Amanhã é dia dos pais. Recebo minha filha que vem de Pelotas na rodoviária pela manhã, de sorte que é dia de estar mais alegre que pinto no lixo. Minha alegria será completa quando ao meio dia, além de festejar a data com Gabriela, também estarei almoçando com o seu Zezé, o meu pai, o qual completou 78 anos de idade.
Já afirmei que tenho e tive alguns gurus na vida, e que estes gurus não guardam qualquer identidade ideológica, pois se gosto da pessoa, até acho bom que pense alguma diferente de mim, nem que seja tudo.
Pois nesta linha, um dos meus gurus é o genial Millor Fernandes. Olhem só o que ele diz sobre pai: “Só existe uma coisa mais desamparada do que um recém nascido: um recém pai”. Não tenho coragem de comentar, qualquer observação minha somente poderia empobrecer o pensamento de Millor, se isto for possível.
Um pensamento dele, entretanto, quero comentar: “ Certos pais têm a pretensão de preparar os filhos para a vida; outros têm a megalomania de preparar a vida para os filhos.” Nesta leitura desta frase de Millor a gente entende o título de seu livro: Millor definitivo.
Ontem, assisti um disco em nova versão onde cantoras brasileiras cantam a maravilhosa obra de Roberto Carlos. Assisti tudo encantado, não só com as excelentes interpretações de nossas cantoras, mas principalmente com as letras e músicas, que contam nossas histórias. Não há qualquer passagem de nossas vidas que não sejam contadas nas músicas de Roberto. Confesso que foi com grande emoção que vi aquele desfile de lindas músicas que tanto me tocam.
Na música de Roberto, chamada Traumas, diz ele que seu pai lhe encheu de fantasias, mas que aqueles anjos já tinham ido, pois os havia perdido. Ele agora pensava como o pai, e entendia o que ele queria lhe esconder: a realidade do mundo. Chegava ao extremo de dizer que as mentiras ajudam a viver. Ao final, confessava que talvez tivesse que fazer o mesmo com o seu filho, lhe enfeitando os caminhos.
Volto às palavras de Millor: eles – incluindo o pai de Roberto estavam tentando preparar a vida para os filhos, e não os filhos para a vida.
O pai há de ser o companheiro; não o curador, tutor ou procurador. Ele não pode viver pelo filho. Deve-lhe o apoio, não lhe substituir nas decisões.
O filho não lembrará o pão que o pai lhe alcançou, mas dos ensinamentos que dele recebeu, e principalmente dos exemplos de vida que lhe ofereceu.
Neste dia dos pais, um grande abraço a todos eles, amigos, conhecidos, colegas ou simplesmente pessoas que gostam de ler estas minhas mal traçadas linhas.
Para aqueles cujos pais já partiram, me solidarizo. Muitos deles pessoas de quem também tenho grande saudade. Esta deve ser uma coisa boa, a embalar nossas lindas lembranças de nossos afetos. Numa suave dor, amenizada pela lembrança do sorriso do pai que jamais deixará de habitar nossas memórias.
Existem duas pessoas inviáveis dentro de mim: a primeira, a que os meus inimigos imaginam; a segunda, a que os meus amigos propagandeiam.
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