segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FAIXA AUTENTICADA EM VERMELHO


Costumo dizer que colorado chato é redundância, mas depois que eles conquistaram legitimamente o mundial interclubes em Tóquio passaram, como é de seu feitio, a desprezar o título do Grêmio.
Para tanto criaram uma adjetivação CAMPEÃO MUNDIAL FIFA.
O fato é que a FIFA não gostou da bobagem, e eles tiveram de tirar a expressão da fachada do beira-lago.
O Grêmio não teria sido campeão pois a Fifa não teria patrocinado o mundial em 1983.
Eu poderia colocar aqui fotos do estádio de Tóquio, onde constava o símbolo da FIFA, mas como acho uma bobagem não me darei a este trabalho.
O que os vermelhos não querem lembrar é que em 1984, mais precisamente em janeiro daquela ano, houve um Grenal para colocar as faixas de campeão: o mundial do Grêmio e o regional do Colorado, ambos os títulos referentes ao ano anterior.
Assim sendo, sob a ótica colorada, eles teriam participado de uma farsa entregando uma faixa falsa.
A foto que ilustra este meu texto é do Jogador Mário Sérgio com a camiseta do Inter segurando na mão a faixa de campeão mundial dada aos jogadores do Grêmio.

FUTEBOL É CULTURA - BARREIRA NÃO EXISTE!

No domingo último, foi apitada pelo juiz uma falta nas imediações da área do Grêmio, os jogadores do Internacional optaram por cobrar a falta imediatamente e fizeram o gol. Os jogadores do Grêmio reclamaram que estavam se preparando para formar a barreira.
A tal de barreira não existe nas 17 regras do futebol. Existem dois tipos de falta: a primeira, o tiro indireto, onde o gol somente pode ser feito se houver um segundo toque de qualquer jogador antes de entrar no arco; a segunda, o tiro direto, aqui os jogadores do time beneficiado com a falta podem optar por cobrar imediatamente, ou exigir que os jogadores adversários se posicionem a 9,15m da bola. Neste posicionamento, tradicionalmente os jogadores defensores se posicionam em linha perpendicular a linha de chute, no que se convencionou chamar de barreira. Resumindo: quem exige a distância, e por via de conseqüência cria-se a barreira é o time que está atacando, ou seja o beneficiado com a falta. O goleiro pede a barreira sim, porém o pedido é dirigido aos seus companheiros de equipe que se posicionem no limite dos 9,15m formando uma cortina a dificultar o cobrador adversário, e não ao juiz.
Por outro lado, se o time atacante não fizer imediatamente a cobrança, estará optando por exigir a distância. Assim, se o juiz imediatamente começar a contar os tradicionais passos, o jogo está parado, somente podendo ser reiniciado depois de que os jogadores se posicionem na distância de 9,15m, independentemente de terem o não formado a tradicional barreira.
Assim sendo, é aconselhável que ao ser apitada a falta, um jogador do time punido com a penalidade fique obstruindo a cobrança até que o juiz conte os passos para que o jogadores fiquem afastados da bola, e formando, neste caso, a barreira a dificultar a cobrança.
Isto é treinamento. O jogador mais próximo tem este encargo em times bem treinados. Se tal não acontecer teremos a cobrança imediata, pegando o time de surpresa tal como aconteceu no último Grenal.
Fico pasmo que os jogadores de futebol, alguns dirigentes e até jornalistas desconheçam as regras mais elementares do futebol. Que os torcedores desconheçam é normal. Agora, quem vive do esporte não pode desconhecer. O número de regras é pequeno, e as decisões da International Board não chegam a uma centena, não há razão para o desconhecimento.

NE ME QUITTE PAS II

No domingo último (27/10/2008), revendo minha coleção de DVDs achei um de Ângela Rorô, interpretando NE ME QUITTE PAS.
A apresentação de Rorô é imperdível, acompanhada somente de bateria, contrabaixo e piano, faz salientar sua voz firme, quase em ritmo de protesto.
Realmente, a excelente cantora valoriza em sua interpretação esta página do cancioneiro francês, e, principalmente, nos emociona.
Na verdade, o DVD de Ângela Rorô é muito bom, digno de fazer parte de uma discoteca de quem gosta de boa música, nos vacinando por longo período contra as porcarias que escutamos - ou não - no rádio.

sábado, 27 de setembro de 2008

DICIONÁRIO DE PETÊS

Lula Lá governará mais dois anos. Depois será eleita a ex-guerrilheira a companheira Dilma Roussef, a qual ficará só guardando o lugar para volta triunfal, quatro anos depois do genial presidente 77%. Ele ficará mais 8 anos. Isto se não houver emendas constitucionais para aumentar o mandato presidencial. Aliás, eu já apresentei a solução em outra crônica guindá-lo a IMPERADOR ou REI DO BRASIL. Não existe qualquer possibilidade de ser diferente, com este povinho que temos no Brasil, e só tende a piorar. A burrice, como costumo dizer, é um patrimônio nacional que cuidamos sempre de guardar.
Para você ir se acostumando elaborei um pequeno glosário, quase um pequeno dicionário de PETÊS para você conseguir traduzir a linguagem petista.

