terça-feira, 10 de março de 2009

AS PESSOAS, ESTAS DESCONHECIDAS

Estava vendo “an passant” o muito bom programa do Rolando Boldrin, quando ouvi de um dos convidados a seguinte frase: “Como são boas as pessoas que a gente não conhece.”
Não sei se a frase era dele, e também não lembro o nome. Sei que ele estava a cantar uma canção do lendário Kid Morangueira, ou seja, uma personagem do impagável Moreira da Silva.
Certo dia, eu falei que os nascidos sob o signo de escorpião são pessoas que acreditam em todo mundo, mas que ao reconhecerem na pessoa algo que lhe desagrada, nunca mais tornam a tratar a pessoa da mesma maneira. Em suma, o escorpiano é rancoroso. Guarda o ressentimento em seu íntimo. Cinqüenta anos passados dos acontecimentos ele ainda se lembrará da frustração a que foi submetido ao acreditar naquela pessoa que traiu seu sentimento inicial de boa fé.
Não adianta se queixar de mim é o instinto.
Lembram daquela história antiga, onde um escorpião desejando atravessar um rio pediu carona ao cavalo. Este sabiamente negou, dizendo que corria o risco de o escorpião lhe cravar o ferrão. O escorpião disse que não seria tolo, pois se o fizesse morreriam os dois. Diante deste argumento, o cavalo deixou que o escorpião subisse nas suas costas. Chegando ao meio do rio, o escorpião cravou o ferrão no cavalo, o qual protestou: - Você prometeu que não faria... Respondeu o escorpião: - desculpe-me, mas é o instinto.

domingo, 8 de março de 2009

EXCOMUNHÃO EM PAUTA

Uma menina foi estuprada pelo padrasto. Pela lei brasileira é possível a prática do aborto em vítima de estupro. Constitui uma das poucas exceções permitidas pelo nosso ordenamento jurídico.
O Estado brasileiro é laico, logo não precisa seguir os ditames de qualquer religião. As regras de cada religião atingem tão-somente os participantes daquele credo especificamente.
Daí, eu achar estranho que os jornais gastem laudas e mais laudas em sentar o malho contra os bispos católicos que disseram se tratar de caso de excomunhão a execução de aborto no caso da menina que foi estuprada.
Em primeiro lugar, os que estão criticando são ateus, agnósticos ou professam outra religião, logo não tem que ter qualquer tipo de preocupação com o que dizem ou deixam de dizer os padres da Igreja Católica.
Em segundo lugar, os líderes católicos somente aplicaram o que lhes determina o Código Canônico, certo ou não lá está:
Can. 1398 – « Qui abortum procurat, effectu secuto, in excommunicationem latae sententie incurrit. »
Outra fonte de discussão é que os líderes católicos declararam que o aborto é pior que o estupro. Acontece que o entendimento dos religiosos é que o aborto constitui o assassinato de um ser, haja vista considerarem a concepção como início da vida, e que, portanto, o resultado do estupro, ou seja, o abalo psicológico e moral é tido como conseqüência menor do que morrer.
Em regra sou contra o aborto, pois entendo que, em existindo vida, e há no útero materno, ela não pode ser tirada por terceiros, incluindo a mãe. O feto tem coração, tem cérebro, tem sistema nervoso, logo é um ser vivo que ainda não foi expulso de sua casinha provisória.
Também não acho que a hospedeira tenha direito de vida e morte sobre o feto, se é verdade que tem direito ao seu corpo, também é verdade que o bebê não lhe pediu para estar ali, e se tivesse direito de escolher certamente não teria escolhida esta mãe que está a fim de lhe eliminar.
É claro que sou a favor dos chamados abortos terapêuticos ou necessários, inclusive no caso de estupro, e especialmente no início quando não é mais que uma mórula, pois se posso aplicar o mesmo princípio nos casos de exclusão de ilicitude, tais como legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e inexigibilidade de outra conduta. Mas, mesmo assim, compreendo a posição dos religiosos.
Entendo, assim, que eles têm o direito de pensar diferente, não sendo justo que sejam expostos ao ridículo como vem fazendo a nossa imprensa.
Alguns dizem: porque não excomungam o estuprador. Ora, o fato de excomungar os que praticaram o aborto não significa que levem livro e solto o criminoso. Ele também cometeu – sob a ótica da Igreja – um pecado grave, e deve ser punido na forma da lei. Os líderes da Igreja não podem sair por aí a praticar atos sem amparo legal do Código Canônico.
Se os que praticam os atos não são católicos, a punição religiosa cairá no vazio. Se forem estarão sujeitos ao que foi decidido pela cúpula católica. Se estiverem descontentes definitivamente devem entender que não podem continuar dentro desta religião, pois em seus ditames estão os que foram aplicados pelos bispos. Elas não podem estar dentro da Igreja aplicando somente o que lhes convêm.
Quanta asneira tenho ouvido por conta destes episódios. Gente que não entende nada de direito penal muito menos de religião fica dando palpite furado.
É claro que todos podem tecer opiniões e distribuí-las, tal como o estou fazendo aqui, somente não podem manipular os fatos e as leis ao seu bel prazer.

