sexta-feira, 12 de junho de 2009

AINDO SOMOS MINORIA

Anos 60 em seu início, a professorinha do Grupo Escolar apresentava aos seus pequeninos alunos a Democracia. É claro que era trazida na sua forma mais primitiva: deveriam os escolares escolher o chamado líder da aula. As funções dele seriam muito reduzidas, mas serviam para demonstrar este novo mundo aos pequenos infantes, os quais não conheciam este tipo de poder representativo, pois somente faziam parte do grupo familiar, onde o mando patriarcal era marcante, e a escola onde a professora e a diretora eram funcionárias públicas, portanto escolhidas pelo governante que as impunha.
O problema é que a gurizada era totalmente irresponsável, e via naquela forma de escolha democrática uma maneira de afrontar a autoridade constituída pela professora, fazendo com que a escolha recaísse exatamente sobre o pior aluno ou, pelo menos, no mais desordeiro.
Poucos alunos como eu levavam a sério a escolha e apontavam o melhor aluno da aula, ou o que tinha uma liderança boa. Daí que a votação resultava numa escolha que batia de frente com as idéias da professora, mas ela tinha que engolir a má idéia ou brincadeira sem graça da turma.
Passados todos estes anos, aquelas turmas hoje são os eleitores, e de uma forma ou de outra, aquilo que era uma brincadeira inconseqüente de moleque, passou a definir as eleições para os parlamentos e executivos nacionais.
O povo brasileiro ainda escolhe o político que cria mais problema, não interessando que tenha ou não capacidade de administração ou de tato para a prática legislativa, elege simplesmente o “garoto malvado”. Indica para representá-lo alguém que simplesmente apareça como uma pessoa que cause impacto na sociedade, não interessando que este fato seja bom ou mau.
Infelizmente esta prática nefasta que iniciou no Brasil, se espalhou pela Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai e agora até no Irã.
Não se pode nem acusar o sujeito de ser um ditador que impõe sua vontade ao povo, pois ele (povo) escolhe, aparentemente, em pleitos corretos,
Quem em sã consciência escolheria Mahmoud Ahmadinejad para síndico de seu prédio de apartamentos? Pois, o povo iraniano resolveu, em quase 70%, que ele é a pessoa mais indicada para dirigir os destinos dos persas.
Fico imaginando a sala de aula nos anos 70 uma professora tentando escolher o líder da aula, e recebe como presente que o escolhido foi Mahmoud Ahmadinejad. Pobre professora. A minha esperança é que pelo menos 30% ainda pensavam como eu sentados naquela pequena cadeira do Grupo Escolar. Um dia talvez sejamos maioria, e possamos indicar as pessoas mais bem preparadas para governar os nossos destinos. Somente espero que não seja tarde, e que o reeleito não tenha ainda conseguido fabricar seus brinquedinhos.

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