DICIONÁRIO DE PETÊS

COMPANHEIRO – Qualquer pessoa com quem se fala ou de quem se fala.
PLENÁRIA - O mesmo que assembléia.
BURGUÊS- Qualquer pessoa que ganhe mais dinheiro que o petista.
NEOLIBERAL – Qualquer político que não comungue com as idéias petistas.
CATEGORIA – Sindicato comandado pela petezada.
CENTRAL - Reunião de sindicatos petistas.
ÚNICA - Central deles, desconsiderando as outras duas existentes.
TRABALHADOR - Empregado público ou privado, eles não consideram trabalhadores os profissionais liberais, sendo todos enquadrados como burgueses.
GOVERNO POPULAR - Governo populista.
FRENTE POPULAR - Conjunto de partidos de esquerda, incluindo os partidos comunistas que tem vergonha de reconhecer que são comunistas e se dizem socialistas.
COMUNISTA - Sinônimo de Socialista ( esta é demais)
CONTINUÍSMO - Governos repetidos dos outros partidos.
REELEIÇÃO JUSTA - Governos repetidos do PT.
O PRESIDENTE FULANO DE TAL - Presidente do partido deles. Os outros são tratados pelo apelido ou abreviatura sem o título. Por exemplo Sarney, FHC e Itamar, Presidente Lula.
PAUTA - Assuntos que serão tratados em qualquer reunião, já previamente resolvidos.
ESTADO DE GREVE - Greve.
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO – Licença remunerada ( não são descontados os dias de paralisação).
DINHEIRO NÃO CONTABILIZADO - Caixa 2.
CORTAR NA PRÓPRIA CARNE - Companheiro que erra vai tirar umas férias até esquecerem o assunto.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO – Assembléia para decidir o que já foi decidido, onde são tomadas decisões de inclusão no orçamento e que depois não são cumpridas, ou as são anos depois.
REVOLUÇÃO - Golpe de esquerda.
CUBA – O mesmo que Paraíso, Édem ou Nirvana.
FORUM SOCIAL MUNDIAL - Congresso mundial da esquerda com direito a pensamento único.
MEDIDA PROVISÓRIA - Dos outros partidos: ato ditatorial passando por cima do Congresso Nacional, verdadeira excrescência jurídica; no governo petista, ferramenta fundamental para agilidade do governo democrático e popular.
APOSENTADOS - No governo dos outros, gente esquecida pela administração que não tem pena dos velhinhos; no governo popular são os responsáveis pelo déficit da previdência social.
DIVIDA PÚBLICA - No governo dos outros, é uma vergonha; nos governos petistas segundo Lula, o governo tem que fazer dívida para atender o social.
EUA - Na imprensa são imperialistas e os algozes do mundo; nos bastidores são tratados com amigos.
Vá se acostumando com a nova ordem.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

CONVITE

Estou convidando meus amigos e leitores do meu blog para nele escreverem.
Abrirei um espaço que chamarei de O ESCRITOR CONVIDADO.
Publicarei a sua crônica, sem qualquer tipo de censura, correção, retificação ou emenda.
Enviem seus trabalhos para jovaz@portoweb.com.br
Desde já grato pelas colaborações.

José Osnir

NE ME QUITTE PAS


Arthur da Távola uma das pessoas que mais entendia (e melhor sentia) a música costumava dizer – e quantas vezes assisti seu a programa – que quem gosta e escuta música tem vida interior, e mais: quem tem vida interior jamais padecerá de solidão. Que perda o Brasil teve com o passamento do grande Arthur da Távola um dos poucos políticos decentes deste nosso pobre país.
Pois hoje, estávamos eu e Lourdes mexendo na Internet, cada um no seu micro (agora que temos separação de bens informáticos), quando ela fez tocar uma mensagem que tinha uma música que gosto muito, cujo em nome francês é NE ME QUITTE PAS, o que numa tradução literal seria não me deixes.
Em seguida, fui direto ao YOU TUBE, localizando ali um clipe com a imortal Maysa cantando NE ME QUITTE PAS. É comovedora a interpretação da interprete, a música é maravilhosa, e a letra, bem esta eu não tinha ainda lido a tradução, o que acabei fazendo e, não digo, surpreendido, pois as qualidades da música e da interpretação da Maysa já apontavam nesta direção.
Versos como “Não me deixes. Oferecerei-te pérolas de chuva, vinda de países, onde nunca chove. Escavarei a terra até depois da morte para cobrir teu corpo com ouro, com luzes. Criarei um país, onde o amor será rei; onde o amor será lei. E, você a rainha.
Segue, logo adiante, a letra: “Quantas vezes não se reacendeu o fogo do antigo vulcão. Que julgávamos velho? Até há quem fale de terras queimadas a produzir mais trigo; que a melhor primavera é quando a tarde cai, vê como o vermelho e o negro se casam. Para que o céu se inflame.
Encerra em versos, onde o poeta estava com mania de grandeza: “Para te ouvir cantar e rir. Deixa-me ser a sombra da tua sombra: a , sombra da tua mão; a sombra do teu cão. Não me deixes, ou Ne Me Quitte Pas.
Você terá pouca chance de ouvir outra pessoa cantar NE ME QUITTE PAS, pois era a canção que mais identificava a famosa cantora francesa Edith Piaf, lembrada muitos anos no teatro pela filha da legenda Procópio Ferreira, a também maravilhosa Bibi Ferreira, pois poucas cantoras ousaram cantá-la dada a evidente comparação. Pois ela, a Maysa (antes Mattarazzo), teve a coragem e saiu-se num desempenho inigualável.
Para quem não conhece Edith Piaf ou sua história recomendo o filme Piaf, dirigido por Olivier Dahan, com a memorável interpretação de Marion Cotilard no papel da cantora. A história é inesquecível e, sobretudo, comovente.
Por aqui para fechar, digo que se não fosse a presença de Elis Regina na história da música brasileira Maysa seria a minha escolhida como a melhor cantora de todos os tempos. Infelizmente ambas mortas precocemente. Zizi Possi, que não tem a penetração que Elis teve no meu entendimento é a nossa melhor cantora viva.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

