domingo, 19 de abril de 2009

MANTENHA SEUS OLHOS NA LINHA DO HORIZONTE

Temos uma tendência a endeusar as figuras públicas, a colocá-los num lugar muito mais alto do que eles realmente devem estar.
Uma vez eu vi um filme sobre Israel que tratava do famoso resgate dos reféns judeus em Entepe. Para quem não se lembra, durante o governo de Idi Amin Dada, um destes ditadores de plantão, um grupo terrorista sequestrou um avião me parece da EL AL (avião israelense). A verdade é que os comandos israelenses conseguiram resgatar quase todos os reféns, o que deixou o Idi Amin muito brabo. Não faltou quem por aqui também criticasse a ação. Aquela turminha que todo mundo conhece. Pois nesse, filme, um grupo de cidadãos israelenses ia até a casa do primeiro ministro de Israel pressioná-lo. Era uma casa comum, e ele conversou diretamente com os manifestantes.
Verifiquei que os judeus, pelo menos em Israel, tratam os seus políticos como gente comum, que temporariamente está no governo.
Por aqui não acontece assim. A tendência é exagerar a importâncias das figuras. Exceto alguma que outra figura carimbada, os nossos políticos, especialmente os do executivo, são de bom trato.
Já estive com o então Governador do Estado do Rio Grande do Sul, com o Prefeito de Porto Alegre da época, e tive um tratamento muito do comum. Não notei qualquer traço de soberba. Também estive com mais de um presidente da Assembléia do Estado e um Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça, também sem qualquer cerimônia.
Digo isto, pois embora para quem esteja acostumado é uma coisa natural, boba até, mas tem muita gente que não acha assim, ficando com a tendência em até ter medo deste tipo de encontro, quando na verdade se trata de simplesmente falar com alguém que está prestando um serviço público, tendo sido eleito para isto.
Já estive por outro lado, em ambientes onde também estavam presidentes da República como o Gen. Figueiredo e Fernando Henrique Cardoso, o primeiro na inauguração da sede do antigo PDS no prédio onde trabalho, e o segundo na inauguração da fábrica da GM em Gravataí. Notei também neles muita simplicidade, a par do grande aparato de segurança que envolvia os dois casos.
No meu dia-a-dia, tenho falado com políticos como os Senadores Pedro Simon e Zambiasi, deputados federais, estaduais e vereadores, e em todos sempre notei uma abertura muito grande para qualquer tipo de diálogo.
Soberba, nariz empinado, ar de superioridade, e outro tipo de atitude demonstrativa discriminatória notei em alguns empresários. Não raro, são cercados por verdadeira muralha de secretárias, recepcionistas, assessorias e atendentes, todos com o fito de impossibilitar a aproximação do comum mortal de sua importante pessoa.
É muito mais fácil você falar com um político importante do que com um empresário. O mais estranho é quanto mais importante é o empresário, mais fácil é aproximação, talvez em função da experiência dele.
É claro que a gente também que colaborar se comportando com dignidade, e estabelecendo uma aproximação prudente evitando grandes demonstrações de intimidade que não cabem neste tipo de aproximação.
Deve-se manter uma conversa franca, simples sem grandes tentativas de mostrar erudição ou conhecimento do campo de atividade do interlocutor, nem dar palpites na sua administração.
Neste tipo de encontro, costumo falar sobre assuntos que estão sendo discutidos no momento, tais como os que envolvem a minha ida até, ou seja, geralmente um contrato de interesse do município, Estado ou União, salvo se a pessoa puxar outro tipo de assunto.
Aliás, este tipo de atitude serve para qualquer tipo de encontro, qualquer que seja a pessoa com quem se fala, em se tratando de serviço, deve-se, sobretudo, manter uma conversação a altura da pessoa com quem se fala. Um fato que acontece muito no nosso ramo de atividade é se usar um linguajar que a pessoa com quem se fala não consegue entender nada, pois se utiliza de palavras que não são do cotidiano das pessoas, principalmente as mais simples. Não é hora de mostrar grandes conhecimentos ou erudição, e sim somente conseguir se comunicar com a pessoa que está na sua frente.
Às vezes um colega mais neófito chega para mim e diz: que engraçado quando você fala com um advogado usa um tipo de palavreado e quando fala com uma pessoa comum usa palavras totalmente diferentes, não é uma discriminação? Aí, resolvo com as palavras de Rui Barbosa, na Oração aos Moços: “A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam.”

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