sexta-feira, 6 de março de 2009

“NO LOS SALVAN NI LOS SANTOS”

Volta e meia, tal como os antigos livros de cabeceira torno a reler Martin Fierro de José Hernandez, o qual só tem par no Brasil através de Amaro Juvenal (heterônomo de Ramiro Barcellos) e seu Antonio Chimango.
Os versos são maravilhosos inda mais no original espanhol, que é muito mais sonoro, e, portanto, melhor para a poesia.
Vejam que belo e profundo:

(Canto II, 48)

Ansí empezaron mis males
Io mesmo que los de tantos.
Si gustan…en otros cantos
Les diré lo que he sufrido.
Después que uno está perdido
No lo salvan ni los santos.

Na verdade, o que mais me interessou foi o final: depois que um (o homem) está perdido não os pode salvar nem os Santos.
Mesmo quando eu entendo que alguém está perdido, eu não me conformo buscando a solução para o problema. Mas a verdade é que minha luta quase sempre é inglória.
Busco há muito tempo o por quê disso. Sabe qual é a resposta única que encontrei: as pessoas buscam o seu destino, quase numa auto-agressão, tal como o fez a advogada lá na Suíça. Ela não quer cura; quer dor. Muitas vezes, não o quer propriamente para si, mas para outros.
O busílis está no instinto e não na razão, daí a dificuldade. Não raro, existe desapropósito, ou seja, não há qualquer intenção ou propósito nas atitudes do desencaminhado.
Bem e aí? Bueno, como diria Hernandez, neste caso, “No lo salvan ni los santos.”

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