domingo, 21 de dezembro de 2008

CHUTEIRAS TROCADAS


As crianças costumam escrever para o Papai Noel pedindo brinquedos. A maioria é criança pobre, sem qualquer perspectiva de receber um presente, daí apelam para o extraordinário. Os nossos Correios e Telégrafos mantêm um serviço muito bonito de atenção e resposta às cartas endereçadas ao Papai Noel.
Existe até uma pequena e hilária história na qual um menino tinha um problema em casa, e precisava para resolvê-lo de dois mil reais, com este intuito escreveu para o Papai Noel. A carta sensibilizou o pessoal do correio, ou seja, os funcionários em geral da empresa, os quais se cotizaram e conseguiram juntar quase todo o dinheiro, exatos mil e oitocentos reais. Mandaram então uma quantia para o menino, é claro em nome do Bom Velhinho. O engraçado é que o menino mandou outra carta ao Papai Noel dizendo, em suma, que não mandasse mais dinheiro pelo Correio, e que se o fosse fazer usasse outro meio, pois o pessoal dali não era de confiança, pois o haviam roubado duzentos reais!
Pois testamos o serviço e realmente é muito organizado, e dá muita satisfação a quem dele participa.
Uma das cartas escolhidas era de um menino que pedia uma chuteira do Internacional. Fiquei imaginando o que seria uma chuteira do Colorado. Seria uma com o distintivo vermelho?
O episódio serviu para lembrar que em minha infância a gente só jogava de pé no chão. E, no colégio de tênis. Um único recebido por ano que devia durar todo o período escolar. O futebol era um inimigo declarado da durabilidade, ainda mais da marca ruim que eu usava: Íris. É verdade: a popular Conga era muito caro para mim, e o meu sonho era ganhar um tênis Bamba, o qual era vendido em dois tipos: um, para basquete, e ,outro, um tênis curto. A minha preferência era o curto. Não ganhei nenhum.
Até os anos 70 ninguém andava de tênis na rua, todo mundo usava sapato. Quando iniciou a onda dos tênis transados, eu já trabalhava e comprei um e comecei a usar até para trabalhar. Hoje a gurizada não quer mais saber de usar sapato. Tem gente já usando tênis com terno. Outro dia vi Paul McCartney no estilo.
Voltando às chuteiras, eu só tive uma chuteira na vida, preta é claro. Naquela época, chuteira era sempre preta. Eram todas feitas de material muito duro para resistir. a minha, como era popular, era macia. Hoje estaria na moda. Até eu não precisava muito da chuteira, pois normalmente era goleiro. Só quando jovem é que, jogando futebol de salão, abandonei o gol, e também fui saído da turma dos ruins, sendo considerado até um jogador razoável.
Como é que um gremistão como eu vai dar de presente a um menino que nunca viu, e nunca vai ver, uma chuteira do Inter? É fácil: dá uma chuteira boa que não seja do Colorado. O guri vendo uma linda chuteira, novinha, toda brilhosa e colorida, vai se lembrar do Internacional? É claro que não.
Também não comprei azul para não provocar o moleque. O vendedor até me tentou com uma linda chuteira azul e prata, mas optei por uma toda amarela brilhante.
Talvez no outro Natal o guri escreva uma carta com o seguinte conteúdo:
- Papai Noel, da outra vez que eu lhe pedir uma chuteira do Inter não mande pelo correio, pois aqueles caras devem ser gremistas e trocaram a minha chuteira vermelha por uma amarela. Gostei, adorei e usei, mas ainda to chateado com esta gente.

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