segunda-feira, 12 de julho de 2010

IMPRENSA ENGAJADA?

Nestes anos, onde se discute muito o papel da imprensa, uns entendem que a imprensa deve ser totalmente isenta, ou como queiram, em cima do muro. Outros, como eu, entendem que ela pode sim ter o seu lado, desde que ele fique claro. Nos EUA, onde graça a democracia, é muito comum o jornal estampar o nome do candidato à presidência que apoia. Por aqui isto seria considerado um crime, o que é absurdo. As impresas são privadas, e podem ter suas cores, as quais não necessariamente são as nossas. Acho muito mais importante que o façam com clareza e não às escondidas.
No livro - muito bom - de Samuel Wainer, Minha Razão de Viver, ele publica uma carta de Getúlio Vargas, onde o ditador,  e depois presidente eleito constitucionalmente,  lhe saúda pelo lançamento do jornal, que depois consagraria o jornalista: Última Hora. Na missiva, GV dizia que "Não havia alternativa além do apoio incondicional ou da oposição sistemática. O jornal não era uma tributo de ensinamento, mas um pelourinho de reputações. Imprensa governista e imprensa de oposição se dividiam em dois campos adversários de feição tolerante e apaixonada, onde eram impossíveis a crítica serena e a visão superior dos problemas do Estado. Já vai longe esse tempo, e a distância que dele nos separa deve encher-nos de conforto e segurança." Nos seus tempos de ditadura, este problema não o afligia, pois a censura baixava furiosa. Depois eleito pelo voto direto, passou a se preocupar com a imparcialidade. Agora, achava ruim que parte da imprensa fosse governista e outra oposicionista. Eu já entendo diferente: acho que a imprensa deve ser sempre fiscalizadora do governo.  Já repeti aqui diversas vezes: imprensa a favor só diário oficial.
Existem jornais no Brasil que todos os dias estampam manchetes a favor do governo. O pior é que, não raro, são notícias ufanistas dando conta de coisas que ele (jornal) imagina que vai acontecer, e que, na verdade, não há qualquer possibilidade de vir a ocorrer. Outras são números e estatísticas que não tem qualquer interesse, ou repetição de índices já requentados, mas que são trazidos para as manchetes somente para propagandear o governo.
Outro dia a notícia era de que o PIB brasileiro foi negativo no ano passado, ou seja, recessão. Qual foi a manchete do tal jornal: Brasil crescerá 6 a 7% neste ano. Ora, nem com bola de cristal ou polvo alemão para dar uma previsão desta, mas foi manchete. Como é que vamos dar credibilidade a um jornal destes?
É claro que devemos separar o que é noticia, do que é opinião. Também não sou tanso a não entender a diferença. Nas notícias, simplesmente contar os acontecimentos, as colunas e resenhas a opinião dos jornalistas, com assinatura, é lógico.
As vezes lendo colunas de jornal, eu lembro daquela piada: o sujeito está na repartição e vai sair, na porta se volta para o chefe e diz solenemente: - chefinho, chefinho, se quando eu não estiver você espirrar, saúde!!!

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