quinta-feira, 2 de abril de 2009

HISTÓRIAS À SINISTRA

Não raro o pai era comunista. Assim, o nome dele é Lenine, Yuri ou Leon. Se for mulher só tem um nome possível: Olga.
Desde cedo, começa a militância no grêmio estudantil. Como está sempre ocupado na entidade tem pouco tempo para as aulas. Em não assistindo as aulas, tem tempo para fazer a política estudantil que consiste basicamente em se relacionar com os outros colegas, o que não lhe muito difícil, pois é uma pessoa simpática. A comunicação com outras células esquerdista também é fácil. A exceção mesmo seria achar uma agremiação estudantil não ligada à esquerda.
Não sem muito custo, consegue finalmente entrar para a faculdade. O curso não interessa, nem ele se preocupa com isto, pois quer mesmo é o palanque. É claro que cedo já está lá no DCE (Diretoria Central dos Estudantes), com direito a participar da famosa UNE (União Nacional dos Estudantes).
Para tanto, é necessário que tenha algum conhecimento da doutrina marxista-leninista. Mas, como não é muito chegado na leitura fica só na leitura das orelhas dos livros.
O livro que mais fala é o CAPITAL de KARL MARX, que nunca leu, nem vai ler. Aliás, ninguém leu! Tente localizar uma tradução da obra. Não é que não haja interesse na edição de versão brasileira, a verdade é que não existem leitores interessados. Toda a vez que eu entro num sebo (livraria de livros usados) tento achar um exemplar de O Capital, mas até hoje não encontrei.
Iniciada a vida profissional, se liberal, começa a ganhar dinheiro e vira capitalista. Se empregado, procura o serviço público, o que lhe possibilita participar de associações e/ou sindicatos esquerdistas. Entrando não sai mais. Trabalha poucos anos, vai para o sindicato e só sai de lá aposentado. É claro que acaba virando político, mas no seu “curriculum” fica lá bancário, metalúrgico, professor (ou trabalhador em educação).
Em nossa biblioteca, se encontram livros de todos os pensamentos, tanto faz ser de esquerda ou de direita, mesmo os que pensam totalmente diferentemente de nós. A esquerda não age assim. Você, na estante da esquerda, só encontra livro de esquerda.
Esses tempos, foi lançado o livro de memórias de Jarbas Passarinho, reconhecido pensador de direita, um homem muito inteligente. Um conhecido intelectual de esquerda indagado sobre o livro de Passarinho, respondeu: - Não li, nem vou ler, ele não tem nada para me dizer. O esquerda só lê aquilo que espera ver escrito. Se fosse uma ópera somente iria as que já viu.
Esta obsessão pelo conhecido me fez lembrar minha filha. Ela quando pequena não gostava que eu lhe contasse novas historinhas: somente aceitava as que já conhecia. Eu contando a história, e, quando resolvia improvisar um trecho, ou aventurar alguma variante da história, era censurado na hora: - Pai, não é assim...
Quando o esquerda está lendo algum livro espera exatamente como minha filha: que o autor não se afaste do velho roteiro conhecido.
Coisas da sinistra.

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