quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PERDI O INVESTIMENTO - QUE TOLO FUI!

Nasci em 1952, logo em 1964 eu tinha 12 anos. Entretanto, no auge dos governos militares eu era ou adolescente ou um jovem, entre 16 e 25 anos. Pois o referido período coincidiu exatamente com o meu tempo de vida de estudante, do colégio primário até a metade da Faculdade de Direito. Pois enquanto eu estudava e trabalhava, seguindo preceitos ditados por meu pai e minha mãe que me diziam estar no caminho correto quem estudava, e, portanto, teria um futuro brilhante pela frente, com sucesso profissional e tudo, alguns seguiam o caminho da revolta política, numa tentativa de derrubar o governo militar e a implantação em nosso meio de um regime comunista, que eles entendiam ideal para o Brasil, tal como o exemplo cubano, russo ou chinês.
Pois não é que os meus pais (Cá entre nós, eu também) estavam errados. Eu continuei meus estudos, tive um razoável sucesso profissional, que me proporcionou uma vida um pouco confortável, com um e outro aperto, mas decente. Outros, que enveredaram pelo caminho da contestação, e até da luta armada, após o encerramento da coisa toda, voltaram às suas respectivas atividades, uns até com grande sucesso, o que não lhes impediu de, aproveitando-se que alguns de seus companheiros hoje mandam na república, conseguiram gordas indenizações, e, não raro, pensões bem interessantes.
Eles, na verdade, fizeram um investimento, e tiveram grande lucro. Existem casos de indenizações de um milhão de reais. Teve gente que passou uma semana no DOPS e tem pensão vitalícia de mais de dois mil reais.
Tem coisas que beiram o ridículo. Vejam o caso do pessoal que foi exilado em Paris ou Londres. Que sacrifício! Realmente, deve ser uma coisa horrível. Morar compulsoriamente em Paris, por exemplo, deve ser uma tortura diária. O sujeito deve passar o dia pensando: o que posso fazer para não ter de voltar? Ainda mais aqueles que não são chegados ao trabalho. Para homens sérios como Rui Barbosa, que por lá também esteve exilado, realmente é um sacrifício, mas para o que sempre foram próximos de uma badalação estavam no seu elemento.
Puxa vida, que azar esta graninha até que vinha bem para mim. Por que fui fazer esta burrada. Era só ter saído numa daquelas passeatas. Ter jogado uma meia dúzia de pedras na polícia, e pronto, hoje estaria numa boa. Perdi tempo lendo Machado de Assis, Érico, Jorge Amado e Augusto dos Anjos. Tinha que ler era o Manifesto Comunista, o Livro Vermelho dos Pensamentos de Mao, e fingido ter lido O CAPITAL do Marx, como todo bom vermelho faz.
Se pudesse entrar numa máquina do tempo...

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