples, escolha sempre a mais curta.
É por aí que me situo: procuro sempre escutar o máximo possível para aprender, e somente quando vejo que acumulei algum conhecimento busco transmitir a outros as minhas descobertas e meus acréscimos pessoais. Na minha escrita, procuro sempre escrever de forma clara e objetiva, sem mais delongas ou rodeios.
Tal como Millor Fernandes ( sem qualquer tipo de comparação pois se trata de um gênio) sou um escritor ( ou escrevinhador) sem estilo.
Érico Veríssimo de quem sou fã, tendo todos os seus livros, e alguns em duplicata, costumava dizer que não era um escritor e sim um contador de histórias. É claro que ele não tinha razão, pois além de ser um grande contador de história, também tinha estilo e bom conhecimento da arte de escrever. Eu sim sou somente um contador de histórias, através de minhas crônicas, sobre as quais tenho recebido alguns elogios aqui e ali. É verdade que a maioria dos leitores está em silêncio obsequioso, o que me poupa, mas as vezes me deixa angustiado, pois preferia até ouvir e ler algumas críticas.
Talvez alguns que pudessem fazer o papel de críticos não sejam filiados a Charles Maurice de Talleyrand, para quem “A palavra foi dada ao ser humano a fim de que ele pudesse, com ela, encobrir, seus pensamentos.” Quem sabe alguém ou alguns não estão pensando que ao escrever eu estou escondendo, camuflando, sonegando ou ocultando os meus verdadeiros sentimentos?
Por derradeiro, fecho com um pensamento do belga Maurice Maeterlinck: A palavra é do tempo; o silêncio da eternidade.” Ou, como diria o pensamento popular: em boca fechada não entra mosca!

sexta-feira, 14 de março de 2008

O ZANGADO - DA SÉRIE O ESTEREÓTIPO

Quem escreve vive do leitor.
Um dos meus leitores (eles podem lotar uma kombi) é o meu colega Dudu. Certamente me lê em solidariedade a este amigo. Pois, ele me sugeriu que escrevesse sobre a figura do zangado.
A primeira personagem que me vem à cabeça é a anão Zangado, um dos sete. Lembrem-se dos demais: Dunga, Atchim, Mestre, Soneca, Dengoso e Feliz, além da insossa Branca de Neve. O anão zangado é um reclamador (neologismo caseiro), estando sempre de mau humor, indo espraiando seu pessimismo por onde anda.
O zangado é um eterno angustiado, pois se não há motivo para o azedume eterno, ele procura um até achar.
Ele chega ao ambiente procurando um defeito, e vibra quando acha. Aí, faz um escândalo, como se houvesse sido pego de surpresa, escondendo a sua procura insana.
O zangado nunca fica satisfeito com a cura ou conserto, acreditando que será sempre mal feito, e que o problema apresentará recidiva.
O importante do zangado é que ele nunca é culpado de ações ou omissões, sempre há um terceiro como autor direto ou indireto dos atos impróprios.
O zangado nunca erra. Se, eventualmente, for flagrado em erro, a culpa é de alguém próximo a ele que, no mínimo, lhe induziu ao equívoco.
Os afetos do zangado são pessoas cheias de defeitos, não fazem nada correto, desde cortar a unha do dedão do pé até dirigir um automóvel.
O zangado, ao contrário, é um perfeccionista: tudo o que faz é cem por cento correto. Não admite qualquer tipo de censura, advertência ou mera sugestão. Se, alguma vez, o zangado entender que um conselho lhe pode ser útil, o rechaça imediatamente, e após algum tempo, retorna com a mesma idéia como sempre lhe pertencesse.
O zangado não tem amigos, somente conhecidos fazem parte de suas relações. Imagina, se ele tem um amigo, este pode lhe pedir algum favor.
Em contrapartida, o zangado nunca tem inimigos. Ele não tem como os criar, pois, como mantém todas as pessoas à distância, sem qualquer hipótese de entrar na intimidade, nada sabem de sua vida, não penetrando no seu mundinho inexpugnável.
O casamento do zangado somente tem duas hipóteses para perdurar. Na primeira, ele casa com uma desligada, a qual não se abala com nada. Não sei se você pode entender o que seja uma pessoa desligada. Vou exemplificar, para o pleno entendimento. Digamos que a desligada esteja em sua sala de estar, vendo tevê, de surpresa um trem bala atravessa o ambiente em diagonal e desaparece. O que dirá a desligada? Simples: para onde será que ia o trem. Na outra, ele casa com uma zangada. Não haverá casamento mais feliz. Este tipo de casamento é comum entre os portugueses. Vocês já notaram que os casais de portugueses estão sempre de mal humor e são dotados de um pessimismo enorme?
O sorriso do zangado não dura dez segundos. Auto flagrado rindo, se recompõe imediatamente. O zangado não conta piada, pois corre o risco de rir da própria hilaridade, o que não lhe ficaria bem.
O lugar em que o zangado se sente à vontade é o campo de futebol, onde xinga o juiz, os auxiliares, o seu técnico os seus jogadores, e , obviamente o time adversário e a torcida contrária. Reclama que a cerveja não está gelada; protesta contra a demora do início do jogo; se indigna contra a fila do banheiro. Pede briga com o guarda de automóveis. Chega em casa, descarrega o mal resultado na mulher e nos filhos.
No trabalho, se é chefe os subordinados são todos uns incompetentes; se é empregado, os administradores não reconhecem sua capacidade de trabalho.
No enterros, se o velório está vazio, reclama que os amigos e parentes do morto são uns ingratos que não vêm se despedir; se o velório está concorrido reclama que as pessoas deveriam ter prestado homenagens ao defunto quando em vida e não agora quando morreu. Se é o autor do velório, fica pensando: por que eu?