sexta-feira, 6 de março de 2009

“NO LOS SALVAN NI LOS SANTOS”

Volta e meia, tal como os antigos livros de cabeceira torno a reler Martin Fierro de José Hernandez, o qual só tem par no Brasil através de Amaro Juvenal (heterônomo de Ramiro Barcellos) e seu Antonio Chimango.
Os versos são maravilhosos inda mais no original espanhol, que é muito mais sonoro, e, portanto, melhor para a poesia.
Vejam que belo e profundo:

(Canto II, 48)

Ansí empezaron mis males
Io mesmo que los de tantos.
Si gustan…en otros cantos
Les diré lo que he sufrido.
Después que uno está perdido
No lo salvan ni los santos.

Na verdade, o que mais me interessou foi o final: depois que um (o homem) está perdido não os pode salvar nem os Santos.
Mesmo quando eu entendo que alguém está perdido, eu não me conformo buscando a solução para o problema. Mas a verdade é que minha luta quase sempre é inglória.
Busco há muito tempo o por quê disso. Sabe qual é a resposta única que encontrei: as pessoas buscam o seu destino, quase numa auto-agressão, tal como o fez a advogada lá na Suíça. Ela não quer cura; quer dor. Muitas vezes, não o quer propriamente para si, mas para outros.
O busílis está no instinto e não na razão, daí a dificuldade. Não raro, existe desapropósito, ou seja, não há qualquer intenção ou propósito nas atitudes do desencaminhado.
Bem e aí? Bueno, como diria Hernandez, neste caso, “No lo salvan ni los santos.”

"É REINADO DA PLEBE"

Outro dia, disse uma colega disse dirigindo-se a uma chefia:
- Quem sou eu para dizer tal coisa?
Fiquei indignado na hora: por que uma humilhação desta?
Temos que ter amor próprio valorizar a nossa pessoa.
As aparências enganam. Nem sempre, nas pessoas de mando estão as virtudes. Não raro, elas estão nas pessoas mais simples.
Por outro lado, estas não podem, e não devem, se contentar com esta posição.
Friedrich Nietzsche em Assim Falou Zaratrusta diz: “... agarrou a mão do feiticeiro e falou, todo solicitude e solércia: “Pois muito bem!Ali em cima passa o caminho, lá está a caverna de Zaratrusta. Podes procurar dentro dela aquele que desejas achar. ... E pede conselho aos meus animais, à minha águia e à minha serpente: deverão auxiliar-te na procura. Mas a minha caverna é grande. ... A verdade é que eu mesmo – ainda não vi nenhum grande homem. Para o que é grande, os olhos mais sutis são grosseiros, hoje em dia. É o reinado da plebe. ... Já várias encontrei, a dilatar-se e inchar, enquanto o povo exclamava: “Olhai eis um grande homem!” Mas que aproveitam todos os foles? No fim, o vento sai..."
Segue Nietzche mais adiante: “ O dia de hoje é da plebe: quem ainda sabe o que é grande, o que é pequeno!
Volto eu: quem pode nos valorizar se não o fazemos em causa própria?
Podemos achar ( ou criar ) um grande homem dentro de nós.

