sábado, 25 de abril de 2009

DOIS RIOS PARA DAR ORGULHO, UM RIACHO NO PORTO PARA ENTRISTECER

Toda a vez que eu passava pelo rio, procurava um papel ou uma garrafa pet, e nada. Puxa vida, nem pneuzinho flutuando, nem um sofá velho, tal como no Arroio Ipiranga. O que é pior passava também por inúmeras antigas pontes, e não havia ninguém morando em baixo. Para meu desespero as pontes tinham boa pintura, e nenhuma pichação. Quem sabe pelo menos um pedaço de pau caído por engano? Nada...
Ora, se não há nada no rio, certamente o lixo e o entulho estão na margem. Claro, como não havia pensado nisso? Passei a observar às laterais do rio. Agora, sim poderia pegá-los. Que tristeza: também nada. Rio canalizado, com margens perfeitas, pedras e grandes blocos de concreto segurando as barrancas.
Não se pode confiar nesta gente. Tudo perfeito. Foi então que percebi que havia navegação no rio. Ultima chance, pois barcos costumam jogar porcarias em rios, detritos, óleo e dejetos vão direto para o curso d`água. Fiz dois passeios, sendo um de dia e outro de noite. Nada, os chatos dos comandantes das embarcações não deixam largar nada no rio.
Num gesto de desespero, pensei: quem sabe eu largo um copinho descartável no rio e tiro uma foto? Depois chego por aqui e digo: eles também são sujos e nojentos! Desisti, pois não sou assim.
A resposta está nos anos de civilização e educação. Uma cidade que todos chamam de Cidade Luz, não tal como dizem os desinformados ter origem no fato de ter sido a primeira cidade européia a ter luz elétrica, mas sim motivado pelas luzes do saber.
É sim, trata-se de Paris, e o rio, como não poderia deixar de ser é o Sena, fonte de inspiração para poetas e artistas. O Rio Sena é um orgulho dos parisienses, e certamente de toda a França.
Para encerrar quero dizer que o Rio Sena, para quem conhece, serpenteia toda a Paris, de tal sorte a separar a bela capital politicamente entre a chamada Rive Gauche e a Rive Droite, nada mais, nada menos do que à margem esquerda e à margem direita do Rio mais famoso do mundo.
Para finalizar quero dizer que no Rio Tamisa em Londres não é diferente, embora as características o sejam. Neste, eu vi um pequena garrafa boiando. Bem pelo menos da Inglaterra não voltei totalmente frustrado. O certo é que esta pequena e única exceção em dois rios europeus, em anos diferentes, constituem tão-somente a confirmação da regra.
Se você conversar com pessoas comuns do povo sobre a necessidade de limpar o arroio ou o rio, ou mesmo não jogar lixo para dentro do curso d´água elas não vão ligar à mínima, e vão dizer que isto é coisa de rico ou abonado. Em suma, o normal de nossa civilização é a sujeira.
Estou exagerando, pois olhem os conjuntos habitacionais feitos pela prefeitura com a nossa grana, como por exemplo o próximo ao DC Navegantes, na entrada da cidade. A municipalidade construiu casas e sobradinhos, muito bonitos, com ruas calçadas, saneamento básico e água tratada. Vá lá conferir. Eles em pouco mais de dez anos conseguiram transformar tudo num lixão só. Casas imundas, sujeira por toda a parte, construções clandestinas, sem qualquer controle da SMOV. Tente falar com um morador, ele certamente rirá na sua cara, e dirá que você está fora da realidade.
Conforme-se o nosso destino é viver no meio da imundície, cada vez pior. E, assim vamos cada vez mais nos distanciando dos países civilizados.

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