sexta-feira, 21 de agosto de 2009

COINCIDÊNCIA?

Reputo crônica O POPULAR que um dia deu título ao primeiro livro de Luis Fernando Veríssimo, como uma das melhores crônicas que já li.
Nela, LFV narra a figura do popular, que constrói como personagem principal um sujeito que sempre está em qualquer lugar; em qualquer acontecimento.
O popular nunca é preso, sempre fica assistindo o outro ser preso.
Quando você vê no jornal popular é atropelado pelo ônibus: mentira, o popular não é o sujeito estendido no chão com jornais em cima esperando cinco horas o rabecão do IML, é o sujeito com cara de interessado que está olhando o cadáver com a mão na cintura.
Quando você lê que a policia atacou populares na china, e que passou por cima deles não é verdade, pois o popular não estava na manifestação, ele era o sujeito que estava simplesmente observando atentamente como é que as lagartas do tanque se mexiam.
Pois em qualquer movimento de esquerda no Brasil, onde morre gente, o morto nunca é dirigente, é sempre um desavisado que estava entrando ou saindo; uma pessoa que estava chegando agora no movimento.
Lembram do episódio do Restaurante Calabouço no Rio? O menino que morreu com pouco mais de 16 anos nada tinha de ativista político, era mais um curioso. Pois o corpo dele serviu de bandeira durante muito tempo para a turma da esquerda.
Agora morreu um "sem-terra" que estaria há pouco tempo no movimento, talvez não tivesse nem entendido ainda onde estava. Mas não se iludam ele vai servir como bandeira à ser desfraldada contra as autoridades por muito tempo.

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