domingo, 19 de julho de 2009

A ELITE SE PROTEGE

Quando somente filho de rico cursava universidade, bastava o curso de graduação. O sujeito se formava em Direito e ia ser advogado pelo resto da vida. Fazia um curso de aperfeiçoamento aqui, escutava uma palestra ali, participava de um congresso e só. Não era diferente nas outras áreas, incluindo medicina, engenharia, arquitetura e outras ciências.
Bastou que a universidade passasse a estar acessível às populações mais baixas, para que a elite criasse a necessidade de pós-graduação, depois mestrado e finalmente doutorado. Façamos justiça: o doutorado sempre existiu, mas não fazia parte das exigências para um exercício de qualquer profissão, servia mais para criar pesquisadores, reunindo apenas pessoas de grande conhecimento e alguma nomeada.
Estes cursos são todos pagos, e muito caros, daí que as populações menos aquinhoadas financeiramente têm dificuldade de cursá-los. O que acontece então? Uma pequena elite faz estes cursos, e eles passam a ser "conditio sine qua non" para grandes carreiras. É o "status quo" se defendendo do povão. Legitimo "apartheid".
De outra banda, se os tais cursos de pós, mestrado ou mesmo doutorado servissem para alguma coisa, mas não servem para nada. O aluno destes cursos fazem basicamente teses sobre determinado assunto, inédito, pertencente ao seu campo de atuação. Tal tese é defendida diante de uma banca.
Tirando as compras de trabalho que são assuntos criminais, podemos dizer que basta alguma pesquisa, e uma boa apresentação, adrede treinada, para se fazer bem perante a banca.
O aluno graduado sai do Brasil e vai à Noruega faz lá um doutorado. Defende uma tese sobre a importância do Direito Ecológico no norte da Europa. É aprovado com louvor, seu tabalho é indicado para publicação. Volta para o Brasil com o título de Doutor em Direito. O que ele trouxe de novo,ou acumulou de conhecimento que interessam ao mundo jurídico brasileiro? Respondo: nada.
Nossa querida Ministra Dilma teria tido inserto em seu "curriculum" mestrado e doutorado não concluídos. E, daí que diferença faz para o Direito Brasileiro se ela concluiu ou não? Respondo: nada. Somente interessa sob o ponto de vista moral e ético. Não pode haver no "curriculum" de um Ministro de Estado brasileiro informação falsa. Sob o ponto de vista de proveito para o povo brasileiro, não há qualquer diferença.
A moda agora é mandar o filho fazer pós-graduação, mestrado ou doutorado no exterior assim que faz a sua graduação. O bom é que a maioria não volta. Gostam dos países desenvolvidos, e resolvem viver por lá o resto de suas vidas, sem se importar se o país financiou os seus estudos iniciais ou não.
O jovem faz graduação na UFRGS e foi para Londres fazer um doutorado. Acontece que o Direito inglês é tão parecido com o brasileiro, quanto uma vaca é parecida como uma alpercata (o mesmo que alpargata). O único proveito possível é que ele volte para ser professor de Direito Comparado,disciplina que normalmente faz parte de pequenos tópicos de Introdução à Ciência do Direito. Na prática, ele volta mais inchado que peito de Chester ou fígado de ganso francês, e saí ditando cátedra por aí.
As universidades costumam dar muito mais valor aos cursos de pós-graduação do que prática profissional. Dão muito mais valor a um engenheiro estrutural com pós-graduação no México, do que um engenheiro com 30 anos de construção de edifícios.
Tive a oportunidade ver a pontuação que o MEC utiliza para valorizar as bibliotecas. Eles somente consideram os livros editados nos últimos cinco anos para a contagem de pontos. Nesta linha, o Tratado de Direito de Privado Pontes de Miranda (77 volumes) é desconsiderado, mas um livro do João dos Anzóis sobre o Direito das Rãs Americanas é valorizado.
Acho que em matéria de valorização acadêmica estamos indo à pique.

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