sábado, 6 de junho de 2009

1969-2009 - QUARENTA ANOS DE TRABALHO – TOMO II

A INDICAÇÃO

Eu tinha uma conhecida dona Natália que era muito amiga do senhor Alberto, ali em Viamão, onde eu morava. Eu já tinha trabalhado com o senhor Alberto cobrando das contas de água de casa em casa. Não havia água da Corsan. A água encanada era fornecida por uma cooperativa, que nada mais era do que um grupo de pessoas, com um poço artesiano e algumas bombas, e a água era distribuída pelas ruas alternadamente. O senhor Alberto com uma chave desviava a água de uma rua para a outra, de tal sorte a abastecer as caixas d´água de todo mundo. O meu trabalho era cobrar mensalmente as contas. Ouvia muito desaforo tais como: que água? Faz um mês que não recebo nenhuma gota.
Pois o senhor Alberto era cunhado do senhor Francisco Holmer. Holmer tinha sido prefeito de Taquara, onde o titular do Tabelionato Dr. Moacyr Dornelles, tinha sido secretário. Pois o Dr. Moacyr convidou o senhor Holmer para ser uma espécie de tesoureiro. Foi então através do senhor Holmer que eu fui convidado a vir ao cartório e me apresentar ao tabelião.
Foi assim que precisamente no dia 04.06.1969, eu iniciava o primeiro dia destes quarenta anos no 3º Tabelionato.
Naquele tempo, os funcionários do Tabelionato eram contratados sem carteira de trabalho, pois não havia legislação que os amparasse. Somente os chamados Ajudantes Substitutos que após fazer uma exame de seleção passavam a esta condição e eram nomeados pelo governador, com direito à futura aposentadoria pelo Estado. Os escreventes podiam descontar para o IPE, mas o restante não tinha direito nenhum.
Foi assim nesta condição que trabalhei os meus dois primeiros anos. Não tinha direito a 13ºsalário, Previdência Social, Vale transporte ou mesmo Vale Refeição. Se fosse despedido não ganhava nada. O único direito respeitado era o de férias.
Esta desregulamentação acabou em 1970, quando passamos a ser regidos pela CLT, ingressando no mundo do INSS, dos direitos trabalhistas em geral.
O meu salário inicial como ficharista - que era a denominação do meu cargo – era um pouquinho menor que o salário mínimo. Este era de 156,00 cruzeiros e eu entrei ganhando 129,60. É verdade que quando fui receber já ganhei o novo de 156,00.
Deste dinheiro eu tinha que pagar o almoço e as passagens para Viamão. Sobrava algo parecido com nada.

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