OS GAUCHATOS

Um grupo de alunos nos anos 40 fundou no Colégio Júlio de Castilhos um movimento buscando resgatar e guardar as chamadas tradições gaúchas. Nessa turma, estavam várias pessoas que são hoje personalidades, sendo a mesma importante delas Paixão Cortês. Esta semente lançada por Paixão e seus amigos se espalhou pelo Rio Grande, pelo Brasil e até no estrangeiro. São milhares os chamados Centros de Tradições Gaúchas.
Embora eu não tenha elementos, nem estudos suficientes para amparar o que vou dizer aqui, tenho a minha própria experiência pessoal na minha cidade natal, São Gabriel, onde costumava passar as férias quando menino. Assim, para mim botas, esporas, cheripás, guaiacas, poncho, pala, pingo e outros nomes típicos de coisas gaúchas não me são estranhos.
O meu bisavô tinha um armazém no Município de São Gabriel, aonde as pessoas do mais profundo interior daquela cidade, e até de municípios vizinhos vinham apanhar provisões. Assim, eu conhecia carretas, peões em seus belos cavalos, e suas roupas típicas. Falar em bisavô, o “seu” Olibio nunca usou calça na vida, trajava sempre bombachas. Morreu com mais de 80 anos, e nunca passou o vexame de ter que usar esta coisa moderna chamada calça.
Quando vejo gaúchos e prendas desfilando suas roupas ditas tradicionais, me lembram mais uma desfile de fantasias, pois não guardam qualquer identidade com os peões que eu via na minha infância. Outro ponto a considerar é que na verdade as roupas do trajar gaúcho variaram ao longo do tempo, pois são quinhentos anos a considerar. O que é pior é que a maioria dos trajes apresentados são próprios de festas, ou mínimo, trajes de fazendeiros para ir à cidade, ou ao povo como eles diriam.
Acho que qualquer traje tem que ter relação com o ambiente onde é usado, assim é que somente usei bombachas uma vez na vida. Foi no colégio primário, onde participei da festa farroupilha cantando uma música folclórica para uma colega que interpretava a “Rosinha”, eu era o “Boiadeiro”:
- De tardezinha, quando chego pela estrada, minha Rosinha vem correndo me abraçar
- É pequeninha, quase nada, mas não tem outra mais bonita no lugar.
- Vai boiadeiro que a noite já vem.
-Leva o teu gado e vai prá junto do teu bem.
Onde será que anda a Rosinha? Nunca mais a vi.
Fico também indignado ao ver os chamados tradicionalistas usando grandes chapéus de aba larga, sem tirá-los da cabeça ao entrar em ambiente fechado. Não é outra a causa de toda a casa antiga ter um chapeleiro na entrada. Eles chegam ao supra-sumo da falta de educação ao sentar à mesa de chapéu.
Assim como existem os ECOCHATOS, existem também o que costumo chamar de GAUCHATOS. O sujeito que anda o tempo todo pilchado, de botas com 40º Celsius à sombra (haja chulé), vai ao supermercado com uma cuia na mão e garrafa térmica debaixo do sovaco. Não sai do CTG, vai a tudo que é rodeio. Mora em apartamento e paga uma grana para ter um cavalo guardado em haras só para andar no final de semana. Batiza a filha de Bibiana e o filho de Rodrigo Cambará. Passa o dia cantarolando o CANTO ALEGRETENSE. Chama carta de chasques e casa de galpão. Trata todo mundo de tu, mas conjuga o verbo na terceira pessoa do singular.
Mas báh, tchê é preciso ter paciência com esta gente!

LULA E OS 77%

Pelas últimas pesquisas o Presidente Lula está com índice de popularidade de 77%. Acho que eu ando muito azarado, pois só consigo falar com as pessoas que fazem parte dos outros 23%. Faz horas que não vejo criaturas de carne e osso falando bem do dito cujo, exceto as figuras que a gente já conhece, ou seja os militantes do partido e seus simpatizantes da mídia como Lauro Quadros, Luiz F. Veríssimo e Afonso Ritter.
Lula Lá por seu turno tem muita sorte Não conseguem fazê-lo culpado de nada. É a criatura mais isenta que eu já vi ( ou não vi) na vida. Seus assessores mais diretos já foram flagrados, demitidos, pediram demissão, sumiram da vitrina e foram defenestrados sumariamente, mas ele nada viu, logo é inocente.
No último mês, Lula Lá aumentou seu índice de popularidade em 10%, assim por que não considerar que o seu progresso continuará no mesmo nível nos próximos meses, afinal de contas ele se supera a cada dia que passa. Desta forma, em outubro deverá atingir 87% de aprovação dos tupiniquins; em novembro mais de 10% alcançando 97%; e, finalmente em dezembro com a chegada do Natal, Papai Noel e suas renas trarão ao povo brasileiro 100% de Lula Lá. Lula Lá brilha uma estrela! Puxa vida, a canção era premonição dos petistas, pois Lula Lá um dia chegaria com a estrela de Belém.
Na verdade, não será 100% pela simples razão que eu, como a velhinha de Taubaté estarei aqui isolado ainda sendo o único contra. Então o índice do Lula Lá será de 99,99999999% de aprovação com 0,0000000001% contra, ou seja EU. Aconselho que quando eu morrer (se um dia acontecer como diria Roberto Marinho) eu seja embalsamado ou quem sabe reproduzido em Cera, como único sujeito que não aderiu ao Lula Lá. Serei assim algo como Jack o Estripador, ou seja o exemplo do mau exemplo.
Um amigo já me disse que eu devo estar com algum vírus alienígena, portador de alguma enzima anti-Lula Lá , pelo que está preocupado pois posso contaminar o restante da população. O tranqüilizei dizendo que este meu eventual vírus deve ser anaeróbico, pois se fosse aeróbico poderia já ter se propagado pelo ar, e a estas alturas grande parte da zona sul de Porto Alegre já poderia estar contaminada. Acho que o Brasil não corre este risco.

sábado, 20 de setembro de 2008

ANTENA QUINZE

1. EUA em crise. O mundo inteiro fugindo do dólar como o diabo da cruz. Dólar dispara no Brasil.
2. Brasil não tem dinheiro para pagar melhor os aposentados, mas tem para reformar Palácio do Planalto, tem para financiar metrô de Caracas, tem para renúnciar refinarias na Bolívia; tem para perdoar dívidas de países, onde nós não temos qualque interesse.
3. Luciana Genro é a esquerda mais bem preparada do trio das Luluzinhas: Luciana, Maria do Rosário e Manuela, mesmo assim não tem qualquer chance, o povo genial de Porto Alegre prefere a Manuela.
4. Manuela deve entender tanto de Prefeitura quanto eu de energia nuclear.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

É PORTUGUÊS, TCHÊ!