quinta-feira, 13 de março de 2008

UM POUCO DE TURISMO EM RICHMOND - LONDRES

O Rio Tamisa serpenteia entre as entranhas de Londres, ao longo de 21 milhas, cortando a linda Kew Gardens e a maravilhosa Richmond.
O lugar é muito bonito, com parques muito lindos, casas históricas, palácios e suas inconfundíveis mansões, verdadeiros castelos.
Como hoje as grandes famílias são raras, muitos destes prédios enormes foram divididos em flats, os quais são locados a quem se interessar.
Num destes flats, ficamos durante dez dias no último setembro, por honra e graça de nosso sobrinho Felipe Kops.
Entre as atrações imperdíveis de Richmond podemos citar o Real Park, muito grande, onde habitam cervos, os quais podem ser fotografados livremente, pois já acostumados com os visitantes. Sem falar nos lindos esquilos vindo comer na sua mão.
O Richmond Theatre é outra atração muito interessante.
Richmond foi e é habitado pela nobreza inglesa incluindo Elizabeth I, Rei Edward I, George V, Henrique VIII e Ricardo III.
Os moradores vão do roqueiro dos ROLING STONES Mick Jaeger ao filósofo Bertrand Rusell; da escritora Virgínia Woolf ao ator Richard Grant.
Ruas impecavelmente limpas, trânsito ordeiro e silencioso, restaurantes e lojas bem interessantes.
Obrigatoriamente você passa pela linda Richmond Bridge (ponte).
O casario parece uma grande e impecável maquete de tão perfeito.
Um lugar que você escolheria sem dúvida para morar.

