Não é sem causa que a última palavra de Os Lusíadas do meu parente Luiz Vaz de Camões é enveja. Embora tenha quem diga que não se trate da mesma coisa, pois enveja seria mais do que inveja, a maioria entende que são sinônimos, e que enveja seria a forma do português arcáico. Camões – como grande escritor – sabia que a última frase de uma obra sempre é a mais importante; se escolheu como último vocábulo, certamente tinha lá suas razões.
(Canto Décimo – 156 – Fico que em todo mundo de vós cante,/ De sorte que Alexandre em vós veja,/Sem à dita de Aquiles ter enveja.)
Inveja na verdade é um pesar pessoal pelo fato do outro ter ou ser alguma coisa que eu não tenho ou não sou. Por que ele tem, e eu não? Por que ele é, e eu não sou?
A inveja nunca é um sentimento verbal ou explícito, fica sempre em nosso subconsciente, raramente se exterioriza, e quando o faz é de forma violenta.
Não se pode confundi-la com outra atitude que é a competição, esta salutar, a qual pode mover a vontade a tal ponto de fazer progredir a pessoa como ser humano.
Certamente causarei espanto - e talvez alguma irritação – mas afirmo gostar que eventualmente alguém de mim tenha inveja. Por quê? Ora, ela antes de tudo é um elogio: alguém acha que de certa forma sou superior. Pode até não ser verdade, mas alguém acha. Se ela tem caráter material, ou seja, se a pessoa tem inveja de alguma coisa que eu tenho, está reconhecendo que fiz boa escolha, o que também é laudatório.
A inveja somente se torna nociva quando explícita, a ensejar ações destrutivas.
Os pecados capitais são sete: inveja, avareza, soberba, luxúria, gula, ira e preguiça. Destes sete, quatro se voltam contra a própria pessoa: avareza, luxúria, gula e preguiça; e três contra outras pessoas: soberba, ira e inveja.
Na soberba, me acho o maioral – o boss – na ira, descarrego meu ódio contra os meus próximos, já na inveja sou menos agressivo, silencioso e até reverenciador.
Por tudo isso, como odiar os invejosos?
Existem duas pessoas inviáveis dentro de mim: a primeira, a que os meus inimigos imaginam; a segunda, a que os meus amigos propagandeiam.
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to salva!huahuahuahauhauhauhaua
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