domingo, 26 de outubro de 2008

POLITICAMENTE CORRETO

A correção política ou politicamente correto consiste em utilizar de uma linguagem neutra, sem comparações de forma a não discriminar pessoas ou grupos, principalmente no campo racial ou sexual.
Os defensores do chamado politicamente correto defendem a tese de que o seu objetivo é fazer com a linguagem seja neutra, e por via de conseqüência não preconceituosa.
Assim sendo, eles têm feito algumas mudanças que beiram ao ridículo, tais como chamar um anão de verticalmente prejudicado, negro de afro-descendente, velhice de melhor idade, e assim por diante.
Vou pegar só estes três exemplos para triturar. Vejam só: se um anão é verticalmente prejudicado, logo um gigante é verticalmente beneficiado; se um negro é afro-descendente um branco seria euro-descendente; se um velho está na melhor idade, um jovem certamente estará na pior idade.

É claro que estou a exagerar. Por que um negro ficaria zangado de chamá-lo de negro? Por que eu ficaria bravo se alguém me chamasse de branco? É claro que eu ficaria puto da cara se o branco viesse acompanhado de um adjetivo pejorativo. – Branco safado, e por aí vai. Assim quando alguém chama um negro com adjetivo maldoso esta sendo racista sim. Por exemplo: - Negro sem vergonha. O racismo é evidente, mas o racismo não está na palavra negro, e sim no “sem vergonha”, assim como o “safado” no branco.

Existem, no entanto, alguma mudanças de nomenclatura que fogem a este tipo de aplicação no campo do politicamente correto, e se misturam num ambiente ideológico, no que existe de pior neste campo, que é a manobra ardilosa para buscar um objetivo mesquinho, disfarçado de correção política.

Vejam dois casos no campo da educação. O primeiro chamar professor de trabalhador em educação. O professor em português vem do latim professore, ou seja aquele que ensina, o mestre. O francês diz professeuer. Embora os ingleses tenham a palavra professor (paroxítona aberta), utilizam mesmo o teacher. Por aqui é que nasceu esta idéia do trabalhador em educação.

O problema é que existe uma aposentadoria especial para o professor que dá aula. Assim, existem professor que não dão aula, ou seja, tem atribuições administrativas nas escolas. Nesta linha, estão os que trabalham na direção, nas secretarias, nas bibliotecas, nos serviços de orientação educacional. É idéia genial foi exatamente passar uma régua e todo mundo passa de professor a trabalhador em educação.

Também existe a mania de chamar a professora de tia no lugar de professora fulana de tal. Existe gente que defende a idéia dizendo que assim o aluno se sente em casa. Bom, se chamar a professora de parente faz o aluno sentir-se em casa por que não chamar a professora de mãe? É claro que a idéia é tirar a autoridade da professora. A professora é terceira, ou seja é uma pessoa de fora da casa do aluno, mas que deve ter autoridade sobre ele. Esta tentativa de aproximação trazendo o aluno para o ambiente familiar, onde ele tem uma tia e não uma professora, visa exatamente isto. Isto tudo tem um ranço ideológico. Prefiro ficar com Paulo Freire: professora sim, tia não!

Estas mudanças nos nomes das coisas está virando moda. Você vai a um encontro qualquer destes que as empresas costumar realizar, e chega um determinado momento que antigamente a gente chamava de hora do cafezinho. Agora, mudaram para coffee break. Qual a diferença? Nenhuma.

O primeiro centro de compras inaugurado em Porto Alegre chamou-se Centro Comercial da Azenha. Todos os demais adotaram o pomposo Shopping Center, de tal sorte que o da Azenha teve que se render e virou Shopping da Azenha.

Quando não existe uma palavra na lingua portuguesa e vem um produto novo sou a favor da importação. Os motivos estão na evolução da lingua, pois as importações de outros idiomas tendem a enriquecer o nosso. Alface vem do árabe e chofer do francês, tendo ambas se incorporadora à Última Flor do Lácio, sem qualquer problema. Por outro lado, sou totalmente contra a substituição de palavras antigas por importação de palavras estrangeiras.

Os portugueses são mais radicais: por exemplo, nada de mouse e sim rato; nada de celular e sim tele-móvel. Tem lá suas razões de tradição, mas acho exagero.

O partido do presidente também adora uma palavra nova para coisas velhas. Durante um dos últimos escândalos denominaram (eles os petistas) a velha Caixa 2 de dinheiro não contabilizado. Não é uma maravilha? Passou de ladroagem mais rasteira para uma simples manobra contábil ( ou seria não contábil?).

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