quarta-feira, 25 de março de 2009

UM ENSAIO SOBRE A TOLICE

(Iniciei o texto rindo, pois os meus leitores dirão: outras?)

Para conceituar tolice, podemos dizer ser sinônima de bobagem, besteira, bobice, disparate, parvoíce, estupidez, burrice, jericada ou asnada. Em suma, alguma coisa feita fora da razão normal.
Pois, a tolice, ao que parece, nasceu com o mundo. Não por outro motivo que Heráclito, isto lá por 500 antes de Cristo já dizia que os tolos sempre foram a maioria no mundo. Ora, Heráclito, eles ainda o são.
É claro que ninguém está livre de dizer tolices. O problema é quando as dissemos com solenidade (Michel Montaigne). Hoje em dia, este tipo é predominante, principalmente na política. Um presidente no Afeganistão, por exemplo, disse em discurso no nordeste de seu país:
- Minha mãe, que nasceu analfabeta...
O estranho é que o povo afegão vai ao delírio com este tipo de frase do seu presidente, talvez se explique a sentença de Baltasar Gracián y Morales: “A multidão se encanta com a tolice.”
Tem gente que tenta dizer algo na essência verdadeira, mas na hora de falar, se atrapalha nas palavras ou assunto, e saí uma enorme besteira. Maluf comentava o problema dos estupros seguidos de morte em São Paulo, querendo dizer que se a intenção do agente criminoso era o crime sexual, não havia porque matar, saiu com esta asneira: - Estupra, mas não mata. Vai levar para o túmulo a asneira, pois não há como consertar tamanha tolice.
Existem frases famosas que ilustram nossos livros de história, mas que, se olharmos a fundo, veremos que se trata somente de uma grande tolice. O enorme exército de Xerxes estava para massacrar os gregos, quando Leônidas e 300 espartanos e mais cerca de 7000 outros gregos resolveram segurar os mais de 300.000 persas no desfiladeiro das Termópilas. Lá pelas tantas, disse um dos soldados ao Leônidas: General, as flechas dos inimigos serão tantas que escurecerão o céu. Respondeu balaqueiro o comandante – Melhor, combateremos à sombra.
Existem tolos que são teimosos. Certo Publílio Siro, contemporâneo de Júlio César (mais ou menos I século a.C) dizia que tolo é aquele que naufragou duas vezes os navios e continua a por a culpa no mar. Este também era pensamento do chato do Jean Paul Sartre autor da frase: - “Ninguém deve cometer a mesma tolice duas vezes, pois, a possibilidade de escolha é muito grande.”
“A maioria dos tolos se acha engraçado, quando na verdade não tem é juízo” (François de La Rochefoucauld). Eles acham que dizendo a besteira com graça, passam por inteligentes.
O grande perigo é a tolice dita por uma pessoa inteligente. Neste caso, a pessoa dá um jeito de parecer erudita disfarçando a bobagem, em suma camuflando a realidade.
Outro problema é a besteira sendo repetida por milhares de pessoas, acaba ficando com cara de verdade, quando continua sendo uma tolice.
O esporte, então, é pródigo em tolices. No futebol, um time está ganhando de dois a zero, anuncia o narrador ou o comentarista: - “O placar é muito perigoso...” Tentam explicar que um time está ganhando de dois a zero, e o adversário faz um gol e fica empolgado, com isto vai para cima do time que está ganhando e acaba empatando e até ganhando o jogo. Ora, Santa Asneira, é perigoso na verdade para o time que já está levando 2x0, pois o mais comum é que leve mais um gol.
Querem ver outra asneira do futebol? Um time tem um jogador expulso. Dizem os doutos narradores: - O time que está desfalcado do jogador expulso se multiplica querendo todos os outros jogadores compensar a falta de um deles, e acabam superando o adversário completo. Bom, neste caso, quem sabe já começa o jogo com dez?
A imprensa também fornece muito material. Os repórteres policiais: “Joãozinho das Candangas morreu ao dar entrada no Pronto Socorro.” “Uno Mille bateu de frente em carreta na Free Way, motorista do automóvel morreu ao dar entrada no nosocômio municipal de Porto Alegre.” Acho que o Prefeito tem que mandar olhar o que existe de perigoso na entrada do HPS, pois está matando gente...
Um bom fornecedor de tolices é o estudante. Pergunta a professora: - A união faz a ...? Responde a turma em uníssono: ...çucar. A professora apresenta na prova um triângulo retângulo, com um cateto com 2cm e outro com 3 cm, no lado da hipotenusa põe um “x”. Determina: ache o “x”. Claro, a mestra queria que o aluno usasse a Teorema de Pitágoras. O aluno não teve dúvida assinalou um círculo em redor do “x” e escreveu: - Achei, ta aqui fessora(sic). Este último caso eu via a prova, não se trata de ficção.
Quando a gente quer dar um presente bom e não tem dinheiro, o que se faz? Compra um presente simples e capricha na embalagem. Pois, Nicolas Chamfort (pensador francês) já dizia: “Há tolices bem embaladas, assim como há tolos bem-vestidos.” Assim, a gente lê muita tolice por aí bem embaladinha e que para a maioria passa como se fosse verdade.

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