terça-feira, 11 de março de 2008

ANTENA 02/08

1. Há alguns meses, o exército de Chavez invadiu a Guiana.
Agora, o cara-de-pau faz um barulhão face à invasão dos Colombianos para pegar uns terroristas que eram abrigados pelo capacho do governo Equatoriano.
2. Imaginem se um ladrão invade sua casa, rouba suas coisas, seqüestra seus filhos, se depois vai se refugiar na casa do vizinho que o acolhe. O que você faz? Não precisa se exaltar, já sei: vai lá invade a casa do vizinho, enche o ladrão e o vizinho de porrada!Foi exatamente o que fez a Colombia, só não bateu no vizinho, levou ele no mole.
3. Guerra na América do Sul? Somente um pais tem condições de manter uma guerra por mais de 10 dias: a Colômbia. Logo com quem o Chavez tentou se meter. Os demais não tem armas, munições, equipamentos, ou seja não têm intendência para enfrentar qualquer guerra mesmo de pequeno ou médio prazo. Seria uma verdadeira briga de anões.
4. Este briga da governadora com a defensoria me fez lembrar a piada do anão. Um sujeito está contando um episódio que lhe aconteceu para outro conhecido. - Estes dias vinha caminhando pela rua e vi cinco grandalhões batendo num anão. - Sabe como eu sou né? Detesto injustiça; o sangue me subiu para a cabeça, e não agüentei mais, fui lá, na hora, e enchi o anão de porrada...A governadora geral fez a mesma coisa: dois gigantes queriam o subsídio e mais um anão. Aí, ela deu o subsidio para os gigantes e encheu o anão de porrada!

domingo, 9 de março de 2008

ANTENA 1/08

LULA NA DIREÇÃO
Num velho disco do Juca Chaves ( Chavez sério), ele contava uma história imaginária, onde Chico e Caetano saindo duma festa dirigindo um carro em alta velocidade dizia um deles: - Hei Chico diminui a velocidade tá correndo muito... Responde Caetano: - diminui você, pois você é que está dirigindo.
Pois o Lula Lá é exatamente assim. Ele não se dá conta que é o Presidente da República, ou seja, responsável por qualquer mudança no país. Ele fala como se estivesse na oposição.
Hei Lula, quem está dirigindo é você!

YEDA
Pois a nossa ilustre governadora deu uma de valente contra a Defensoria Pública, barrando os subsídios para a classe, inobstante o princípio constitucional que os determina. Ora, não pode a governadora discutir se deve ou não dar o subsídio, pois a CF é clara, pode, é isto sim, discutir a forma de implantação e os prazos, mas jamais se deve ou não implantar. Mas, foi valente somente com a classe menor (os defensores são pouco mais de 300), mas não foi tão corajosa com as classes maiores dos Juízes e Promotores, pois são milhares. A Yeda demonstrou parcialidade no episódio. Quanto aos deputados não se podia esperar nada diferente mesmo. Confiar em político é mesmo que botar a cabeça na boca do Leão, imaginando que ele sempre estará de bom humor.

PP
Em épocas anteriores, o partido mais escroto que havia era o PFL. Estava em todas as boquinhas. Se havia governo, lá estava o PFL aderindo. Esta pecha também pertenceu ao PTB, fazendo Getúlio Vargas, seu fundador, Jango e Brizola se virarem nos respectivos túmulos. Agora, temos um novo partido assumindo o papel de adesista juramentado: o PP. Eu que me apresento como conservador (e sou) sou isento para falar. Progressista é o contrário de conservador. Pois o tal PP – que se diz progressista – é o que há de conservador radical, reacionário extremado, fora de moda e bolorento. Agora, para puxar o saco da YEDA resolveu fechar questão contra o subsídio, depois de ter votado a favor na primeira vez. Tenho vários amigos do PP, aliás, tinha, não quero mais conversa com esta gente.

sábado, 8 de março de 2008

ANTENA

A partir de amanhã, vou publicar aqui no Blog pequenas notas expressando minha opinião sobre os assuntos do dia. Serão notas curtas de minha autoria. Nestas notas poderei criticar, elogiar, festejar ou malhar os autores das notícias. As notas não excederão duas linhas, não contendo análises dos fatos somente opinião direta minha. Aguardem a novidade.

