quarta-feira, 10 de março de 2010

MANUAL DO LEITOR DO PRESIDENTE

O jornal O Globo de hoje publica matéria onde diz que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou dissidentes cubanos a bandidos em São Paulo”. Tal entrevista foi condenada em nota oficial da Ordem dos Advogados do Brasil. Alguns petistas tentaram por panos quentes, tal como Maurício Rands que afirmou ter o presidente se expressado mal ou ter sido mal entendido.
A frase de Lula teria sido: “Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todo os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade.”
Volto eu: existem duas classes que não podem ser assistidas por explicadores (*), uma é a do escritor, e outra a do político. O escritor que escreve e necessita de que alguém diga o que ele disse é um fracassado. O político que carece, a cada pronunciamento seu, venham seus assessores explicar que aquilo que ele disse na verdade não é o que ele pensa, não tem credibilidade. O Chefe da Nação deve sempre dizer a última palavra, não podemos criar um Manual do Leitor do Presidente para consultar a cada pronunciamento do mandatário maior.
Recomenda-se a quem não domina muito as palavras que faça pronunciamentos por escrito, pois há tempo para retificações, consertos e moderações por assessores competentes. Quem se propõe a discursar de improviso, assume o risco.
Quem fala pouco corre pouco risco, quem fala demais está sujeito a falar o que não pode ou não deve.
Quanto ao conteúdo o PT sempre fez esta confusão. Não o faz somente quanto aos dissidentes cubanos. Os delitos de opinião se restringem a manifestações verbais e pacíficas. Quem assaltou banco, quem matou gente, quem feriu pessoas não estava (ou está) somente no campo das idéias, ou seja, nos limites dos chamados crimes de opinião.
Muita gente que aparece como salvador da pátria no passado não era mais do que um delinqüente comum.
Se existe diferença entre alguém que assalta um banco para dar de comer aos seus filhos, e outro que rouba o banco para financiar guerrilha política, estou inclinado a favorecer o primeiro, embora ache os dois atos reprováveis.

(*palavra que não existe, neologismo meu para falar de quem dá explicações por outro.)

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