sexta-feira, 28 de maio de 2010

ADEUS A UM QUERIDO AMIGO

Eu caminhava pela Rua da Praia em direção ao gasômetro. Aquela figura bem magra de um homem já de terceira idade, vinha em sentido oposto, meio encurvado, em roupas tradicionais. Ao chegar perto de mim, abria um sorriso tímido me dava um abraço, perguntava como eu estava. Eu respondia que tudo estava bem. Perguntava sobre um amigo comum, do qual tinha preocupação com a saúde. Ao final, invariavelmente prometia: - vou passar lá (no cartório) para te levar uns discos.

Muitas vezes cumpriu a promessa, de sorte que tenho uma coleção de discos doados por ele. Não são discos da moda, nem que se vê tocar em nossas rádios. Somente na Rádio Guaíba à noite.

Era uma figura ímpar, uma pessoa meiga, doce, afável e carinhosa com seus amigos. Era educado com todas as pessoas, um verdadeiro cavalheiro.

Profissionalmente representava o verdadeiro rádio. Era o rádio. Não consigo imaginar rádio na noite sem ele. Uma voz identificada com o microfone. Foz clara sem artificialismo de impostação.

Ele é insubstituível. Não vejo ninguém no rádio atual que o possa substituir no que ele fazia tão bem. Profundo conhecer da história da música, desfilava na Rádio Guaíba todas as páginas musicais que se sucederam ao longo do tempo do rádio até os nossos dias.

Uma pessoa de quem o mínimo que se pode dizer nesta hora de seu passamento é que valeu muito à pena tê-la conhecido, e principalmente ter sido seu amigo.

Correndo o risco de ser considerado cabotino – e já sendo – quero citar Saint Exupéry, quando diz quando alguém parte deixa um pouco de si, mas também leva algum pouco de nós.

Fernando Veronese deixou um pouco dele em coração. Fique aí Fernando que também é o seu lugar.

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