Lá no Brasil é difícil entender o linguajar aqui do Sul. Tão assim é que os cariocas, paulistas e gente do norte e nordeste tem muita dificuldade em entender o nosso vocabulário provinciano.
Tem gente que diz ser exagero, que tudo é português.
Não deixam de ter alguma razão, vejam, por exemplo, como é fácil entender a língua do Rio Grande na música Canto Alegretense:
“Flor de tuna, camoatim de mel campeiro, pedra moura das quebradas do Inhanduí.”
Viram que barbada?
Qualquer um pode entender: flor de tuna, ora tuna é um tipo de cactus presente na pampa; camoatim é um parente da abelha; campeiro é do campo; pedra moura entendo ser pedra escura com manchas brancas, quebradas as curvas do rio Inhanduí.
Muito fácil, é má vontade dos estrangeiros brasileiros.
Quando queremos dizer com fartura, dissemos a la farta; quando queremos dizer que alguém está na idade de ir para o exército, dissemos que está no ponto de sentar praça; quando alguém está doente dissemos que está pesteado; quando temos um gerente chamamos de capataz; fazenda é estância; excesso é inhapa.
Muito fácil de entender, deve ser má vontade com a gente do sul.

TRAGÉDIAS E QUASE TRAGÉDIA NA RUA DA LADEIRA

A FLORISTA

Confesso que não lembro ter comprado rosas dela, mas todos os dias ela estava ali na Rua da Ladeira, atual General Câmara, no centro de Porto Alegre, onde trabalho há mais de 39 anos. Nunca soube o seu nome. Ela ficava defronte a um antigo alfaiate de nome Madeira, com dois baldes onde guardava rosas para venda avulsa para os seus clientes.
Era uma pessoa calada, nunca a via conversando com ninguém exceto com os seus clientes. Sua figura era interessante, pois os vendedores de rua naquela época eram poucos, ainda mais neste atividade interessante de vender rosas. Ela não vendia outro tipo de flor; o seu comércio era exclusivo de rosas.
Um determinado dia, um caminhão estacionou no lado esquerdo da ladeira, ou seja no lado oposto onde estava a florista, e ao invés de virar as rodas contra própria calçada, como se faz com os veículos em ladeiras, para evitar que ele destrave e vá lomba abaixo, o motorista resolveu virar as rodas para o outro lado. Não é que o caminhão despencou e foi contra a calçada contrária atingindo e matando na hora a nossa florista? Ficamos todos nós moradores e trabalhadores da rua muito tristes, chateados mesmo com o infausto acontecimento, e principalmente pelo somatório de azares que resultaram no passamento da vendedora de rosas.
Sua figura sentada ao lado das rosas, esperando os clientes ainda faz parte de minhas lindas lembranças, e também de minhas tristezas.

A FAXINEIRA

Durante muitos anos a Rua da Ladeira, nome tradicional da Rua General Câmara, tinha um trânsito que subia, depois inverteram a mão e ela passou a descer. Acho que não foi uma boa idéia.
Acontece que a dita rua é interrompida na altura das Rua General Andrade Neves, face a existência do calçadão da Rua da Praia, logo abaixo, daí que forçosamente o trânsito inflete à direita.
Como se trata de uma ladeira bem íngreme, a velocidade não pode ser muito grande, sob pena de não se vencer a curva de noventa graus à direita.
Pois bem, um caminhão destes tipo de transportes de valores desceu a Ladeira em velocidade excessiva e não conseguiu vencer a curva, indo tombar contra o Edifício Manhattan, mais precisamente contra a escadaria de acesso ao referido prédio, no exato momento em que saia dele uma senhora. Ela morreu a caminho do hospital.
Descobrimos que ela tinha ido exatamente no Edifício Manhattan para se despedir dos colegas, pois no dia anterior havia se aposentado. A infeliz coincidência da descida tresloucada do caminhão e sua saída resultou um final trágico na vida da trabalhadora.
A Rua da Ladeira fizera mais uma vitima.

SORTE

Pois um outro dia um caminhão estava estacionado em frente ao mesmo Bar Ladeira, carregado de tijolos, e destravou descendo alucinadamente a rua. O motorista desesperado gritava para saírem da frente. Pois o caminhão desceu toda a rua, atravessou a Rua da Praia, apinhada de gente e foi parar somente quase na Rua Sete de Setembro, defronte ao Banco Bradesco, sem causar qualquer lesão aos transeuntes.

CONCLUSÃO

Comparei os três episódios, e deduzi: ninguém havia marcado encontro com a morte neste último episódio, mesmo que o cenário estivesse montado.
Lembrei de um velho e sabido dito latino: “Morte nihil certius est, nihil vero incertius quam ejus hora.” Numa tradução de leigo: A morte é certa, só incerta é a sua hora.”

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO O QUE EU FAÇO.

(Odiei este título, mas foi o único adequado ao que infra vou escrever)
Não leio livros de auto-ajuda, acho todos bobos, os quais, na verdade, só ajudam os seus escritores e suas editoras.
Eu posso escrever aqui neste meu espaço do blog, ou por e-mail aos meus amigos, colegas e correspondentes que tenho aqui e no exterior, o que bem entender e não fazer nada do que estou dizendo.
Posso vender idéias lindas, filosóficas, pois entendo que tenho capacidade para escrever sobre o assunto, e, se não sei, tenho as fontes e os meios para achar, mas prefiro não fazê-lo, pois não sei se posso assumir o compromisso de cumprir todas as minhas idéias. Se não posso fazê-lo como posso querer distribuir, repartir e espalhar bem-aventuranças, quando não tenho capacidade para controlar meus instintos?
Lembrei outro dia de uma pequena história sobre alguém perguntando:
- Se você tivesse dois carros você daria um?
- Claro que sim!
- Se você tivesse duas casas você daria uma?
-Claro que sim!
- Se você tivesse duas tevês você daria uma?
-Evidente que sim!
- Se você tivesse duas bicicletas você daria uma?
- Não!
- Ué, por que a mudança?
- É duas bicicletas eu tenho.
O sujeito era socialista enquanto o patrimônio era alheio, quando o comunismo chegou nas suas coisas, ele desistiu, imediatamente da ideologia, e foi direto defender sua propriedade.
Pensando, e pensando também cheguei a conclusão de que é fácil ser honesto de barriga cheia, assim como também é fácil ser fiel quando não se tem oportunidade.
O sujeito se gabava de nunca ter traído a mulher, mas ninguém dava bola para ele mesmo, logo ele não tinha a menor chance de dar uma puladinha na cerca.
Queria ver o mesmo sujeito levar uma cantada de uma dona, e resistir heroicamente. Somente no teste ao vivo, é que pode avaliar a fidelidade.
Este texto, evidentemente, não tem direção, mas não custa lembrar a historinha de uma repórter que entrevistava nada mais, nada menos, do que Sigmund Freud, que como vocês sabem tinha câncer na boca, mas nunca largou o seu charuto.
Não precisa lembrar, mas o meu extinto de professor fala mais alto, não posso deixar de registrar que Freud desenvolveu a maioria de sua teses utilizando a sexualidade. Fecha o parênteses.
A repórter - cara dura- perguntou ao Freud:
- Dr. Freud este enorme charuto na sua boca não pode ser considerado um símbolo fálico?
Resposta bate-pronto do Pai da Psicanálise:
- Minha filha, às vezes um charuto é só um charuto.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

