terça-feira, 8 de julho de 2008

ONDE ESTÁ MINHA GRAVATA?

Hoje, recebi de minha amiga Margaret uma mensagem, cujo
assunto muito me interessou, e respondi dizendo que
escreveria sobre o tema, o que pretende cumprir por aqui.
Antes disso, quero dizer quem é Margaret. Pois ela além
de ser uma pessoa muito inteligente, e despachada, é
viúva do meu amigo Gilberto Abreu, a quem homenageio
dizendo que não consigo lembrar de outra imagem dele que
não seja portadora de um largo sorriso. Gilberto era
assim, sempre brincando; sempre uma piada; sempre uma tirada
de bom humor.
Outro dia, o filho deles, o Júnior, antes de ir de muda
para a Austrália, passou no meu trabalho para fazer uma
procuração, e eu o olhei e vi nele o mesmo sorriso do
pai. Gilberto conseguiu realizar a transcendência que
todos sonhamos, e justamente pelo lado mais belo: o sorriso,
a alegria estampada num sorriso tímido, mas sincero.
Margaret trouxe reflexões sobre a percepção dos
valores intrínsecos.
Contava a história de Joshua Bell, um violinista famoso
que se prontificou a tocar num Stradivarius de 1713, um dos
instrumentos mais famosos e raros do mundo (avaliado em 3
milhões de dólares), dentro de um metrô, vestindo
roupas simples, bem na hora do rush.
Ninguém ligou a mínima para aquele maluco tocando
violino num metrô. Ignoraram aquele artista que alguns
dias antes lotara teatro em Boston, com ingressos a centenas
de dólares.
Estava ele ali tocando de graça, numa iniciativa do jornal
americano The Washington Post. Ali estava uma obra prima, um
desenho maravilhoso, mas sem moldura, o qual não despertou
nem a curiosidade das pessoas.
Faltou a etiqueta; faltou a grife. A aparência superando
o conteúdo.
Eu sou uma pessoa que se traja informalmente a maior parte
do tempo, e sofro alguma discriminação por causa disso.
As pessoas esperam que um bacharel se vista com elegância,
que envergue um traje completo, principalmente enfeitado com
uma linda gravata.
Não interessa se estou vestindo uma camisa comprada em
Paris, Milão ou Londres, que seja mais cara que um
terninho comprado ali na Aduana, por duzentos pilas.
Interessa que não estou de paletó. Não estou vestindo
a roupa que as pessoas esperam que eu esteja usando.
Em sendo assim, no meu próprio trabalho pessoas que tem o
mesmo curso superior que eu são chamadas de Doutor fulano
e eu de “seu” Osnir.
Embora eu seja fonte de consulta para magistrados,
promotores, professores de direito, comentarista jurídicos
de rádio e televisão, colegas de tabelionatos e de
registro imobiliário, além das partes leigas ou não,
ou seja, tenha um certo prestígio intelectual e de
conhecimento, certamente mais por “viejo” do que por
“diablo”, este lustro se perde internamente pela minha
modéstia ao vestir.
Isso fica muito saliente quando, por força de algum
compromisso, onde eu tenha que comparecer de roupa completa,
eu sofra de observações do tipo: - Onde vai tão
arrumado? - Vai fazer exame? - Onde é o casamento?
As pessoas dão muito prestígio à roupa. Quando preciso
conseguir alguma coisa numa repartição ou banco, faço
um sacrifício e ponho um traje preto ou azul-marinho, uma
gravata vermelha ou azul, um sapatão de bico. Sempre sou
atendido com muita educação, e , principalmente ouvido
com muita atenção. Quando estou falando com um
subalterno, noto que o chefe da repartição me fica
namorando de longe, como a dizer quem será este gajo?
Vale para qualquer lugar. Outro dia, eu e Lourdes fomos
comprar um carro novo, tivemos que ir até os vendedores
nas revendas, pois não se dignaram em tirar os traseiros
das cadeiras para saber o que pretendíamos. Porém,
quando fui retirar o carro, por motivos de trabalho, fui de
terno. Pronto: todo o mundo na loja queria saber se eu já
tinha sido atendido.
Em suma, também por estas bandas pampeanas o invólucro ainda é mais importante do que o conteúdo.
Mas, como sempre diz a Lourdes eu sou um teimoso juramentado, e vou continuar a me vestir como bem entendo.

2 comentários:

Unknown disse...

SÓ PARA VARIAR VOU TE DAR MEU COMENTÁRIO A RESPEITO!CONCORDO EM PARTE COM ESSE COMENTÁRIO,POIS NÃO ADIANTA NADA UMA ROUPA BEM APRESENTAVEL E A CRIATURA ABRE A BOCA E SÓ SAIR BESTEIRAS E RISADINHAS IDIOTAS(QUE NÃO É TEU CASO É CLARO!)TENHO VISTO MUITOS CASOS DE PESSOAS PRINCIPALMENTE MULHERES QUE NÃO CONSEGUEM NEM FICAR EM PÉ ENCIMA DOS SALTOS E QUANDO COMEÇAM A FALAR ,MEU DEUS DÁ UMA VONTADE DE SAIR CORRENDO!PORTANTO DEPENDE DA PESSOA SE VESTIR BEM OU NÃO!BJS

Nelson Rosa disse...

Tu mata a cobra e eu mostro o "pau" tocando. Entra neste blog http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw
que verás a audição "ao vivo". Abraços, Nelson.

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