quinta-feira, 26 de maio de 2011

O MELHOR AMIGO

O primeiro cachorro que tive foi um mestiço chamado Totó. Ele nasceu lá em casa em Viamão. Foi o meu cão de infância.
O meu irmão Alfredo – o Dinho - nasceu quando eu tinha já 15 anos o próximo, por isso o cachorro, como todos, se ligou muito a mim que era o guri da casa.
O problema de a  gente se afeiçoar aos animais é que eles têm vida curta, cerca de 10 a 15 anos, quando não resolvem partir antes. Totó morreu com 12 anos. Simplesmente se apagou. O enterramos ao lado da casa. Foi um dia triste.
Em 1981, nasceu minha filha única Gabriela. Um belo dia achei que era hora de lhe dar um cachorrinho. Por recomendação de um colega, fui até uma casa na Avenida Júlio de Castilhos, para comprar um cão poodle pequeno e branco. Achava que o poodle poderia perfeitamente conviver conosco no pequeno apartamento da zona sul.
Logo na entrada, vi que existia uma pequena gaiola de arames, onde estavam dois poodles, um preto e um branco. Acontece que o branquinho não ligou à mínima, enquanto o pretinho veio brincar comigo pela tela. É evidente que me conquistou.
Começava ali uma amizade que durou até 2001. Dei a ele também o nome de Totó, talvez em homenagem ao primeiro. 
Totó era um cão diferenciado, fundado em sua grande inteligência. Sim inteligência, pois entendo que eles tem sim esta capacidade. Muitos veterinários dizem que ela não existe, que os cachorros somente tem instinto. Eu pergunto, o que é a inteligência senão uma sequência interminável de instintos?
Nós viajávamos de carro, e Totó ia junto, ficava de pé toda viagem, entre os dois bancos da frente, muita vezes com o focinho no meu ombro para manter o equilíbrio. Adorava também andar com a cabeça para fora do carro, pegando o vento.
Ele tinha uma capacidade incrível de aprendizado. Foi o animal mais disciplinado que conheci. Ele morava comigo no apartamento. Se, eventualmente, eu saísse pela manhã e atrasasse, ele não fazia qualquer necessidade fisiológica no apartamento, pois esperava até eu chegar, quando o levava para a rua. Ele então saia em disparada escada a baixo até chegar a rua, onde só ai então descarregava.
De outro lado, ele podia ficar feroz quando enfrentava alguma situação que entendia de dificuldade. Certa vez na praia foi atacado por um enorme Rothweiler. Não teve dúvida se atracou com o cãozarrão. Se conseguimos apartá-lo jogando água gelada nos contendores. Ele mordeu quase toda a família, inclusive a mim.
Quando Totó já tinha uns oito anos, recebeu uma companhia um Cocker preto e branco muito bonito, que ainda vive, a quem demos o nome de Amadeus.
Totó ficou doente, tendo crises de epilepsia, sendo que passamos a lhe ministrar Gardenal. Certa vez saímos um fim de semana, e ele teve uma crise. A empregada certamente não lhe deu o remédio e ele morreu. Ela perdeu o emprego.
Amadeus era a antítese do Totó, completamente baratinado, sem sossego, só queria saber de brincadeiras. Não conseguia aprender nada. Era um cão muito divertido. Ele mora hoje com meus pais em Viamão, já está praticamente cego, e tem grande dificuldade de locomoção.
Hoje, em casa só temos gatos. Bem, é outra história que conto num outro dia.

Um comentário:

Gabriela disse...

Ótima descrição do Totó!! Só esqueceste de dizer que ele ia passear sozinho no condomínio e depois ficava aguardando na porta do apto, até que alguém abrisse! (ou que um vizinho desavisado fosse surpreendido por ele, aos latidos!!!).

Arquivo do blog

QUEM É ESTE ESCORPIÃO?

Minha foto
PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, Brazil
EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS