Não tenho a memória prodigiosa de meu irmão Alfredo. Ele é capaz de lembrar pequenos detalhes de acontecimentos de anos ou de décadas anteriores, conseguindo ressuscitar assuntos que nos causam surpresas. Daí, eu não me lembro o ano, mas eu estava dando aulas na Faculdade de Direito da Universidade Luterana, falando sobre Direito Comparado, e recomendando a leitura de um livro de René David, chamado Os Grandes Sistemas Jurídicos Contemporâneos. No meio da aula, um senhor trajando um terno azul-marinho e gravata combinando, fez algumas observações pertinentes sobre literatura.
No final da aula, aquele distinto senhor veio ao meu encontro junto à mesa de professor, o que é bem comum em faculdade, onde os alunos vêm conversar, sendo alguns para tirar dúvidas, outros para saber de algum detalhe que lhes escapou, outros para ver se o mestre tem alguma solução para algum problema profissional que já está enfrentando em estágios, e outros por mero puxa-saquismo. É claro que não era o caso dele. Veio estender o seu papo sobre literatura. Daí trocamos algumas idéias, tendo ele entendido que eu sabia alguma coisa do assunto, e eu que ele sabia muito mais ainda.
Neste belo bate-papo, ele revelou quem era, e para minha grande satisfação: estava ali no alto dos seus 70 e alguns anos Mário Lima, o dono da famosa Livraria Lima, localizada na Avenida Borges de Medeiros, onde muitas vezes fui comprar livros.
Ele fazia a faculdade de Direito da ULBRA. Não sei se chegou a se formar, espero que sim, pois já é falecido, mas deixou para mim e para os seus colegas uma grande lição de vida.
Por certo ele não buscava uma nova profissão para alcançar alguns tostões, mas buscava adquirir novos conhecimento. E, entendia ele que para este mister não há idade. O futuro é um horizonte aberto, e para o seu Lima, ele não tinha fim.
Mário Lima, uma grande lembrança.
Existem duas pessoas inviáveis dentro de mim: a primeira, a que os meus inimigos imaginam; a segunda, a que os meus amigos propagandeiam.
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