sábado, 11 de junho de 2011

É SÓ UM CLICHÊ, TÁ LIGADO?

O meu primeiro emprego foi numa clicheria. O pessoal hoje não sabe nem o que é isto. Pois clichê era uma matriz, utilizada para a impressão em publicações, tais como jornais e revistas.
O profissional tirava uma fotografia de um desenho ou mesmo de um acontecimento, e fazia a exposição da foto contra uma chapa. Após submetia esta chapa a um banho de ácido sulfúrico, que corroia parte dela, deixando um baixo relevo, que na impressão seria o branco, e o alto o preto.
A clicheria montava a chapa sobre uma madeirinha, e estava pronto o clichê para ser levado para o jornal ou revista.
A impressão em “off-set” praticamente acabou com o sistema de clichê.
Clichê ficou acabou virando sinônimo de alguma coisa repetida, surrada, copiada, carimbada, uma verdadeira forma. Quem escreve muitos clichês, não sabe escrever, ou no mínimo, não tem inspiração própria.
A utilização de clichês, às vezes, é necessária, pois há a chamada inexigibilidade de outra conduta. (Viram? Usei um clichê, propositalmente)
É como o palavrão usado muito no teatro. Existem vezes em que ele é estritamente necessário. Quando usado em demasia, é mera apelação.
Se a escrita dos neófitos é criticada pela intelectualidade, o mesmo não acontece na literatura prestigiada, ou mesmo em letras de músicas mundialmente consagradas.
Querem ver um exemplo: uma das músicas brasileiras, mais conhecidas mundialmente é a Aquarela do Brasil, vem com maravilhas tais como “coqueiro que dá coco” e “Brasil brasileiro”. Imaginem um jovem escrevendo estas duas verdadeiras pérolas (viram o clichê de novo?).
Na verdade, a linguagem jovem hoje nada mais é do que uma seqüência infindável de clichês. As frases não passam de algumas dezenas, as quais são utilizadas em diversas seqüências, que dão o tom da conversa.  Algumas não tem qualquer sentido, e ficam soltas dentro do diálogo, sem qualquer utilidade prática,  sendo a mais comum o chamado “ta ligado?”.
Algumas vezes, fiquei longo tempo pensando, qual seria o sentido de tal frase: “tá ligado?” Cheguei a conclusão que nada mais é do que o antigo: “tá entendendo?”, muito utilizado por políticos famosos como Leonel Brizola.
Em matéria de linguagem verbal, o tempo passa, mas nada muda. Ou como diria Cícero: O tempora o  mores!

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