TENHA CIÚMES DELES

Existem muitas coisas irritantes na vida. Uma das que me causa irritação é quando alguém entra em nossa biblioteca e diz:
- Quantos livros! Tu já leu(sic) todos?
A pergunta esconde algumas possibilidades: a primeira, o sujeito acha que só tenho livros para exibi-los, e que não os leio; a segunda, ele pensa que livros devem ser lidos integralmente assim que comprados; a terceira, ele não sabe que existem livros que não são para leitura e sim para consulta; a quarta, ele não conhece os chamados livros de referência, os quais a gente somente lê quando necessita; a quinta, ele é burro mesmo.
Eu já fiz uma coleção de respostas desaforadas para o incauto:
- Li sim, ma esqueci tudo por isto guardei eles aí.
- Eu não sei ler, tenho livros somente para enfeitar a prateleira.
- Hi, quem é que botou estas “pastinhas” ai na minha estante?
- É tudo livro de sacanagem, com capa falsa.
Uma vez um zelador do meu antigo edifício entrou no meu apartamento e vendo centenas de livros, principalmente os de capa vermelha e exclamou entusiasmado:
- Quantos dicionários! O senhor dá um para mim?
Não tive coragem de lhe explicar a realidade. Nem dei o dicionário.
Estes dias, assisti na net uma entrevista de um escritor francês, que infelizmente não guardei o nome, ele falava exatamente sobre o assunto. Dividia ele os livros em livros para serem lidos e livros para ter.
O livro para ser lido é aquele que você compra e obrigatoriamente sai lendo. Existem vários motivos para isto, um deles é que você já tinha ouvido falar na obra e logo quer conhecer seu conteúdo, outro é que pode ser o livro da moda (best sellers), e você não quer ficar alheio ao assunto da roda de amigos, e um terceiro e que me agrada mais é a recomendação de um “expert”.
Os livros para ter são aqueles que a gente utiliza para consulta, neste grupo estão incluídas as enciclopédias, os dicionários, os manuais, alguns clássicos, que fixaram marcos iniciais em alguma atividade ou ciência. Neste último grupo, estão por exemplo A Riqueza das Nações de Adam Smith, A República de Platão, A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen e outros.
Os chamados Best Sellers geralmente são livros descartáveis, haja vista que você jamais voltará consultá-los. Daí que os americanos os publicam no que chama de pocket books em papel ordinário. A L&PM faz alguma coisa parecida, com muito sucesso. Tenho uma coleção deles.
Antigamente, eu gostava de emprestar livros, pois entendia que contribuia com a melhoria da cultura de meus conhecidos. Mas descobri que livro emprestado é livro perdido. Se você mesmo assim quer emprestar faça um protocolo, para mais tarde cobrar a devolução. Se o livro é raro: ofereça somente leitura local.
Se você está pensando em se despedir deste mundo, faça um codicilo deixando sua biblioteca para quem goste dela. Não deixe para herdeiros que não lhe dê o devido valor, por provavelmente a venderá ao quilo para qualquer carroceiro.

sábado, 13 de setembro de 2008

SONHOS DE MENINO

Na verdade, aquilo se tornou um sonho mais tarde, pois na época era algo tão difícil que eu não ousava sonhar. Todas as semanas nós tínhamos aulas com a Professora Denakir, não se espantem, no Colégio Público eu tinha aulas de inglês e francês no que hoje se chamaria a segunda parte do primeiro grau, mas que na época tinha o nome de ginásio.
Ela era professora também da Aliance Française (Aliança Francesa), daí que nos levava áudio-visuais da cidade de Paris, utilizando-se deste atrativo para tentar nos ensinar alguma coisa de francês. Até conseguiu, pois sei pouco coisa, face ao pouco tempo de estudo, mas muito me serviu.
Com o tempo, aquelas imagens que faziam minhas lembranças de menino do velho e bom Ginásio Inácio Montanha, foram criando um sonho prioritário de conhecer Paris. A verdade é que no ano de 2005 fomos (Lourdes, os amigos Sandra e Mário, mais eu, como diriam os baianos)até Paris, passando antes por Milão.
É claro que procurei ver todas aquelas maravilhas antes vista nos visuais da Prof. Denakir, e depois ao longo do tempo nos filmes. Um ponto, entretanto, que não fazia parte do destino de nenhum turista exceto eu, não poderia faltar. A professora tinha um personagem, e em torno dele se passava todo o cotidiano francês, servindo de pano de fundo para as aulas, ele se chamava mousier Durand. Ele residia obviamente no Cartier Latin ( Bairro Latino) de Paris, na Boulevard Saint Michel( Avenida São Miguel), a mesma da famosa mundialmente Universidade da Sorbonne.
Tinha até o número do prédio e do apartamento numero dez,terceiro andar, ou tròisieme ètage. Em resumo: o mousier Durand residia na Boulevard Saint Michel, no número 10, no terceiro andar.
Adivinhem? É claro fui lá! Pelo número obviamente ficava bem no início da grande Avenida Saint Michel, bem pertinho da Sorbonne, tanto que saindo dali fomos depois até a Universidade, passeando na Praça que fica em frente, onde toda a intelectualidade costuma se encontrar. O prédio era muito comum, três ou quatro andares, tipo padrão de Paris, muito bonito e conservado. Fiz questão de tirar uma foto junto à placa da Boulevard e também do para mim famoso número dez.
Estou anexando no blog as duas fotos para vocês curtirem comigo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

