quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A MODÉSTIA

A verdadeira modéstia é somente a ausência de vaidade. O modesto é um sujeito moderado nos seus desejos. Tem pudor, decência e, por que não dizer (?) compostura.
Muita gente confunde modéstia com timidez. Enquanto o modesto é um recatado por comportamento voluntário, o tímido na verdade é um medroso. Este tem medo de enfrentar a realidade, daí se encolhe na menor adversidade.
Bertrand Russell, em sua obra A Conquista da felicidade, falando da modéstia, trouxe à lume a falsa modéstia. Disse que, embora a modéstia seja até considerada uma virtude, as pessoas dela acometidas carecem muito de que outras pessoas as tranqüilizem, não se atrevendo a ensaiar tarefas que não sejam capazes de executar sozinhas e perfeitamente. Assevera que as pessoas modestas julgam-se eclipsadas por aqueles com quem habitualmente convivem e por isso são particularmente inclinadas para a inveja e esta originaria descontentamento e má-vontade.
Foi duro Bertrand Russell (como sempre), mas não deixa de ter razão, e acrescento mais: a modéstia em excesso tem uma ponta de insinceridade. A pessoa na verdade, embora se apresente como inferior, não quer esta posição, pois espera que o seu interlocutor, ao ouvir o seu voto de pobreza, a contradiga e a reponha no lugar que verdadeiramente entende estar. Nasce daí a expressão falsa modéstia. Ele diz, mas não guarda sinceridade.
Claro que não chego ao exagero de Jean de la Bruyere para quem "False modesty is the last refinement of the vanity", mas que há uma contradição neste tipo de comportamento isso é fato.

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