sexta-feira, 21 de agosto de 2009

UM EU LAMENTÁVEL

Soneto

N’augusta solidão dos cemitérios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam sonhos meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pálidos, funéreos.

São minhas crenças divinais, ardentes
-Alvos fantasmas pelos merencóreos
Túmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos,

Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na laje fria dos meus pulcros,

Desliza então a lúgrube coorte.
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.

Soneto extraído da genial obra EU do poeta Augusto dos Anjos.
Quanto estou triste, chateado, não com ninguém, mas comigo mesmo, gosto de ler Augusto dos Anjos.

Talvez seja porque nada há maior do que a introspecção pessimista de Augusto (dizia Euclides da Cunha sobre AJ), ou talvez alguma coisa em vã tentativa de auto-flagelo.
Sou capaz, muitas vezes, em resistência ao extinto do Escorpião, de perdoar a outrem, mas dificilmente consigo quando a minha própria pessoa é autora.

De meu EU sou um juiz de mão pesada: imperdoável. Principalmente, nas coisas que dependem do tempo, ou que devam ser feitas na hora. Se não o fiz, não há recuperação.

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