UMA JANELA PARA O MUNDO

Naquele tempo, nós todos éramos magrinhos, exceto um aluno mais alto e mais redondo. Ele se salientava naquela primeira semana devido ao fato de que ao terminar a chamada, ele levantava o dedo e dizia : - Professor(a) meu nome não está na chamada. Nada chamaria a atenção, se não fosse o fato dele ficar com as bochechas vermelhas, certamente causadas pela sua timidez própria daqueles 11 anos. Era o Juarez, meu eterno e querido amigo, cuja amizade trago com grande prazer já passados estes 42 anos. Tenho muito cuidado em chamar alguém de amigo, e neste sentido, eles são poucos, mas Juarez certamente é um deles. E, se eu distribuísse medalhas aos meus amigos, ele ganharia a Grã Cruz.
Hoje, o Juarez me mandou um mail onde tinha um filme com o Vigilante Rodoviário, personagem que eu praticamente não acompanhei, pois não tínhamos tevê em casa nesta época.
O meu primeiro contato com a televisão se deu na Rua Alexandrino de Alencar, no final dos anos 50 e no início dos anos 60. Eu a molecada da rua, íamos até o edifício Lapa, num apartamento térreo, e ficávamos vendo a televisão por um janelão de vidro que tinha ali. Claro que só víamos a imagem, nada de som, pois a porta ficava fechada. Nosso programa favorito era os Heróis do Oeste, patrocinado pela Toddy. A Toddy distribuía uniformes de “Patrulheiros Toddy”, e nós todos sonhávamos em ganhar um deles, mas não tínhamos a menor chance até por que não mandávamos os tais tíquetes do Toddy, aliás nunca tínhamos tomado o tal achocolatado.
Durante muito tempo, fomos o que se chamava “televizinho”. Íamos na casa do vizinho, na maior cara-de-pau na hora dos seriados famosos, os quais acompanhávamos como se a tevê fosse nossa. Assim, na base do peru de TV alheia se assistia as séries Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes, O Túnel do Tempo e Missão Impossível.
Um programa para toda a família eram as lutas, inicialmente no Canal 5 a pioneira Piratini, e mais tarde na Tevê Gaúcha, Ringue 12. As lutas eram do tipo luta-livre, que a gente sabia previamente combinadas, mesmo assim era a nossa diversão, com os personagens como Fantomas, um mascarado de perna dura que foi o precursor por aqui do que chamávamos de caratê, mas que desta luta tradicional não tinha nada. Também se apresentavam outros personagens como Jangada, Scaramouche e outros menos lembrados. A gente se empolgava tantos com as lutas que um dia ou dois fui até o Ginásio da Brigada para assistir ao vivo.
Só em 1970, após começar a trabalhar (69), é que conseguimos comprar a primeira televisão. Era uma tevê enorme marca Semp, acho que tinha umas 30 polegadas ou mais. Ai então assistimos os programas do Flávio Cavalcanti, as Novelas da Tupi e depois as da Globo. Mas, o primeiro grande programa, sem dúvida foi a Copa de 70, que inaugurou não só a tevê para nós como também em nível de Brasil as transmissões via satélite, que denominaram Via Intelsat.
Bem oposto, já em vacas mais gordinhas, e sete anos após, comprei minha primeira tevê em cores, marca Sharp, a vista. Tinha 16 polegadas, e para os padrões da época uma imagem maravilhosa.
Um episódio engraçado inaugurou minha primeira partida de futebol na televisão colorida: o Corinthians paulista tentava depois de vinte anos o campeonato regional, contra exatamente a Ponte Preta de Campinas. Ora, eu inaugurava a minha tevê colorida com um jogo de dois times preto e branco. Não fique decepcionado pois pelo menos via o campo todo verdinho.
Acho graça das pessoas que desdenham e repudiam a televisão. Considero uma das maiores e mais democráticas invenções de todos os tempos. No meu entendimento, rivaliza com a computação como a maior invenção dos últimos cem anos.
Acho que, se investigarmos esta gente que diz não gostar da telinha, vamos achar um telemaníaco que tem medo do próprio vício.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

ANTENA QUATORZE

1.Não votarei nas próximas eleições para prefeito, vice e vereador. Normalmente ficaria aborrecido, pois gosto de participar de eleiçoes.
2. Desta feita, não estou chateado com isto, certamente em função da qualidade das candidaturas em Porto Alegre.
3. O prefeito de Porto Alegre deve ser não um político, mas sim um bom administrador e principalmente tocador de obras.
4. Quem representa melhor este perfil? Manoela? Luciana? Maria do Rosário? Fogaça?
5. A cidade de Porto Alegre não está levando a sério este assunto de eleições.
6. A candidata petista - partido que governou a mui leal durante 16 anos - vem agora trazer a solução para todos os nossos problemas. Certamente nos próximos quatro anos poderá resolver tudo o que não resolveu em 16.
7. Luciana Genro tem uma grande virtude: não imita o pai.
8. A notícia mais importante que nos deu a deputada e candidata Manuela foi namorar um colega deputado.
9. Por mais incrível que pareça as duas pessoas que entendo ter mais condições de ser prefeito de Porto Alegre não têm as mínimas chances de se candidatar, quanto mais se eleger: Guilherme Socias Vilela e João Dib. Ambos conhecem a cidade como as palmas das respectivas mãos. Parece que este povo portoalegrense isto não conta.
10. Os eleitores do portinho preferem uma carinha bonita ou um rosto carimbado de mídia, menos um bom administrador.
11. Querem um exemplo atualíssimo? Yeda, a atual governadora, está tirando o Estado do Rio Grande do Sul da falência completa. O RS voltará a ter orçamento não deficitário no próximo ano. Pois, a sua popularidade é baixíssima entre os eleitores.
12. Lula lá, cuja única atividade é participar de cerimônias e festerês em geral, tem mais de 60% de aprovação.
13. Nós merecemos os governantes que temos, sem sombra de dúvida.
14. Eta povinho ruim...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O CÉTICO