quarta-feira, 4 de março de 2009

EXCEÇÃO DA VERDADE

Tem vezes que eu perco a paciência.
(Dizem as más línguas que isso tem acontecido muito ultimamente, mas é intriga)
Um par de deputados de um partido nanico resolveu acusar a não menos ilustre Governadora do Estado Yeda Crusius, sem qualquer prova.
Quando foram pressionados a apresentar os comprovantes de suas alegações disseram que não havia problema, pois alegariam a exceção da verdade.
Vamos examinar por cima o assunto, o qual não é tão simples quanto escrevo, haja vista que o faço para um público não versado, exceto alguns bacharéis ilustres que fazem parte do meu rol de amizade, e que, a rigor, não carecem de ler estas explicações. Mas vamos lá.
Entrei na minha máquina do tempo, e fui lembrar as aulas do saudoso professor Paulo Pinto de Carvalho, Procurador de Justiça, e do atual Ministro Substituto no Superior
Tribunal de Justiça, o Professor Dr. Vasco Della Giustina.
Pelo que recordei exceção da verdade é o direito que tem o acusador de, em provando ser verdadeiros os fatos, em tese caluniosos, de se livrar da acusação.
O crime de calúnia é a atribuição que se faz a alguém de ter cometido um ato previsto como crime. Neste caso, cabe sempre a exceção da verdade. Se eu acuso alguém de ter comedido um ilícito penal, e posso levantar a exceção da verdade, provando que realmente o agente cometeu mesmo o crime do qual lhe acusei. Evidentemente, o ônus da prova é meu.
O crime de difamação é “latu sensu” revelar maldosamente, em público, sem a presença do outro, um ato desabonatório. Neste caso, cabe exceção da verdade quando o agente for funcionário público, não cabendo aos comuns mortais este direito. Assim, se eu saio espalhando que alguém é venal, e este for funcionário público, eu posso provar que realmente ele o é.
O crime de injúria que é “latu sensu” desaforar alguém não cabe em hipótese nenhuma a exceção da verdade. Assim sendo, se eu chamar alguém de bêbado e este é um conhecido pinguço eu respondo assim mesmo pela injúria.
Ora, no caso em tela, a governadora foi acusada de ter cometido crime, logo cabe mesmo a exceção da verdade, mas quem deve provar é a acusadora e não Yeda. Todo o ônus da prova cabe a quem acusou, não pode passar o abacaxi para o Ministério Público, e sair à francesa.

terça-feira, 3 de março de 2009

POBRE MARINA

Certa feita, alguém mais chegado disse que Marina era uma louca, tipo pancada mesmo, disse eu que garantia não sê-la, pois não deveríamos ser intolerantes com ela, pois poderia estar tão-somente inconsciente, e ser confundida com uma grossa, mas no fundo era gente muito fina.
Alguém mais afoito poderia considerá-la mentirosa, mas acho que não era o caso, pois é arrependida, e quem pede perdão merece remissão de sua pena.
Naqueles tempos, Marina se considerava uma pessoa muito autêntica, de forma alguma poderia ser considerada uma farsa, pois fazia tudo direitinho, inclusive levantava cedo, escovava os dentes com Kolynos, penteava os cabelos negros como a asa da graúna, como diria José de Alencar. Não fazia como os fariseus, nos tempos de Cristo, ou seja, não era hipócrita, de tal sorte, a rezar de pé nas sinagogas, o fazia sentada.
Os exagerados diziam que, embora sua mãe fosse uma santa, ela era filha da puta. Que injustiça com Marina! Não merecia esta pecha, pois era moça de boa família.
Havia quem a achava cínica, mas não era o caso, pois fazia tudo às claras.

segunda-feira, 2 de março de 2009

UM PROBLEMA REALMENTE SÉRIO

O mundo está vivendo um momento de perturbação econômica intensa. As bolsas de todo o mundo estão em queda. A liquidez desapareceu dos mercados. Os empréstimos sumiram.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
O desemprego espraiou-se em todo o mundo, tal como uma novel peste negra. Até no Japão o desemprego pegou os brasileiros que lá estavam vivendo um sonho, que finalmente acabou de forma trágica.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
Os bancos centrais de todos os países do mundo estão fazendo das tripas corações para impedir uma quebradeira geral dos bancos privados, injetando bilhões de dólares onde há pouco tempo os lucros eram abundantes.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
Na terra tupiniquim o líder máximo chamou o problema de marolinha, pois ela está virando um maremoto e ameaça nos afogar a todos.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
As indústrias - que ainda não faliram - estão reduzindo suas produções em todo o mundo; logo o comércio não vende; logo põe seus vendedores na rua. Gente desemprega não compra. Gente empregada também tem medo de gastar, logo também não compra.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
Lula Lá que viveu até agora no seu governo um período de céu de brigadeiro está com a pulga atrás da orelha, com medo dos novos ventos. Obama que nunca foi presidente de nada, após imenso apoio mundial, principalmente da mídia, já está demonstrando que não deve ter forças ou competência para enfrentar a crise. Se eles continuarem a entrar chão adentro, nós vamos juntos.
Mas, não tem problema, pois ANA e RALF estão no paredão do BIG BROTHER BRAZIL.
Se a coisa continuar assim, em pouco tempo o povo brasileiro não poderá mais comprar televisão, aí não terão onde ver o BIG BROTHER BRAZIL... bem aí teremos realmente um problemão para enfrentar.

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QUEM É ESTE ESCORPIÃO?

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PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, Brazil
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