sábado, 5 de março de 2011

NÃO ESCUTAREI

Modéstias à parte, já dei muita palestras. A maioria grátis, algumas pagas. É claro que nenhuma por 200.000 mangos, até por que não sou ex-presidente da república. Daí, que sei como manter uma platéia interessada, e como manter ocupados os que nela não estão nem aí.
Quando verifico existir alguém que não está interessado na palestra, eu o alugo. Explicando melhor eu o engajo involuntariamente: lhe outorgo tarefas, lhe faço perguntas, peço a sua opinião... Em dez minutos o desinteressado já mudou de turma, pois se acha prestigiado. Em suma, lhe toco na vaidade.
Mas, na verdade, este texto não é para falar das minhas palestras, quero falar é das palestras dos outros.
Existem palestras tão boas que eu pagaria algum dinheiro para vê-las; existem palestras que eu não pagaria nada, mas ficaria por curioso; existem palestras, outras, infelizmente, a maioria, que eu pagaria para não assistir.
Não se deve pagar a palestra pela fama do palestrante; não se deve assistir simplesmente a figura que representa o falante, mas aquilo que ele pode dizer de novo. Nem sempre uma bom político, um bom profissional em seu ramo de atividade é um bom palestrista.
Existe um tipo de pessoa que somente diz aquilo que a platéia - ou claque - quer ouvir. Este tipo é o pior palestristas que existe. Ele é previsível; é enfadonho; é repetitivo.
O bom palestristas lhe vem com novidades, nuanças que você não espera, temas intrigantes, assuntos que você jamais pensou. A palestra boa para você não termina com a alocução do autor, mas se estende nas próximas horas, ou até alguns dias ou anos. Existem palestras que não saem de minha cabeça há anos.
Tem gente querendo pagar 200.000 reais para assistir o Nosso Líder falar. Jamais pagaria um centavo para assistir uma de suas palestras, não pelo fato de tê-lo assistido de graça na tevê durante mais de oito anos, mas pelo simples fato de já saber de antemão o que - não - escutarei.

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