segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UMA ROSA PARA DONA ELZA

Conheço dona Elza (Elza Moraes Rosa) desde 1975, portanto já se passaram 35 anos. Assim, que ela tinha somente três menos do que eu hoje. Sempre fui um seu admirador, pois se trata de pessoa inteligente, de fino trato, excelente cultura, mãe dedicada, caridosa, e também um grande papo.
Hoje, fui visitá-la, a conversa foi de viagens à política. No alto dos seus 90 anos, bem vividos, uma clareza de idéias e bom sentido crítico. Um entendimento claro sobre a realidade, demonstrando que continua com o interesse nos destinos da pátria.
Sempre ouvi falar que escrevia bem, e que tinha alguns poemas. Na verdade, que fique entre nós e  a Zero Hora, a gente fica meio cético, pois os elogios vinham dos filhos, noras e netos. Aconteceu, porém, que eu recebi de presente um livro autografado, com linda dedicatória, contendo uma boa parte de sua obra, incluindo crônicas, poesias, trovas e contos diversos.
Modéstia à parte, sei quando vejo algo bom. O livro chama-se "Relembrando", que não é bom: é muito bom.
Comecei a ler, e não resisti: coloquei-me a declamar em voz alta - Lourdes achou que eu estava ficando maluco (o que não deve estar muito longe da verdade).
Com a devida vênia da minha amiga, vou dar uma palhinha por aqui, vejam só:
PARTIDA
Quando eu daqui partir,
Quando de mim
Nada mais restar
Que a pungente
Saudade que tortura,
Levem para enfeitar
Uma pequena flor
A minha sepultura...
Não que vá vê-la,
Ou que vá senti-la,
Mas com isso
Estarei dizendo,
Que ainda vivo
Em seus corações,
E que, por certo,
Em algum momento,
Elevando a Deus
O pensamento,
Direis por mim
Algumas orações.

Volto eu: que passe muitos anos até que alguém consiga lhe levar esta flor, Dona Elza.
Outro dia, quando se falava da morte de um poeta uruguaio que foi notícia por aqui, eu dizia que o jornal havia se enganado, pois os poetas não morrem. Eles vivem em suas poesias, e através delas em nossos corações. Assim, é que quando minha amiga partir, se eu ainda estiver por aqui, certamente lhe mandarei, não uma,  mais inúmeras rosas através de minhas leituras das suas  poesias, as quais já tomarão de assalto minha biblioteca. Amanhã mesmo,  já providenciarei  uma capa dura para o seu livro, pois certamente o grande manuseio a que o mesmo será submetido, doravante, carece minha providencia imediata.

Vejam que maravilha, numa homenagem, verdadeira ode ao Mário Quintana:
A MARIO QUINTANA
Quem me dera ser poetisa,
Para em rimas te dizer,
A beleza que se engasta
Neste teu tão nobre ser.
...
Encerra dizendo:

Mestre dos mestres, Quintana,
Seja meu professor
E a esta doidivanas
Dê uma lição, por favor,
Que lhe sirva de valia
No imitar o senhor.

Um comentário:

Lalaith place disse...

hehehhehe Viu só, os elogios eram sim merecidos. Li (e reli) o livro da Vó, e achei maravilhoso....

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