O PRIMEIRO SEXO

O mundo comemora o dia da mulher.
Festas protestos, discursos inflamados, passeatas, reuniões e assembléias destacam a importância da mulher em nova sociedade. Protestos contra os remanescentes discriminatórios tais como diferença de nível salarial, abusos sexuais, agressões e até mutilações como em África.
Entendo que a mulher já conquistou o seu espaço na sociedade, e o vem consolidando nos últimos anos.
Em muitos aspectos, já superou o homem em conquistas profissionais, tomando conta de algumas carreiras que antes eram exclusivas dos homens. Cito como exemplo a magistratura, que até a pouco era privilégio masculino, sem que houvesse qualquer justificativa para esta discriminação, mas ela era tida como normal.
A história registra que a opressão da mulher sempre foi grande. Principalmente de setores que nos causam profunda estranheza, tais como a própria igreja. A exclusividade do sacerdócio para os homens é um exemplo disso.
Filósofos católicos, ou seja, gente muito inteligente tinha como normal a discriminação da mulher, a julgando um ser inferior.
O movimento a favor da mulher inicia realmente na Revolução Francesa, e atinge o seu auge na segunda metade dos anos 60, com os movimentos feministas.
Todo movimento reivindicatório tem que ser radical no início para marcar presença. Foi exatamente o caso dos movimentos feministas que saíram na rua rasgando soutiens.
É muito difícil explicar a esta geração dos nossos filhos que até pouco tempo as mulheres não tinham direito ao voto. Que a desenvolvida Itália permitiu o voto para as mulheres somente em 1945. Dá para acreditar?
Você crê que até a década de 60 a mulher não podia receber uma procuração sem a autorização do marido?
Poucas décadas atrás a mulher não podia trabalhar sem o consentimento do marido?
Que a mulher era proibida de jogar futebol no Brasil faz pouco mais de vinte anos?
Que a mulher que sentasse sozinha num bar de noite para tomar um chope era considerada uma prostituta?
Que a mulher desquitada (instituto que antecedeu a separação judicial) era considerada de má índole, sendo sempre considerada culpada pela separação?
Que as mulheres não podiam fazer parte das forças armadas?
Pois tudo isso acontecia por aqui faz pouco tempo.
Na verdade, a mulher mais modernamente não busca mais a igualdade, pois se não chegou a tudo, não tardará a chegar, quer sim marcar as diferenças, sem privilégios ou desvantagens a favor ou contra ninguém.
Homens e mulheres são seres com características diferentes, devendo ser cada um respeitado dentro desta realidade.
Para a igualdade não é necessário que mulher vá trabalhar no porto de estivadora carregando sacos de arroz de 60 kg, nem é necessário que o homem tenha a habilidade e sensibilidade da mulher.
Entendo (provocação) que em a mulher, buscando a igualdade com o homem, sairá perdendo, pois é muito melhor sob a maioria dos pontos de vista.
Com este espírito, saúdo todas as mulheres nas pessoas de Zenoir minha mãe; Lúcia minha primeira esposa (que nos deixou precocemente); minha filha Gabriela, exemplo de persistência, de luta na busca dos seus objetivos, uma fonte permanente de orgulho para mim; Lourdes, minha esposa, grande companheira, um enorme coração e sensibilidade apuradíssima, realmente uma pessoa para uma vida, ou além dela. Nestas mulheres que habitam o meu coração (pedindo escusas às demais, incluindo parentes, amigas, colegas e conhecidas), homenageio a todas as mulheres.

