terça-feira, 12 de maio de 2009

O PEQUENO PRÍNCIPE


Antigamente era muito comum concurso de Miss, sendo o mais famoso para nós o que elegeu a bela Yeda Maria Vargas, Miss Universo, em 1963, e que foi casada com José Athanasio, meu amigo, falecido há pouco tempo em Porto Alegre. Nos concursos, quando a miss era entrevistada o repórter, tentando dar um ar de dignidade ao questionário, perguntava à candidata sobre o seu livro preferido. Invariavelmente, elas respondiam O Pequeno Príncipe.
Não sei se elas realmente leram o livro de Antonine Saint-Exupéry, mas a verdade é que todas as pessoas que conhecem a obra dão como referência do livro tão-somente uma frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Ou na tradução que eu mais gosto: “És eternamente responsável por quem cativas.”
No entanto, esta não é a minha frase preferida e sim uma que está perdida no meio do livro, ei-la: “Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.”
Atente para a interdependência entre as duas expressões: na primeira, você atrai; você cativa, logo, você é responsável; na segunda, você escolhe alguma em milhares, logo, a escolhida tem responsabilidade com você também.
Nem sempre é assim. Muitas vezes a gente se decepciona. Eu costumo dizer que é fácil dar presente, pois nos causa uma profunda satisfação, assim como também é mais fácil ainda receber um presente. O difícil é aceitar a forma com que o nosso presente é recebido. Eu tenho um medo danado de dar um presente, e ele ser recebido com frieza. Levo muito tempo para me recuperar deste tipo de episódio. Infelizmente, ele é muito mais freqüente do que se consegue imaginar.
A decepção é prima do desencanto. 99% de minhas horas tristes são devido à decepção. Eu acredito demais nas pessoas, sei que isto é um defeito, mas faz parte de minha índole. Crio uma expectativa que muitas vezes não vinga. É verdade que, na maioria dos casos, a pessoa nem culpa tem, pois a idéia que eu fazia somente tinha chances de prosperar em meus pensamentos e não na realidade. Nem sempre a culpa é da raposa.

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