segunda-feira, 1 de junho de 2009

O ACIDENTE LEVOU O PROFESSOR CHEM?

Muita gente diz que não tem medo de andar de avião. Na maioria das vezes, está só balaqueando, pois não há quem não tenha certo receio. Confesso que, embora já tenha andado muito de avião, de tudo quanto é tipo desde os antigos e barulhentos trijatos da Boeing os 727 até os Jumbos e Boeing 777, passando pelos maravilhosos Electra da Ponte Aérea, quando embarco, monto num certo receio. Isso não afasta a minha vontade de viajar de avião, até por que existem destinos que só se pode ir de aeroplano, ou se passa um tempão viajando de navio, no que se perde muito tempo.
Cada vez que acontece um acidente de avião, tal como parece ter ocorrido ontem com o avião da Air France num voo entre Rio e Paris, onde a aeronave desapareceu, aparentemente 700 km de Fernando de Noronha, a gente vê declarações e conclusões completamente sem sentido para quem tem um mínimo de conhecimento de aeronáutica.
Passo para vocês alguma coisa que conheço sobre o tema, sendo que a maioria li num livro de um antigo comandante da Varig, cujo nome, confesso, não lembro, o que é imperdoável, mas o título seria mais ou menos “Não Voe Cego”.
A verdade é que duas coisas fazem um avião voar: a força para frente que faz o motor, e o desenho das asas que tem uma curvatura diferente em cima e em baixo. Basicamente esta diferença de desenho produz numa superfície uma diferença de pressão que faz a sustentação do avião.
O que isto tem de importante? Basicamente, o avião não tem motivo seu para cair em voo de cruzeiro, ou seja, aquele em que ele está lá em cima, nos seus 30.000 pés, alguma coisa como 12 km de altura. Mas não pode cair lá de cima? Pode, mas são necessários acontecimentos pouco comuns: o primeiro, seria a vontade do piloto; o segundo, alguma coisa que colidisse com a aeronave, tal como aconteceu entre o avião da Gol e o Legacy; terceiro, algum objeto estranho, tal como um míssel, por exemplo, jogado contra o avião; quarto, alguma coisa de dentro para fora que provocasse o rompimento da carcaça da aeronave, tal como uma bomba, ou um container que fosse projetado contra as paredes.
Na verdade, 99% dos acidentes em aviação ocorrem quando o avião está nos seus momentos críticos que são a subida e a descida. Na subida, é necessária uma força descomunal para que impulsionada em alta velocidade, crie as condições de aumento de sustentação fazendo com que a aeronave se desprenda do chão e se mantenha voando. Um erro de cálculo ou qualquer imperfeição pode fazer com que a decolagem seja abortada, mas existe um limite que ultrapassado pode fazer com que a avião se espatife no chão. Na descida, o que o piloto faz na verdade é derrubar o avião. Não se assuste ele faz isso controladamente. Se houver descontrole na descida da aeronove também pode se espatifar no solo. Às vezes apenas um vento lateral pode provocar um acidente, ou no mínimo uma saída da pista. Basicamente, na descida, o que piloto tem que controlar a velocidade de descida e o ângulo de entrada, para que não exceda o tamanho da pista, e, por via de consequência, ocasionar um acidente como o do avião da TAM.
Ouvi falar no caso deste acidente com a Air France que poderia ter sido um raio. O avião é uma caixa fechada, onde o raio, que nada mais é do que uma descarga elétrica não penetra nas entranhas da aeronave, fica somente na superfície do metal, e sai pelo lado oposto, tal e qual a chamada Caixa de Faraday, um dos melhores tipos de sistema para-raios, pouco utilizado aqui no Brasil. O caso de raio em aviões é muito comum, sem que cause maiores prejuízos.
Também posso dar o meu palpite – falei palpite só – sobre o acidente, em função do que se descobriu até agora. O avião em seu sistema automático de comunicação com a empresa acusou problemas no sistema elétrico, e no sistema de pressurização. Uma queda no sistema de pressurização pode ter levado o piloto a baixar a aeronave para níveis bem baixos em pouco tempo, o que pode ter levado a um congelamento do interior da aeronave. O tempo estava péssimo o que pode ter agravado a manobra. O tempo ruim não permitiria uma descida no mar, logo, o avião deve ter caído direto, infelizmente.
É bem provável que jamais se saibam as verdadeiras causas do acidente, ou mesmo que nunca sejam achados os restos dele, tal como ocorreu com o cargueiro da Varig, pilotado pelo mesmo comandante que desceu heroicamente em Orly salvando centenas e pessoas.
Soube que no voo estava o Dr. Chem, com sua família, ou seja a esposa e filha. O Dr. Chem foi meu professor de Biologia no antigo Curso Mauá, no ano de 1974. Depois se tornou um médico que se dedicava a cirurgia plástica, tendo sido pioneiro por aqui em transplante de pele. O professor Chem, como o chamávamos, era uma pessoa muito legal, tinha um estilo muito próprio.
Na primeira aula, dizia: - Não sei se já falei para vocês o que é osmose? Todo mundo dizia: - não, professor! E ele desenrolava o conceito de Osmose: é a passagem de um de um líquido de um meio menos concentrado para um mais concentrado através de uma membrana semipermeável. Continuava a aula, em seguida parava e repetia a pergunta: - Já falei para vocês o que é osmose... Era uma maneira eficiente de fixar o conceito, tanto que nunca esqueci. Grande perda para a ciência. Tenho falado: estamos perdendo nossos boas cabeças e não estamos mais repondo.

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