No curso médio, tínhamos que ler alguns livros. E, um deles eu lembro bem chama-se Quadrante 2. Era um livro de crônicas. A nossa professora mandou cada grupo de aula escolher uma crônica para apresentar aos demais.
O nosso grupo escolheu a crônica chamada O Cético. Se querem saber a forma que escolhemos para apresentar, vou decepcioná-los, pois escolhemos a mais preguiçosa: o jogral. O jogral, para quem não sabe, é uma forma de ler um texto onde as pessoas se revezam nas leituras. Um lê uma frase, o outro lê outra, e quando se quer salientar alguma coisa dois ou mais participante lêem em uníssono. O jogral que ficou mais famoso foi o do coral dos bigodudos na televisão Record, se não me engano.
A crônica começava dizendo que naquele tempo ele não sabia o que era cético, mas Edmundo era cético. Pois, o tal Edmundo era o exagero do cético, fazia tudo quanto é bobagem, e, não raro até se dava mal. Disseram para ele que mergulhando de cabeça numa pipa d’água ele poderia morrer afogado, pois o distinto fez mesmo, e, lógico, quase morreu.
O cético mais conhecido de todos os tempos foi Tomé. Conta a Bíblia que ao ressuscitar Cristo teria aparecido aos apóstolos, e que todos acreditavam que realmente era Jesus que tinha vindo dos mortos para falar com eles. Tomé não acreditou tendo Cristo de fazer com que ele colocasse a mão em sua chaga para conferir a real situação.
Existem pessoas, entretanto, que são exatamente o contrário do cético. Luis Fernando Veríssimo consagrou a figura da chamada Velhinha de Taubaté. A dita senhora acreditava em tudo o que o governo dizia. Mais tarde em tendo o LFV assumido de vez o PT, e, por via de conseqüência o governo do Lula Lá, fazendo com que sua fé inabalável no petismo levasse os seus leitores a imaginar que ele estava se confundindo com a figura de seu personagem, ele resolveu matar a velhinha, o que efetivamente o fez. Assim, ele ficou livre para bater palmas para o desgoverno petista, sem que fosse acusado de ser a nova Velinha de Taubaté.
Eu sou cético em algumas coisas. Não são muitas, mas são importantes. Por exemplo: não acredito em promessa de político; não acredito em isenção de cronista esportivo; não acredito em empresário bonzinho; não acredito em comunismo; não acredito em magia; não acredito em E.T.; não acredito em vendedor falando espanhol; não acredito em mercadoria barata demais; não acredito em presente de estranho; não acredito em oferta sem contrapartida; não acredito em almoço grátis; não acredito na sinceridade do MST; entre outras de menor interesse. Também sou cético quando à possibilidade de um dia poder afastar todas estas minhas posições céticas.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

MATEANDO SÓS, SEM ESTEIO OU SONHO

Esteio e sonho, obra de Vinícius Pitágoras e Luiz Bastos, consagrada na voz de Vitor Hugo, é uma da mais belas páginas musicais do cancioneiro regional gaúcho.
Num dos fortes refrões giza os dois lados, aparentemente contraditórios da mulher, indo entre a graça para enfeitar a primavera e a garra de fera para lutar a vida inteira.
Apresenta a mulher principalmente como companheira. A palavra companheira para mim tem uma conotação mais profunda do que esposa ou mulher. Companheira tem como fundamento a cumplicidade.
Os últimos versos, partem da alegoria da chegada do silêncio do inverno da vida, que ao cruzar manso, deixando em nós ausências tristes e sonhos mortos, pára numa prece a pedir que não nos deixe mateando sós.
Confira você: “Quando o silêncio do nosso inverno/ Cruzando manso, deixar em nós/ Ausências tristes e sonhos mortos/ Que não nos deixe mateando sós. “
Nada mais triste do que ficar mateando sós.
No entanto, somente existe somente uma forma de evitar esta dor: é partir antes...

ORELHANO

Ele encarnava a figura do gaúcho ou melhor do gaucho, pois era uruguaio. O vi pela primeira vez ao violão cantando a linda música Orelhano, que era um sucesso entre nós na maravilhosa voz de Dante Ramon Ledesma.
Para quem não sabe o que é orelhano, posso dizer que Orelhano, do espanhol platino, é o animal que não tem marca ou sinal na orelha. Esta marca informa a todos que o bicho tem dono.
“Orelhano, ao paisano de tua estampa
Não se pede passaporte, nestes caminhos do pampa” este era o estribilho da linda música.
Durante muitos anos, ele alegrou nossos churrascos e festas, cantando músicas em espanhol e em português.
Disfarçado num sorriso tímido, no fundo, me parecia uma pessoa triste.
Uma das lembranças dele foi sentado solitário nas escadarias do edifício tocando violão e cantando lindas melodias, que ecoavam nas paredes do prédio.
Um determinado dia foi diagnosticado que tinha câncer linfático. Lutou durante sete anos. Pouco acompanhei sua doença, pois se mudou do prédio.
Um dia soube que estava interno no Hospital Moinhos de Vento, e que as notícias não eram boas.
Eu estava sentado em minha sala de trabalho, numa destas tardes, quando me deu um sinal: preciso ir ver o meu amigo no Hospital.
Rapidamente peguei um táxi, e fui até lá. Não sabia nem o número do quarto. Passei na portaria e descobri. Já no andar fui até o quarto e entrei.
Tinha um sujeito gordo e careca deitado na cama, dormindo. Fechei a porta e fui até o posto de enfermagem:
- O sr .... não está mais no quarto?
- Está sim, o senhor não o deve ter reconhecido.
Voltei para o quarto e me sentei num sofá que existia ali e o fiquei observando, enquanto dormia.
Em poucos instantes ele sem abrir os olhos me disse:
- Tu foi mais rápido que o meu médico...
Levei um choque: como sabia que era eu; eu não tinha dito para ninguém que ia até lá.
Seguimos num conversa normal, onde contou de seus problemas com o linfoma, e que tinha sido atacado por outra doença oportunista, que o tinha deixado sem caminhar.
Estamos ainda trocando algumas idéias, quando chegou um enfermeiro com uma cadeira de rodas, e eu o ajudei a sentar-se.
Ele foi então conduzido por um longo corredor que vai para a parte ambulatorial do hospital. Quando já se afastara alguns dezenas de metros, sem voltar-se levantou um dos braços me saudando.
Esta imagem nunca esquecerei. Fui um aceno de adeus, pois morreria poucos dias depois.
Um mês, após o seu falecimento, recebi a visita do seu único filho uruguaio residente em Montevidéu. Quando ele me olhou e sorriu, vi no jovem o mesmo sorriso, incluindo os dois dentes separados na frente que eram a sua marca registrada.
Não é que o danado tinha conseguido sobreviver na pessoa do filho?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

