domingo, 9 de agosto de 2009

DE ROUSSEAU A LULA- UM POUCO DE POLÍTICA


DE ROUSSEAU A LUIS INÁCIO: UM POUCO DE POLÍTICA

Nos últimos dias, não temos visto mais a publicação de pesquisas sobre a popularidade do presidente, do seu governo, e muito menos do seu partido.
As últimas indicavam algo em torno de 84% a favor de Lula. Eu, certamente por ser azarado, não consigo falar com as pessoas que habitam estes 84%, e tenho falado somente com os outros 16%. Lembra muito a eleição de Collor: depois que foi cassado a gente não achava mais quem tinha votado nele (eu votei).
Há muito tempo, tento, sem sucesso, encontrar uma explicação para tal popularidade, além do simplismo de atribuir ao bolsa família, haja vista, que tal benefício às populações mais pobres teve origem ainda no governo FHC, tendo na prática somente a unificação dos programas, e um novo nome.
Talvez tenha encontrado alguma coisa que pode explicar parte deste problema. Está lá no CONTRATO SOCIAL (Du Contrat Social ou Principes Du Droit Politique) de Jean-Jacques Rousseau (1717-1778).
Fica no Capítulo III, denominado “Se a vontade geral pode errar”. Abre aspas: Daquilo que precede segue-se que a vontade geral é sempre reta e tende sempre à utilidade pública, mas disso não se segue que as deliberações do povo tenham sempre a mesma retidão. Sempre se quer o próprio bem, mas nem sempre se consegue vê-lo. Nunca se corrompe o povo, mas o engana muitas vezes e é somente então que ele parece desejar o mal.
Há frequentemente grande diferença entre a vontade de todos e a vontade geral. Esta considera somente o interesse comum, a outra considera o interessa privado e outra coisa não é senão a soma de vontades particulares. Tirem, porém, dessas mesmas vontades as que em menor ou maior grau se destroem reciprocamente e resta como soma das diferenças a vontade geral; fecha aspas.
Voltemos às plagas verde-amarelas. O que mantém Lula no poder são os interesses particulares, ou seja, o somatório destes proveitos, que não são obrigatoriamente os gerais da nação, tal como previa Rousseau.
Ele paira entre o clientelismo político e o populismo. Enquanto o primeiro nada mais é do que um apêndice do coronelismo, reeditando a figura feudal da relação entre vassalos e suserano, onde este último garantia proteção aos primeiros mediante apoio político incondicionado; o segundo, é encontrado a partir de uma verdadeira sopa, tendo ingredientes como um caudilho, muito carisma, muita emoção, um dose de nacionalismo – não exacerbado – encerrando com um pouco de ideologia – sem muita convicção.
Vejam bem, enquanto o PT é um partido político nítido de esquerda, com tendência socialista, e cujo fim é o comunismo, não se vê nada de ideologia na figura do presidente. Ele não se interessa por este tipo de discussão. Jamais se viu ele discutindo o tema. Talvez, este fato justifique a diferença entre as votações de Lula e as de seu partido. Enquanto o seu índice de aceitação passa de 80%, o partido que lhe dá sustentação está ali nos 25% de eleitores fiéis. É verdade que é muito, pois, os partidos como o PCB e PcdoB nunca empolgaram a nação, mesmo quando tinham grandes lideranças como Prestes e Amazonas.
Lula, entretanto, não tem conseguido transferir este se apoio popular aos seus seguidores, tais como Marta (ex-Suplicy e ex-Favre), ou mesmo Dilma Roussef. Esta última, mesmo com imensa carga favorável na mídia que lhe dá o governo incondicionalmente, numa exposição sem par em toda a história republicana, não conseguiu passar do adversário – Serra – o qual ainda nem disse que é candidato, e que não ganha uma mísera linha da imprensa falando de sua eventual candidatura.
Excluída a candidatura Dilma, nada restará ao PT o qual ficará obrigado a apoiar uma candidatura de outro partido. Não se espantem se não for o próprio Serra ou Aécio, pois em política tem gosto para tudo. Não esqueçam que FHC, Serra, Dilma e Lula já estiveram todos do mesmo lado.

( O retrato é ROUSSEAU - Nasceu em Genebra. O Contrato Social é sua principal obra. )

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