segunda-feira, 31 de maio de 2010

PARNASO

Outro dia comentei o filme sobre o médium Chico Xavier. A curiosidade me levou a comprar o primeiro livro psicografado por ele. Trata-se de Parnaso de Além-Túmulo. Vários poetas mortos teriam ditado novos poemas ao Chico, que os teria psicografado, ou seja, escrito novas obras das pessoas já falecidas.

Os críticos da época, e alguns posteriores, dizem que se trata de imitação do estilo do autor. Que tal tarefa não seria difícil de fazer. É verdade, só que ele não tinha conhecimento da técnica, talvez não conhecesse direito os autores, e o que é mais incrível como teria tido tempo para escrever poesias tão diferentes, de estilos tão dispares?
Se entendermos que ele, como diriam os críticos, era um farsante: que genial farsante!
É verdade que até agora somente li os atribuídos ao meu preferido que é Augusto dos Anjos. O estilo me pareceu mais leve do que o amargo de A. dos Anjos, mas não afastaria de plano a hipótese de serem autênticos.
“A morte é como um fato resultante
Das ações de um fenômeno vulgar,
Desorganização molecular,
Fim das forças do plasma agonizante.”
(A. dos Anjos psicografado por Chico)

Augusto dos Anjos em EU:
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Acho que Augusto dos Anjos era mais mordaz, mais cáustico, mais ferino.
Acho que a psicografia de Chico em Augusto dos Anjos tenta muito se explicar, enquanto admirador da morte.
Mas, de qualquer sorte, quem somos nós para julgar.
De qualquer forma ele (Chico) era genial.

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