quinta-feira, 6 de março de 2008

UMA BOA LEITURA

STEPHEN WAWKING, Doutor em Cosmologia, ocupa a cadeira que pertenceu a nada mais nada menos que Isaac Newton, como Professor Lucasiano de Matemática na consagrada e tradicional Universidade de Cambridge, juntamente com o Professor Leonard Mlodinow do Instituto de Tecnologia da Califórnia, escreveram uma nova versão para Uma Breve História do Tempo, agora sob o título de UMA NOVA HISTÓRIA DO TEMPO. Edição EDIOURO em tradução de Vera de Paula Assis, em linguagem bem acessível.
Inicia como uma introdução sobre o universo, apresentando a realidade de Newton, explicando com simplicidade a teoria da relatividade, ensinando sobre o espaço curvo, expansão do universo, big bang, buracos negros e evolução do universo. Fala também um pouco da realidade quântica, e o capítulo que eu mais gostei foi o dos buracos de minhoca e viagens no tempo.
É um livro maravilhoso. Você não precisa entender nada de física ou astronomia, só precisa estar com os neurônios em alerta, mesmo que sejam somente o Tico e o Teco estejam presentes.
Se não for encontrada uma solução para o problema do tempo, as grandes viagens pelo universo serão impossíveis de realizar dadas as grandes distâncias envolvidas.
Se sairmos numa viagem à outra galáxia, possivelmente o nosso bisneto volte algum dia para contar como foi a jornada espacial.
Os buracos de minhoca são nada mais nada menos do que pontes entre um lugar e outro no espaço e no tempo, o que possibilitaria atravessando esta ligação as viagens espaciais de longas distâncias, resolvendo o problema espaço-tempo.
A teoria já adiantada pelos ficcionistas está se mostrando real, estando em estudo pelos cientistas do mundo todo.
É um livro de poucas páginas, um pouco mais de 170, que você terá vontade de reler de tão interessante que é.
Boa leitura.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O MOMENTO DE DIZER

O que é o momento? Ora, trata-se de um reduzido espaço de tempo. É o instante, e principalmente é a ocasião. Ocasião, por sua vez é a oportunidade de realização de alguma coisa. É o tempo oportuno de fazer ser.
No latim, encontramos “momentum” como sinônimo de uma pequena parcela; uma pequena divisão do tempo.
Os espanhóis associam muito com a idéia de circunstância.
Os franceses utilizam moment. “À tout moment”. Ligado mais com a idéia de instante de ocasião (“instante et occasion”).
Os ingleses também utilizam o “moment and instant” como idéia de circunstância e também de oportunidade.
É de Sêneca a frase “Momento fit cinis diu silvae”. Numa tradução livre, algo como Em um momento poder ser cinza o que por muitos anos foi arvoredo espesso.
Qual o momento certo de dizer as palavras que se quer dizer?
Diz um ditado popular que as notícias más devem ser ditas de uma vez só, de supetão, para que passem depressa, e as boas devem ser ditas aos poucos, intermitentemente, para que restem saboreadas.
Assim se você quer dizer que odeia, que diga logo, aí você se livra do desafeto imediatamente, sem sofrimento.
Contrário senso, se quer dizer que ama, diga aos poucos, mas sempre. Embora adrede se saiba, é bom ouvir.
Saibam externar seu sentimento à pessoa amada; saiba dizer ao seu afeto quanto dele gosta. Não perca a oportunidade.
Ali adiante, ele pode não estar mais, ou você pode faltar, e ele não terá mais a oportunidade de ouvir de sua viva voz o carinho que a ele dedica. Não perca a oportunidade.
Não só as pessoas precisam ouvir palavras de carinho, o próprio mundo precisa delas. Faça a sua parte.
Todo o evangelho é resumido a apenas uma frase AMA O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. E, acrescento eu para encerrar: ame e diga que ama, pois o momento é sempre agora.

terça-feira, 4 de março de 2008

OS ÚNICOS ERRADOS: FERNANDO PESSOA E EU (PELO MENOS ESTOU EM BOA COMPANHIA)

O maior escritor da “Última flor do Lácio inculta e bela” ( Língua portuguesa , segundo lição de Olavo Bilac), nada mais, nada menos do que Fernando Pessoa, escrevia também sob outros nomes, entre eles está o nome de Álvaro de Campos. É dele o poema a seguir transcrito, denominado Poema em Linha Reta:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
Eu, cá, de novo.
Nada mais atual.
Ninguém assume nada.
Todo mundo tira o corpo fora.
Ninguém é responsável por nada.
Será que no passado somente Fernando Pessoa errava, e que agora passou o bastão para mim?
Onde estão os outros errados?

sábado, 1 de março de 2008

Alguns modestos comentários sobre o pensamento de Fiador Dostoievski.

“Quanto mais gosto da humanidade em geral, menos aprecio as pessoas em particular, como indivíduos.”
Aqui ele expressa uma confiança na humanidade em geral, quase uma oração, ao mesmo tempo em que se mostra decepcionado com alguns indivíduos. Certamente era a decepção dele com alguns conhecidos, ou até mesmo afetos.

“Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar.”
Expressava sua idéia de ateu, mas ao mesmo tempo dizia que a existência da idéia de Deus era uma necessidade, pois na falta dela a matança seria generalizada.

“Nem homem nem nação podem existir sem uma idéia sublime.”
Trata do mesmo assunto de Deus. Ou seja, uma necessidade de algo superior que nos ampare.

“As vezes o homem prefere o sofrimento à paixão.”
Se esqueceu o mestre que – não raro – as duas coisas andam juntas.

“A purificação pelo sofrimento é menos dolorosa que a situação que se cria a um culpado por uma absolvição impensada.”
Acho que ele colocou pesos diversos na balança, e botou a mão no meio para equilibrá-la. Entendo que muito melhor liberar dez culpados do que condenar um inocente.

“Podem ter a certeza de que não foi quando descobriu a América, mas sim quando estava a descobri-la, que Colombo se sentiu feliz.”
A versão mais moderna da frase seria: o melhor da viagem é o seu preparativo. Sabe que é verdade...

“A tragédia e a sátira são irmãs e estão sempre de acordo; consideradas ao mesmo tempo recebem o nome de verdade.”
Novamente, o problema da balança a tristeza e alegria colocadas no mesmo saco.

“Nada serviu tanto o despotismo como as ciências e os talentos.”
Acho que não, se bem que é verdade que os déspotas sempre se serviram do talento alheio.

“Não há idéia nem fato que não possam ser vulgarizados e apresentados a uma luz ridícula.”
Também entendo assim, pois por mais sério que o assunto possa parecer, basta uma boa maquiagem para torná-lo hilário ou ridículo.

“Decididamente não compreendo por que é mais glorioso bombardear de projéteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas.”
É problema do glamour. Todo mundo acha muito mais elegante matar outro com um tiro do que com uma facada.

“A beleza salvará o mundo.”
O mundo é belo. Nós é que somos cegos.

“A falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho.”
Dostoievski falava com conhecimento de causa, pois foi recluso durante muitos anos. É a história da solidão na multidão. O grande problema das grandes cidades.

“A vida é um paraíso, mas os homens não o sabem e não se preocupam em sabê-lo.”
A vida de hoje não nos deixa nem pensar. As pessoas ficam me perguntando como tenho tempo de escrever. Ora, é questão de prioridade de ações.

“A fé e as demonstrações matemáticas são duas coisas inconciliáveis.”
Acho que não. Podem ser complementares, bastando um pouco de transigência de parte a parte.

“Não será preferível corrigir, recuperar, e educar um ser humano que cortar-lhe a cabeça?”
O problema é que tem gente que já perdeu a cabeça. É questão de afastá-la o mais que se possa do corpo, para que não voltem a se encontrar.

“Todos somos responsáveis de tudo, perante todos.”
Depois da CONSTITUIÇÃO CIDADÃ o brasileiro é somente sujeito de direitos, nada devendo em contrapartida

“Todas as mulheres sabem que os ciumentos são os primeiros a perdoar.”
Claro, os não ciumentos não precisam perdoar.

“A verdadeira verdade é sempre inverossímil.”
A verdade não é inverossímil ou verossímil. A verdade simplesmente é!

“Não há assunto tão velho que não possa ser dito algo de novo sobre ele.”
É mais ou menos o que estou fazendo aqui.

“Aos olhos do artista, o público é um mal necessário; é preciso vencê-lo, nada mais.”
A palavra correta é conquistá-lo.

“A melhor definição que posso dar de um homem é a de um ser que se habitua a tudo.”
Sou suspeito. Muito gente acha que me adapto demais as condições adversas, o que seria um defeito grave meu. Não sei.

“O criminoso, no momento em que pratica o seu crime, é sempre um doente.”
O conceito de doença é por demais amplo.

"Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas."
Sem dúvida.

“A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz.”
Não é felicidade, e sim sinal de inteligência.

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