sábado, 30 de agosto de 2008

DESABAFO DE UM CONSERVADOR MALVADO

Todas as pessoas que me conhecem sabem que eu sou um conservador. É claro que não sou um conservador nos moldes que entende a esquerda brasileira. Para esta ser conservador significa ser um sujeito malvado, o qual quer a manutenção de um “status quo” perverso, onde os ricos e poderosos - ditos opressores- massacram as classes pobres e trabalhadoras. Na verdade, sou um conservador do tipo inglês, o qual simplesmente se opõe a outro partido dito trabalhista, mais chegado a utopias. Sou conservador no sentido de ser capitalista, com alguma preocupação social. Esta posição não constitui qualquer novidade, desde Adam Smith (A Riqueza das Nações), assim não posso ser considerado inovador apresentando um capitalismo com preocupação com as camadas mais pobres da população.
Qual seria a diferença entre um capitalista conservador, preocupado com a situação das camadas mais carentes e um socialista, trabalhista ou sua versão mais odiosa a dos populistas? Elementar, enquanto àqueles buscam alcançar recursos e meios para que os pobres possam com seus próprios meios alcançar riquezas, lhes proporcionando postos de trabalho e oportunidades, estes são afeitos a um assistencialismo, onde se alcançam meios aos hipossuficientes sem qualquer contrapartida, os mantendo atrelados e dependentes do sistema. Esta última forma tem grandes vantagens ao operador, haja vista que tende a mantê-lo no poder, pois os assistidos têm medo de perder o seu mantenedor.
A fórmula é evidente: você pega um sujeito carismático, aumenta violentamente a carga tributária, principalmente daqueles impostos que a população não se dá conta de que está pagando, e começa a distribuir dinheiro, sem nada exigir em troca, somente esperando que eles lhe retribuam com apoio político. Ora, renda sem ter que trabalhar é melhor que poção mágica: todo mundo gosta.
A primeira manifestação populista, dentro deste espírito de produzir renda sem trabalho, foi criada na década de 60 com o abono anual, mais conhecido como décimo terceiro salário. Embora o empresário inteligente possa durante o ano fazer uma reserva de 1/12 para ao final do ano pagar o 13º salário, ou seja, ele verdadeiramente é parte da remuneração anual do empregado, este recebe o abono anual como se fosse um prêmio, ou seja uma quantia extra-salarial, sem qualquer relação com o seu labor. Outra coisa do gênero foi o PIS, o qual já foi esvaziado com exceção daqueles que recebem até dois salários mínimos, os quais recebem anualmente mais um salário a este título. Outra fórmula também existente neste patropi é a concessão de benefícios previdenciários a quem nunca contribuiu, ou seja, se alcança dinheiro da previdência social a beneficiários que com ela não contribuíram, numa afronta ao mais elemento princípio atuarial.
Esta farta distribuição de benefícios sociais a quem nunca contribuiu é a causa única do déficit da previdência, mas o governo se faz de morto e põe a culpa nos aposentados, diminuindo seus proventos cada vez mais, criando fator previdenciário cujo único objetivo é diminuir o valor dos pagamentos aos jubilados.
Não fique concordando comigo que você será considerado também conservador, e portando não progressista, logo um malvado. Seja politicamente correto. Diga que distribuir dinheiro sem trabalho é única forma de evitar a fome no país. Declare que pagar sem trabalho é uma forma justa de distribuir renda. Concorde que aposentar quem não contribuiu é uma forma de conserto social. Com tudo isso, você será considerado politicamente correto, e portanto um progressista, longe dos malvados conservadores como eu.

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