Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noute quando em funda soledade
Minh’alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno efeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da Saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.
Augusto dos Anjos – 1901
Um de nossos maiores poetas, Augusto dos Anjos, nos apresenta a obra-prima acima com o título de Saudade.
O verdadeiro poeta nunca é alegre. Refoge de sua natureza o riso, pois o pranto é o seu melhor quintal. Assim como é estranho ao palhaço ser triste, também o é ao poeta ser visto sorrindo.
Vejo a saudade exatamente como o diz Augusto no soneto acima. A saudade sobressai na solidão (soledade), e a alma se insista e se recolhe tristemente. Mas, por outro lado, tal como diz ao final de peça, me alimenta a vida, ou seja é um fator de vida, ou razão de viver.
Existem duas pessoas inviáveis dentro de mim: a primeira, a que os meus inimigos imaginam; a segunda, a que os meus amigos propagandeiam.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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