VAI PARTE DE NOSSA HISTÓRIA

Em 1967, Chico Buarque de Holanda escreve Roda Viva. “Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu.” Lembrei desta frase, pois nesta semana partiram dois conhecidos meus, pessoas que fizeram parte de minha historia. Um em só bons momentos, sempre ligados ao lazer, principalmente na praia, dentro da idéia de construção de uma nova vida, um novo e bom horizonte e novas amizades. Enfim, a idéia da pessoa que, embora você não a veja todos os dias a quer bem, e ela também quer bem a você. Outro uma figura polêmica, indefinida, cuja relação à gente não sabe bem qual é: se um lado existem coisas boas, de outra parte existem aspectos que não nos agradavam.
A verdade é que guardo a ambos nas páginas de minha biografia, sendo um ligado à família, aos sentimentos pessoais mais caros, em doces lembranças, outro ligado ao lado profissional, mas material. Enquanto o primeiro foi muito ligado a descontração, da conversa sem compromisso; o outro teve momentos até de atritos pessoas, e de alguma injúria real, embora não lhe guardasse qualquer rancor, principalmente por passados muitos anos(Como se isso fosse possível a um escorpiano ortodoxo como eu).
Verdadeiro cara ou coroa, ou ainda como diria a canção de McCartney e Steve Wonder as teclas pretas e brancas de um piano. Diferentes mas harmônicas, pelo menos em minha memória. Deixam algumas coisas interessantes e marcantes.
Vão eles com minhas orações. Não sei se precisam delas, mas eu delas tenho carecido nos últimos tempos.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

RECOMEÇAR

Recebi hoje de Brasília, de meu querido amigo e ex-colega Nilson, uma mensagem que me fez refletir muito.
A mensagem tem origem na obra de Chico Xavier.
"Embora ninguém possa voltar trás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Você sabia que ao deletar alguma coisa no computador, esta coisa que você deletou fica na memória dele, e pode ser recuperada por um bom programador?
Pois bem, a par da genialidade de Chico Xavier, que a gente pode - é verdade - recomeçar, o que é bom. Mas jamais vai apagar o passado. O que também pode ser bom.
Por isso, vamos ter responsabilidade, pois nossas ações ficam lá na memória escondida do computador da vida, mas ficam... E, podem ser recuperadas a qualquer tempo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

EPISÓDIOS AFINS, VISÕES DIFERENTES

Durante os governos militares a esquerda brasileira os acusava de prender e torturar seus militantes, no que chamava de cárceres da ditadura. Assim sendo, os Presidentes como o Médici, por exemplo, eram responsáveis pelos atos de seus subordinados, sendo considerados pelos vermelhos como assassinos. Segundo este pensamento, o Chefe Supremo das Forças Armadas, que era (e é) o Presidente da República encarnava o único responsável pelos atos dos torturadores, algo como responsabilidade objetiva. Não adiantava nada sair na defesa dos Generais, pois os esquerdistas, principalmente os jornalistas não queriam saber de desculpas, pois já tinham condenado os Presidentes militares como responsáveis pelas torturas aos presos políticos.
Agora, uma agência do governo chamada ABIN – Agência Brasileira de Inteligência - sucessora do extinto SNI- Serviço Nacional de Informações, através de seus agentes (autorizados ou não) resolveu colocar escuta nos telefones dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente do seu Presidente. São os populares grampos. Ficam lá eles escutando horas e horas as conversas dos Ministros do Supremo com os seus amigos, companheiros e pessoas interessadas nos processos que tramitam pelo STF. A ação é completamente ilegal, incompatível com o mais elementar conceito de Estado de Direito.
Nos EUA, algo semelhante foi responsável pela queda de Richard Nixon, cuja participação no episódio conhecido como Watergate não ficou comprovada, mas sim patente que ele tinha conhecimento, e principalmente que mentiu ao povo que nada sabia.Em suma, o que derrubou Nixon foi a mentira.
Neste episódio da ABIN, diferentemente do que se dizia dos governos militares não se faz qualquer ligação entre a Presidência da República, que é o principal, senão único cliente da Agência de Informações, e o que aconteceu nos episódios dos grampos.
Que diferença há entre Médici desconhecer que alguns malfeitores torturavam presos políticos no interior das cadeias pelo país, e Lula afirmar desconhecer a ação da ABIN, haja vista que não teria dado ordens para a espionagem dos membros de outro poder da República? Respondo: nenhuma. Nos dois episódios, não há qualquer prova de que Médici sabia das torturas, e também de que Lula tinha conhecimento prévio das escutas telefônicas dos membros do Supremo.
A diferença está na cor dos olhos de quem vê - se avermelhados só vêem a culpa dos militares, se verdes somente vêem a culpa de Lula Lá.

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