segunda-feira, 5 de maio de 2008

AS TECLAS DO PIANO

Tenho lido nos jornais as discussões obre as quotas sociais, ou seja, as para negros nas universidades.
Sou contra o estabelecimento de tais quotas, pois elas são discriminatórias, fixando um privilégio a favor de um grupo social, que não pode ser segregado nem negativa, nem positivamente. Se negativamente estará se infringindo normal constitucional pétria; se positivamente está se infringindo a mesma norma supra legal em relação àquelas pessoas que seriam relegadas com o estabelecimento da quota a favor da pessoa negra.
Entendo que os negros poderiam chegar, e devem, em maior número à universidade através de uma educação de qualidade pública e gratuita nos ensinos fundamentais e médios. Em suma, deveriam receber na base meios para chegar à universidade em igualdade de condições, e por seus méritos.
Falando neste assunto, lembrei da linda música de PAUL MAC CARTNEY & STEVE WONDER, de 1982, chamada EBONY AND IVORY (ébano e marfim).
Nesta canção, eles apresentam o ébano e o marfim, ou seja, o preto e o branco, vivendo em harmonia, lado a lado, tal como o teclado do piano.
Por que nós também não podemos?
We all know that people are the same”, ou seja, todo nós sabemos que as pessoas são iguais, onde quer que estejam elas.
O bem e o mal existem em todo o mundo, tanto faz se branco ou preto.
Só aprendemos a viver bem, quando aprendemos a dar um ao outro, o que precisamos para sobreviver juntos.
Juntos e em harmonia, tal como as teclas pretas e brancas do piano.
Quando escrevi em outra crônica sobre a música ( “Tem melodia, harmonia e ritmo? Então é música.”) falei do meu grande amigo Danilo. Não disse que ele era negro. Por que não disse? Ora, não tinha o menor interesse ser ele branco ou preto. Ele tinha muito orgulho disto. Não tinha qualquer preconceito, discriminação ou recalque. Era admirado por todo mundo, como um grande talento profissional e musical, ou seja, era uma pessoa vencedora, a par de todos os preconceitos que existiam e ainda existem. Mas por que ele pode ser considerado um vencedor? Ora, ele se preocupava somente em trabalhar e estudar, sem ficar se queixando da vida, sabia que o seu sucesso dependia somente de seu próprio esforço, o qual foi durante toda a sua vida plenamente reconhecido. Nunca precisou de quota para nada, ou seja, não precisou da proteção do Estado, venceu por seus próprios meios.
Querem outro exemplo: a minha professora Geraldina, cuja história contei em “À MESTRE COM CARINHO”. Também profissional bem sucedida, não ficou se lamentando, pelo contrário foi à luta e se destacou, também não careceu de quota para chegar à universidade, como chegou, e se formou.
O Ministro Barboza do Supremo Tribunal Federal chegaria a ser o magistrado da mais alta Corte somente por ser negro, ou por ter agregado mais o fato de ser um grande jurista?
Quando Alceu Collares foi eleito Governador do Estado, com justiça segundo o meu conceito, alguém se lembrou que estava sendo eleito um negro para governador do Estado com o menor número de pretos da nação? Alguém estava preocupado com isto? É evidente que não, todo mundo pensou no político competente, de bom trânsito e experimentado.
Pelo amor ao bom debate, admitamos as quotas para negros para o ingresso à universidade, por que só eles, por que não os índios, por que não outras etnias que tenham dificuldades no acesso às faculdades?
Outro ponto a ponderar: quem é negro? Somos um pais de mestiço. Nos Estados Unidos eu, que tive uma infância loira, onde era chamado de “alemão”, não seria considerado branco, no máximo seria rotulado de “hispânico”, logo discriminado. Lá se eu tenho um ascendente negro sou negro, embora tenha o cabelo da cor do trigo.
Na verdade, quem é discriminado no Brasil é o pobre, tanto faz se ele é branco ou negro. Assim com as quotas o branco pobre vai ser discriminado duas vezes: por ser pobre e por não ser negro. O negro rico não é discriminado, tendo acesso a qualquer lugar que pretenda ingressar, incluindo a universidade, por que ele teria privilégio para ingressar na universidade?
Outra aberração jurídica é a quota destinada aos estudantes das escolas públicas, e cuja discussão apresentarei em outra crônica.
Em suma, entendo que as quotas para minorias é fator de desagregação social, e discriminação já proibida pela constituição federal.

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