sábado, 7 de junho de 2008

LEALDADE

Discordo de Paulo Santana em muitas coisas, principalmente quanto aos problemas de relacionamentos pessoais, morais e amorosos, mas quanto ao problema que ele levantou nos dois últimos dias sobre as gravações sem autorização ele está com a razão.
Quando você está sozinho com uma pessoa, está desarmado, confiante nos limites da discrição do seu interlocutor. Jamais você espera que o diálogo vá parar inteiro na mídia. E, principalmente, que possa virar prova contra você, tanto faz que cível ou criminal.
O caso se agrava quando a pessoa com quem você está conversando é que está gravando, ou seja, ele sabe adrede que a gravação será divulgada, então, ele não se expõe, daí o desequilibro das posições é flagrante; é óbvio. Uma pessoa, que é você, abre o coração releva suas fragilidades, enquanto a outra esconde as suas próprias mazelas, escancarando as da vítima.
Não se trata aqui de obtenção de prova ilegal, pois o instituto tem suas próprias regras ditadas pelo direito penal e processual penal, mas sim normas de conduta, de ética, de princípios gerais de lealdade, com os quais se nasce ou não se nasce com eles.
O homem desleal não tem coração. Já dizia Sêneca que a lealdade é o bem mais sagrado do coração humano. O homem que não é leal não se importa com as conseqüências de sua deslealdade, mesmo que ela vá além da pessoa a quem pretende atingir.
O homem que se julga inteligente, mas não é leal, não passa de um tolo, assim já dizia Elbert Hubbar para quem um grama de lealdade vale um quilo de inteligência.
O homem que é leal tem a sua cabeça aberta, livre e leve, contrário senso, o que trai tem o coração atormentado. São do Marquês de Maricá (Mariano da Fonseca) as palavras que a lealdade refresca a consciência, a traição atormenta o coração. No mesmo sentido, William Scheakespeare para quem a lealdade dá tranqüilidade ao coração.
Finalmente, ainda o Marquês de Maricá fulmina dizendo que a genuína lealdade é caluniada e proscrita quando os traidores alcançam o poder e autoridade. Acrescento eu: quando o homem busca a deslealdade para alcançar seus objetivos atingiu o fundo do poço.

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