terça-feira, 27 de julho de 2010

UM LUGAR ONDE O TEMPO CAMINHA SEM CHEGAR

Já escrevi muito sobre o tempo, mas não escrevi tudo. Não há como fazê-lo.
Trata-se de um mistério. Que tentamos explicar, tal como quando tentamos atingir a linha do horizonte, e ela se renova sempre longe.
Outro dia, ao saudar o aniversário de minha colega e a amiga Zulmira, jogamos a idéia do tempo como uma brincadeira, ao qual, de bate pronto acolheu outra, não menos amiga e colega Virgínia. Pode-se brincar com nossas idades, temos muito menos do que demonstram nossas certidões de nascimento.
O segredo está exatamente aqui: uma idade para ter; uma idade para sentir.
Lembrei de escrever sobre o tempo ao ler uma passagem em versos de Miguel Torga, falando sobre a região do Alentejo, em Portugal, onde estaremos ainda este ano:
“Onde o tempo caminha sem chegar.”
Meu Deus, que inveja do poeta! Ele definiu um lugar para o qual o tempo não interessa.
Para este lugar nada foi, tudo é, nunca será.
Estes lugares continuarão assim quando – como diria o poeta Quintana – formos apenas uma folha levada no vento da madrugada...
Teremos conseguido atingir a transcendência ao deixar um pouco de nós, nem que seja na folha citada pelo imortal poeta – com o perdão da redundância.
Se olharmos dentro de nós, veremos que procuramos exatamente um lugar como definiu Torga, aonde o tempo não chega; aonde o tempo não passa; onde o tropel desta vida agitada que nos consume a vida não prevaleça.
Só no Alentejo?


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